Morar no Rio de janeiro é viver uma vida de aventuras.
Estava indo eu tranquilamente de trem para ir trabalhar na Zona Oeste, pasmem trem com ar condicionado, chique.
A viagem estava transcorrendo normal até a estação de Bangu. Aí veio a mensagem pelo alto falante: "Senhores passageiros, por motivo de segurança o trem não seguirá viagem, estamos aguardando liberação". Metade do vagão esvaziou e eu que era marinheiro de primeira viagem fiquei. Já comecei a pensar que tava meio numa fria e olha que a temperatura do vagão não diminuiu. Mais alguns instantes e veio a voz no alto falante: "O trem seguirá viagem até Santa cruz". Pensei: " rebate falso eu estava enganado quanto a minha preocupação. " O trem enfim partiu. Quando chegamos à estação de Senador Camará (nunca mais voto nele) começou minha sina. Um tiroteio dos diabos polícia atirando em bandido, bandido atirando em policia e o trem no meio dos dois. Todo mundo se jogou no chão. Uma senhora de uns 190 kg se jogou no chão também, só que com uma diferença o local que ela escolheu já estava eu. Morrer de tiro era uma situação, mas de desmoronamento de gorda era demais. Com muito custo a magérrima senhora saiu de cima de mim. Eu, nesse instante já estava precisando de ajuda médica, devia ter deslocado umas cinco vértebras com o peso da magrinha. Não bastando isso, ela ficou no chão com o bundão (aquilo sim era um bundão, bunda tipo maracanã) virado pra minha cara e eu sem poder me mexer. Depois de alguns minutos, eu senti que algo não ia bem, pois a obesa da frente estava fazendo movimentos de contração com os imensos glúteos na minha cara. Os tiros comendo lá fora e a obesa senhora depois de algumas contrações soltou um som fino que parecia um assobio de apito de cachorro pelo c... Ai meu Deus... Tiroteio e guerra química não. Não tive pra onde sair. Depois daquele sibilo quente veio o resultado. Ela deve ter comigo repolho com ovo cozido e um urubu morto. Eu não sabia se ficava em pé e enfrentava o risco de bala perdida ou se rezava e entregava minha alma a Deus. Não havia outra hipótese, pois com certeza se continuasse ali iria morrer asfixiado. Não deu tempo de decidir e ela soltou outro míssil. Ai meu Deus, agora eu tinha certeza ela tinha comido papo de urubu com gambá morto. A menina que estava deitada atrás de mim falou:
—Pô moço para de peidar, que já não consigo tampar a respiração.
Nesse instante resolvi tomar uma atitude e falei com a gorda:
—Dona, dá para a senhora segurar a operação de guerra que a senhora ta fazendo no seu intestino?
Ela se virou e calmamente respondeu:
—Desculpa é que to nervosa e tenho o c... frouxo.
Com tanta gente dentro do trem logo uma gorda de c... frouxo ia se deitar com o bundão na minha cara. Isso é que é sorte.
Graças a Deus o trem começou a voltar pela mesma linha e todos puderam se levantar. Precisei ser ajudado, pois a impressão que eu tinha é que estava ou dopado ou envenenado. A diferença era o tempo de vida que eu ainda teria. Por fim, me levantei e dei de cara com a obesa sorrindo para mim. Nunca mais ando de trem.
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Histórias que Ninguém Conta
HumorOs textos contidos na obra são a forma do autor ver com bom humor as mais variadas passagens por ele observadas. O trabalho não tem como objetivo arrancar gargalhadas, mas antes de tudo tirar sorrisos e transformar momentos de leitura em algo leve...