>>Prólogo<<

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Boa leitura 😘
...

Texas: quatro anos atrás

     - Desculpe senhor, mas infelizmente tivemos que lacrar sua empresa - falava um rapaz numa postura rija e sem demonstrar vestígio algum de compaixão. O dia estava quente até de mais; não chovia há mais de uma semana; o ar estava seco e não havia nenhuma nuvem que ameaçasse cair um temporal.
     A grande empresa de sabonete se estendia sobre uma paisagem cheia de árvores em frente a uma velha estradinha de terra.
     - Por favor, não façam isso. Se lacrarem minha empresa como vou sustentar minha família? - Izaak suplicava para que sua empresa não fosse fechada, pois dali vinha seu sustento. Infelizmente aqueles homens não demonstravam piedade. O suplicante era apenas um pobre homem que caiu na armadilha de trabalhadores imundos que tinham inveja do tamanho de sua empresa.
     - Sr. Izaak, assine aqui por favor. - diz um dos homens com uma risada sarcástica.
     Arrancando seus óculos de grau e jogando-o no chão de terra, Izaak disse:
     - Não irei assinar esse pedaço de papel, é uma completa vergonha para mim e minha família! Já disse que fui vítima de uma fraude vinda de meus próprios funcionários!- Seus olhos estavam tempestuosos, frios e irreconhecíveis.
     - Todos dizem ser vítima. Quer sua empresa na ativa de novo? Pois então contrate um bom advogado, que aí, talvez você consiga. - disse o rapaz aparentemente mais novo, enquanto o outro estava estirando a fita de isolamento.
     - Caso não se importe temos que tirar uma foto para mandar como prova do isolamento. - disse o senhor mais velho.
     Após fecharem a empresa, foram em direção ao carro preto que estava do outro lado da rua de terra. Enquanto um destrancava o carro, o outro conferia as fotos para ver se tinham ficado boas. O primeiro irmão, aparentemente era o mais velho e disse:
     - Pai, vamos! Só o fato de ter fotos do isolamento do local já vale. - O representante do FBI fez sinal positivo com a cabeça em consentimento enquanto atravessava a rua, mas quando ele ía entrando no carro, Izaak sai correndo atrás do mesmo e por pouco é mantido pelos dois rapazes que estavam recostados no carro, lançando-o para trás e fazendo com que caísse de bunda.
     Enfim todos entraram no carro e dá-se partida no motor, foi quando um dos rapazes falou:
     - Tenho dó dele, ninguém merece ter a empresa lacrada. - Dava para sentir que ele ficou aborrecido pela situação do senhor.
     Maycon, o pai dos dois então olha para o retrovisor e vê o mesmo de joelhos na estrada com as mãos entre o rosto.

Um mês depois

     - Pai. - O rapaz o chamava com certa seriedade na voz.
     - Fala P.
     - Acabei de receber outra ligação da delegada do Texas, para ser mais exato, da Srta. Elousa.
     - E o que ela dizia? - perguntou o pai sentado na cadeira do escritório, sem dar tanta importância para o filho enquanto organizava documentos.
     - Pai! - Disse agora em um tom mais impaciente diante do descaso do pai.
     - O que foi Davi, não está vendo que estou ocupado? Não pode me contar mais tarde?
     - Eu até voltaria mais tarde, se não fosse de urgência!
     Então o pai tirou seus óculos de leitura pousou-o sobre a mesa e deu aquela leve bufada enquanto cruzava os dedos.
     - Sou todo ouvidos.
     - Sabe aquele caso que tivemos que intervir mês passado em uma fábrica de...
     - Sei, diga logo.
     - Parece que o proprietário está se apossando novamente e voltando as atividades da empresa, porém as autoridades local não conseguem intervir porque o caso está em nossas mãos.
- Maycon- deu aquele leve murmúrio, ainda assim audível.
     - Esses policiais de cidade pequena. Não servem nem para fazer a desocupação de uma fábrica! - Bufou novamente coçando o topo da cabeça:
     - Ok, avise seu irmão. Pegaremos o primeiro vôo de amanhã.
     O rapaz sai da sala, bate a porta e segue pelo extenso corredor atrás do irmão.

Quatro anos depois

     Era uma noite de sexta-feira, estava a família toda reunida na mesa como de costume. Sua mãe estava em uma das pontas da mesa já se servindo e seu pai na outra ponta com um olhar longe e vago. Bem, já fazem quatro anos que ele está assim; anda bebendo frequentemente e sempre muito quieto, mas a culpa não era toda dele; desde que sua fábrica fora fechada, ele entrou em depressão e sofreu um acidente um mês depois.
     Alice estava de frente para seus dois irmãos gêmeos, Igor e Iago, que novamente brincavam com a comida. Quando a garota foi reclamar deles a porta da principal é arrombada e quatro homens enormes invadem sua casa. Cada um foi atrás de um membro da família e seu pai, a fim de proteger a todos, colocou-se a frente, porém não foi o suficiente, pois ele era magrinho e parecia um grilo perto dos brutamontes.
     O maior acabou pegando ele e arrastou-o para fora. Cassandra, sua mãe, estava apavorada e quando pensou em falar para Alice levar seus irmãos para longe, recebeu um tiro certeiro na cabeça. Alice viu aquela imagem e saiu correndo deixando seus irmãos para trás.
     A rua parecia enorme e sua pele suava, ela chorava involuntariamente igual a um bebê e tremia de medo do que viria a acontecer depois, sozinha e sem chão, sabendo que a qualquer minuto eles poderiam vir atrás dela.
     - Alice! Acorda minha filha, você está suando.
     A garota não tinha voz e só sabia lembrar do ocorrido, que hoje completava uma semana.

Obrigada por estarem lendo minha nova obra e espero imensamente que estejam gostando. Deixem seu comentário e a ⭐️ para ajudar no crescimento do livro❤️

Amora_Paper😘😘

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