Apesar de na primeira vez ter dado a maior confusão quando saiu com o caninha, minha amiga resolveu dar mais uma chance ao coisa. Afinal de contas, ele não batia assim tão mal de lataria e era muito bonzinho. O que poderia dar errado num final de semana em Friburgo?! De novo o voyage 86, o mesmo que enguiçou da outra vez. Mas agora tudo daria certo. Ele a pegou no horário marcado e seguiram viagem. Já na ida ela perguntou:
— A casa é sua?
Ele respondeu:
—Que casa? Vamos acampar.
Ela pensou:"ar livre, sexo selvagem, ótimo". Agora a pergunta que não queria calar. "Onde esse asno ia acampar? " Ele logo dissipou a dúvida dela. Iriam acampar na fazendinha de um amigo fora da cidade. Já havia acampado lá uma vez e era fantástico. Chegaram a tal fazendinha por volta das quatro horas da tarde. Armaram a barraca e ela pensando:"é hoje". Afinal o cara era bom de armar barraca e o bilau dessa vez não ia ficar preso no fecho. A barraca foi armada num gramado a frente da casa, ao lado do curral das vacas. O cheiro não era dos melhores, mas do jeito que ela tava virou afrodisíaco. À noite o gostosinho falou pra ela.
—Vou te levar para um local que da para ver toda a cidade e a noite vai ser inesquecível.
Ao terminar deu um sorrisinho.
Colocou-a dentro do carro, jantaram e foram para o Prado, local que tinha uma vista maravilhosa. Chegando lá ele parou o carro, reclinou o banco, deu um beijo nela e falou: - Vou fazer algo com você, que só faço com alguém que estou muito apaixonado. Ela falou: - é hoje. Ele ligou o toca fita e colocou durante a noite inteira a coleção completa do Roberto Carlos. Pela manhã, ele perguntou:
—E ai gostou?
A noite inteira sem sequer um beijo. Ela não consegue ouvir Roberto Carlos até hoje.
Mas ela é otimista. Ainda tinha, mais uma noite. O dia passou rápido e por fim, noite de sábado pra domingo. Ela pensou: " hoje eu trepo com esse cara nem que seja na marra." Tomou banho na casa, se perfumou e barraca. Daqui um pouco chegou ele. Isso já devia ser umas onze da noite. Todo mundo dormia cedo na casa, portanto ela podia se fartar. Começou as preliminares, estava ficando bom. Eis que ela escuta um barulho:
— Amor que barulho é esse?
Ele meio displicente.
—Acho que é um touro.
Ela pensou:" um touro? " E lembrou, a barraca é vermelha. Pior, meu baby doll também é vermelho. Não demorou muito e a barraca foi atirada longe. Eles se desvencilharam da barraca e ela deu de cara com um touro negro que soltava chamas pelas narinas. E toca a correr e o touro atrás deles. E corre mais e o touro atrás. Até que conseguiram subir numa árvore e tiveram que ficar nela até o dia clarear. Com certeza ela conseguiu uma trepada que nunca mais vai esquecer. Pela manhã prenderam o Docinho, esse era o nome do touro e eles puderam descer. Ela começou a rezar pro dia terminar e ela voltar pra casa. Despediram-se de todos e toca descer a serra. E ela pensando:"o que será que tem mais para acontecer agora". Tranquilizou-se, não vai acontecer nada. E acertou, nada além do carro perder o freio na descida. E toca rezar e a descida não termina. Por fim, capotaram 3 vezes e quando terminou a capotagem ele estava com a cara no meio das pernas dela. Ela ficou p. da vida e mandou pro cara.
—Sai fora, vê se isso é hora de fazer sexo oral.
Foram socorridos pela patrulha rodoviária e ela levada pra casa de carona na ambulância. Ela jurou que nunca mais sairia com ele... Mas não foi isso que aconteceu. Mas essa história eu conto outro dia.
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Histórias que Ninguém Conta
HumorOs textos contidos na obra são a forma do autor ver com bom humor as mais variadas passagens por ele observadas. O trabalho não tem como objetivo arrancar gargalhadas, mas antes de tudo tirar sorrisos e transformar momentos de leitura em algo leve...