HACUCA

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Meu amigo Agnelo passou por uma que só contando para acreditar.

Já tinha muito tempo que ele não visitava a faculdade na qual se formou e como estava passando em frente resolveu entrar.

Era período letivo, e Agnelo achou estranho que ao passar pela guarita de entrada só tinha um vigilante, mas nesses tempos de redução de custo tudo era possível.

Caminhou até o prédio que estudou e nada de alunos. Pensou: "Que coisa estranha", mas continuou a seguir em frente.

Subiu o primeiro andar e já no segundo andar ficou parado em frente à sala que estudou. Enquanto estava ali, muita coisa passou pela sua cabeça:

"O dia que foi colar uma meleca embaixo da cadeira e encontrou outra".

"O dia que os colegas colocaram chiclete na cadeira dele e ele ficou preso na cadeira até o final da aula pensando que tinha se cagado".

"O dia que deu diarréia na aula de metodologia e ao peidar se cagou todo". Enfim, lembrou todos os bons momentos do curso.

Resolveu então dar um pulo no prédio da biblioteca.

Mais uma vez, no caminho para o prédio, nenhuma viva alma. Parecia até que estava em terra desolada... Tudo empoeirado e sujo, mas assim que ele encontrasse alguém perguntaria o que estava acontecendo.

Para chegar à biblioteca teria que passar por uma porta sanfonada de ferro e próximo à porta encontrou uma pessoa.

¾ Companheiro o que está acontecendo?

¾ A faculdade está em reforma

¾ Entendo. Posso ir à biblioteca?

¾Pode, mas não tem ninguém lá agora, a bibliotecária foi almoçar.

Meu amigo agradeceu e seguiu em direção da biblioteca passando pela porta sanfonada de ferro.

A chegar notou que o rapaz da informação estava correto, a biblioteca estava fechada e sem qualquer pessoa no seu interior.

Nesse momento, deu cólica e ele lembrou que havia um banheiro no andar. Entrou, fez suas necessidades e quando terminou notou: "Onde está o papel higiênico"? Meu Deus!!! Sair cagado não seria legal. E agora? " Procura papel e nada. Só restava uma solução, se limpar com a cueca. Tirou a samba canção e começou os trabalhos, só tinha um problema. Como chegar em casa sem cueca? O que explicar a dona Eterovinia, sua esposa. Começou a procurar onde lavar a cueca. Imaginem, um cara estranho, num prédio vazio com uma cueca cagada na mão, já que o banheiro não tinha água.

Resolveu procurar o rapaz da entrada, na porta sanfonada. Onde foi parar o rapaz? Sumiu. Pior, a porta estava fechada.

Tentou forçar a porta e nada. Cadeado e fechadura.

Como sair dali. E o pior é que era sexta feira e o pessoal da obra só retornava segunda.

Lembrou que descendo a escada interna até o primeiro andar sairia no outro prédio e lá foi ele. Cueca cagada na mão e fé em Deus.

Chegou à porta de grades da saída e? Porta fechada.

Olhou de um lado, olhou do outro e viu a clarabóia acima da porta. Pensou: "procuro um papelão ou qualquer outra coisa e coloco na superfície dela para não sujar a roupa e pulo para fora". Perfeito.

Colocou em prática a "missão impossível". Nosso homem aranha escalou a porta, colocou o corpo para fora da abertura e...

Ficou agarrado pelo ferro do fecho da claraboia que engatou o seu cinto por trás. Parecia uma aranha na teia pendurada no infinito. Era a imagem do apocalipse e com a cueca cagada na mão.

Começou a gritar, até que apareceu uma moça.

¾ O que o senhor está fazendo aí?

Meu amigo teve vontade de responder: "toda sexta feira escolho algum lugar público para ficar pendurado pelas calças com uma cueca cagada na mão". Mas resolveu se limitar a contar o que aconteceu.

Ele explicou resumidamente tudo que tinha acontecido e concluiu dizendo:

¾ Você poderia chamar alguém para me ajudar?

Antes não tivesse pedido.

Ela chamou a polícia, os bombeiros e a reportagem do O povo. Agora Agnelo é conhecido na comunidade como HACUCA. Isto é, Homem Aranha da Cueca Cagada.

Histórias que Ninguém ContaOnde histórias criam vida. Descubra agora