Histórias que Ninguém Conta

ESTRELINHA DE AÇÚCAR

Conhecer pessoas pela internet é complicado. Você tecla com a menina, pergunta qual sua idade? Tecla de onde? Como você é? Logo depois vai para o Messenger e por fim telefone. Voz bonita parece até a locutora do aeroporto internacional. Sempre na descrição é linda, sexy e amorosa. Um docinho, por fim encontro. Foi assim que um amigo meu se deu mal. Lá foi ele se encontrar com estrelinha de açuc@r, com arroba no açúcar e tudo. Descrição da moça, 22 anos, loira, 1,70 m, olhos verdes e 60 kg. Marcaram num shopping. Ele entrou na sua Brasília 79 turbinada. O som era uma maravilha, a Brasília peidava mais do que mulher grávida, mas por fim chegou ao Shopping Center. Mania de pobre na internet é sempre marcar em Shopping Center e na praça de alimentação. E toca a procurar a estrelinha de açúcar. "Ihhh ganhei um perdido", pensou ele. "Também pudera gostosa desse jeito, se chegou antes já rebocaram". Já ia embora, quando ouviu uma voz linda e angelical do lado. "Você que é o denguinho de gata?" Esse era o nickname meigo do rapaz. Antes de se virar ele confirmou, "eu mesmo" e se virou para ver a estrelinha de açúcar. Quase caiu para trás. A estrelinha mais parecia um meteoro. A mulher parecia macumba mal despachada. Era a prima mais feia do capeta. Se colocasse ela no carro era capaz de ser preso por transportar droga. A mulher não tinha 1,70 m, tinha 17 centímetros; não era loira, era sarara; os olhos não eram verdes, eram roxos e ejetados para fora da órbita; 22 anos era de tempo de auxilio funeral e realmente tinha 60 kg, em cada perna. A mulher ajudou a colocar a pedra fundamental do paraíso. Aquilo escapou do inferno e o capeta não notou. Aí ela pra complicar disse:

—Adorei. Você é meu príncipe encantado.

Ele ainda tentou escapar e disse:

—Olha, vim só para te dizer que não vai da pra ficar, aconteceu um imprevisto.

Ela:

—Tudo bem, mais deixa pelo menos eu te apresentar meu irmãozinho.

Nisso chega um cara que devia ter uns 3 metros de altura por 3 de largura e diz para o meu amigo num português clássico e que faria Camões se orgulhar:

—Gostei de tu. To vendo que tu é legal pacas e sei que não vai fazer minha pituquinha sofrer. Ela é sensível e chora com facilidade e tá doida pra ir no cinema. Tu leva parceiro?

E ela já agarrada no pescoço do meu amigo. Usava perfume Gambal e o desodorante era Branca de Neve e os 7 anões. E uns cinco anãozinhos já estavam mortos a mais de 5 dias. Ele ainda tentou escapar uma segunda vez, mas ela ficou tristonha e o maninho vociferou:

—Se ela chorar te meto a porrada.

Meu amigo falou:

—Não gosto dos filmes que estão passando hoje, voltamos outro dia.

Ai o ogro falou:

—Qual é Mané, que filme que nada, vocês vão entrar pra namora. E deu um tapão nas costas do meu amigo.

Ele pensou, lá dentro no escuro eu vazo. Pagou a entrada, mais 4 sacos gigantes de pipoca, 8 copos de 500 ml de coca, meio quilo de bala de hortelã. Foi ai que pensou, "se tiver que levar esse casal de elefantes em casa vai ser fogo. A Brasília num tem suspensão reforçada e vai quebrar no meio do caminho". Por fim, entraram na sala de projeção para ver a noiva de Chucky. Ele pensou Chucky devo ser eu. Sentou o nanico, ele e a pituquinha, que logo tacou um beijo babado com gosto de pipoca e coca cola nele. Ele quase vomitou, era estágio para hospedagem no inferno. Mas fazer o que? No meio do filme, alguém gritou "incêndio, fogo". Correria generaliza. Ele pensou, "graças a DEUS, estou salvo".

Coitado, ledo engano. A estrelinha de açúcar desmaiou e o irmãozinho dela falou:

—Olha só meu camarada, nem pensar em deixar minha irmãzinha ai. Tenho pobrema de hérnia de disco e num posso carregar peso. Portanto é contigo mesmo.

Isso o nanico falou jogando bafo na cara do meu amigo e segurando o braço dele em torniquete. Conclusão teve que levar a esbelta senhorita até o saguão do shopping, no colo. A sorte dele é que logo que chegou ao saguão, encontrou a brigada de incêndio e os paramédicos para socorrer. E ele ficou internado por 3 meses. 3 operações de coluna. Estrelinha de açúcar ia visitá-lo todo dia. Ele nunca mais entrou na net.