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Por Lea Cardenas

     Quando cheguei ao aeroporto de Dortmund, senti-me extremamente perdida. Não apenas por nunca ali ter estado mas porque não podia pedir ao Marc que me salvasse desta vez visto que ele estava a terminar o treino de hoje.

     Confesso que tinha ficado chateada quando soube do pequeno pormenor que era a Melissa levar-me até casa do meu... meu... amigo?

     Ele não podia pedir para ser dispensado do treino? Não podia pedir a qualquer outra pessoa que não fosse a sua ex-namorada — e ex-noiva?

       Mas tentei, de qualquer das maneiras, compreender a situação. O Marc estava extremamente ansioso pelo momento em que pudesse voltar a treinar sem qualquer limitação e em que pudesse, também, voltar a jogar. Em parte, isso significava ter que mostrar estar preparado nos treinos e... Bom, ele tinha razão.

     Segui a multidão de pessoas até ao momento em que reavemos as nossas bagagens de porão. Por sorte, a minha mala foi a segunda a abandonar aquele tapete rolante que parecia demorar três mil anos a chegar até nós.
      Seguidamente, fixei o meu olhar na família que tinha acabado de receber os respectivos pertences e segui-os até ao local das Chegadas. Lá, deparei-me com a Melissa e tentei evitar a minha surpresa ao constatar que era mais bonita ao vivo. O Marc era muito burro

     Senti-me péssima. Mas não era um estado emocional péssimo comum! Eu sentia que a culpa do olhar triste e distante da Melissa era toda minha. E era. Fui eu que fiz com que tudo isto acontecesse e fui eu que prejudiquei todos os planos deles. Eu sentia-me mal. Sentia-me terrível.

      Confesso que talvez fizesse as coisas de forma diferente. Talvez nunca tivesse comentado aquelas fotos todas. Talvez nem tivesse aceitado o pedido do Marc para me seguir.

      Não sei até que ponto a minha felicidade é superior à dos outros. Eles estavam felizes juntos, eu tenho a certeza disso.

      A verdade é que se eu soubesse que o Marc era infeliz com ela, as coisas seriam diferentes. Mas eu sei que não. Eu sei que eles gostavam imenso um do outro. Eu sei disso.

      Não posso negar que esse sentimento me corroía por dentro à medida que caminhava em direção à Mel que me recebia com um largo sorriso forçado na cara. A cada passo que dava, sentia uma incerteza maior.
     Talvez fosse por isso que o Marc não tinha oficializado as coisas comigo. Muito provavelmente, ele também se sentia inseguro. Talvez nem ele soubesse o que queria. 

  — Sê muito bem-vinda a Dortmund.— Proferiu, continuando com aquele sorriso aberto estampado no rosto. Esticou-se para agarrar na minha mala menor e, começando a caminhar a meu lado, prosseguiu.— Já cá tinhas estado?

     Ok, eu compreendia que ela estava a tentar ser simpática mas tudo aquilo me parecia forçado. Eu queria que ela fosse genuína mesmo que isso significasse dizer-me todas as palavras desagradáveis existentes em espanhol e em alemão. Ou até mesmo em inglês, talvez.

— Por acaso, é mesmo a primeira vez aqui.— Confessei, tentando acompanhar os seus passos.

— Eu acredito que vais gostar bastante de aqui estar. O Marc já conhece bem a zona, acredito que te vai levar a conhecê-la em breve.— Comentou. 

    Assenti silenciosamente. O meu telemóvel vibrou na minha mão e eu levei instintivamente o meu olhar até ao mesmo, deparando-me com uma mensagem do jogador espanhol. 

WHATSAPP  

Corazón 💛: eu fiz uma pequena pausa no treino para confirmar se já tinhas chegado

Corazón 💛: ainda não acredito que estás mesmo aqui 
Corazón 💛: dizem que o que nos pertence volta sempre 
Corazón 💛: e bem... aqui estás tu, não é?

Lea: Sim, amor, já cheguei e está tudo bem
Lea: A Mel vai agora levar-me para tua casa para deixar lá as malas, está bem?

Corazón 💛: uhum

Corazón 💛: depois não te esqueças de lhe pedir a chave 

Lea: tudo bem

Corazón 💛: até já, amor 

Lea:  já 

    Bloqueei o meu telemóvel e continuei o percurso até ao parque de estacionamento onde a Melissa tinha deixado o seu carro. Destrancou-o e abriu o porta-bagagens, colocando lá ambas as malas. 

 — Bom, então eu agora vou levar-te até casa do Marc. — Explicou enquanto se sentava no assento do condutor e eu no lugar do pendura. Colocámos os nossos cintos de segurança e a rapariga rodou a chave, ligando o motor da sua viatura. — Lea, eu sei que não te deveria dizer este tipo de coisas mas... Faz com que o Marc seja feliz, está bem? Independentemente de como as coisas acabaram e do quão magoada eu acabei por sair em toda esta história, eu quero que ele seja feliz com a pessoa que ama. Bem, essa pessoa és tu, por isso, peço-te que cuides bem dele. 

    Assenti silenciosamente.

— Ele gosta muito de ti. — Observou, começando a retirar o carro do pequeno grande parque. — Quer dizer, muito é pouco tendo em conta que acabou a nossa relação logo que tu apareceste. 

   Comecei a brincar com os meus dedos, baixando o olhar para as minhas mãos.

— Lea? 

    Elevei o meu olhar para ela, fitando-a.

— Não precisas de te sentir mal com nada disto. O Marc fez o que estava certo e tu também! Se vocês se amam mutuamente, não fazia sentido prosseguir com o nosso relacionamento. Eu quero algo verdadeiro, genuíno... Não uma relação falsa. Ele ama-te e tu sabes disso.

— É recíproco.

— Eu sei que é. Achas que te deixaria ficar com o Marc se não tivesse a certeza de que eras "o melhor" para ele? Claro que não! — Acrescentou. 

    Esbocei um pequeno sorriso.

    A viagem tornou-se silenciosa depois da sua intervenção. Quando chegámos a casa do Marc, a apresentadora espanhola entregou-me a chave e estacionou junto ao passeio, ficando a aguardar por mim.
   Retirei as malas do porta-bagagens e puxei-as até à entrada de casa dele. Rodei a chave na maçaneta e abri a porta.
    Levei as mãos até ao meu rosto, abrindo os meus lábios num perfeito "O". 

Aquilo estava mesmo a acontecer?


☀☀☀

Bem, quanto à minha ausência... Quero pedir desculpa pela falta de capítulos. Acontece que sou escuteira e desde dia 31 até ontem estive no Acampamento Nacional em Idanha-A-Nova (Castelo Branco) e só cheguei ontem pela meia noite.

(O voo estava previsto para as 23:10 mas com aqueles problemas de mau tempo no aeroporto da Madeira a coisa ficou mais complicada ainda que eu tenha sido muito sortuda por conseguir aterrar aqui à primeira quando houveram aviões que voltaram para Lisboa ou que foram para o Porto Santo)

De qualquer das maneiras, era só mesmo para justificar a minha ausência 😅. Espero que compreendam.

Beijão
Mari

Worthless || Marc Bartra ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora