Boa leitura😘
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Alice pensava em tudo o que estava acontecendo ao seu redor e a proporção que isso vinha tomando, mudando cada vez mais e mais o rumo de sua vida e levando ela para o desconhecido.
Estava sozinha em casa, se é que ela poderia chamar assim e tinha acabado de ler o contrato, que pelo ao contrário que imaginou, era pequeno. Ligou a TV e colocou diretamente no noticiário que falava de uma frente fria muito forte que iria passar em Vancouver, exatamente onde ela se localizava.
Foi ao seu quarto e pegou o celular que Eduardo ensinou a mexer. Ela não tinha as mesmas habilidades nos dedos como ele e chegou a ser engraçado sua dificuldade em fazer o uso do aparelho. Começou a fuçar para ver o que descobria. Depois de algum tempo já cansada pousou o celular na cama, foi até sua bolsa e tirou uns quadros que mostravam fotos de sua família no passado. Em uma das fotos estavam seus dois irmãos no colo de sua mãe que estava sentada na grama e seu pai dando um beijo no topo de sua cabeça. Seus olhos brilhavam ao olhar as fotos com insistentes lágrimas que queriam cair. Se levantou da cama, pegou delicadamente um dos quadros e posicionou-o na bancada embaixo da TV.
Novamente aquela sensação de ansiedade tomou conta dela. Tremendo de desespero como se estivesse à beira de um precipício, desejou por um segundo não estar viva, sentou-se no canto do quarto e ficou se balançando para frente e para trás. Somente levantou a cabeça quando ouviu o som da porta do apartamento batendo.
- Alice, voltei! - Disse Eduardo entrando no apartamento e batendo a porta com o pé enquanto segurando um embrulho de papel nas mãos. Saiu andando pela casa, e nada da menina responder aos seus chamados. Colocou o embrulho na cozinha e foi até o quarto dela.
- Achei que você não conseguiria chegar antes da frente fria, vai nevar sabia? - Ela encarou ele ainda sentada no canto do quarto.
- É. Eu vi em uma vitrine numa loja de televisores. - Ele coçou o topo da cabeça.
- Bom, tanto faz, me deixe sozinha!
- Vamos, se levante. Vamos comer!
Ela tentou negar, mas ele insitiu tanto que ela se deu por vencida e seguiu logo atrás dele.
Ele abriu o pacote e tirou duas porções de batata frita grande, quatro lanches, papéis e katchup.
- Olha, peguei dois X-Tudo pra você e dois pra mim, tem refrigerante na geladeira, pode pegar enquanto lavo dois copos.
Toda aquela situação tinha deixado ela com fome, então nem hesitou em comer:
- Tá muito bom. - Disse ela com a boca cheia, pois o sabor do lanche era tão bom quanto seu cheiro.
- Imaginei que ia gostar, é o meu preferido.
Ela se levantou da cadeira, foi ao quarto e pegou o contrato, voltou à sala e estendeu os papéis na direção de Eduardo.
- Ficou com alguma dúvida?
Ela voltou a comer, acenou com a cabeça negativamente e falou:
- Vou terminar de comer no quarto, não estou muito bem.
Eduardo engoliu rapidamente e voltou a falar:
- Espera! - Ele também se levantou do carpete, foi até uma gaveta da sala e pegou outro documento. - Olha, essa é a cópia, você tem que guardar bem, pois pode precisar futuramente. Já está com a assinatura de todos igual a outra só falta mesmo a sua.
Ela não respondeu, deixou o outro lanche no chão e voltou ao seu quarto.
Chegando lá, deitou na cama; novamente desmoronou em lágrimas e caiu no sono. Acordou ainda de madrugada, estava anestesiada de tanta angústia. Foi ao banheiro, tomou uma ducha, foi ao seu guarda-roupa, pegou uma calça de couro preta cintura alta, uma regata branca, uma jaqueta de couro preta e um tênis. Fez um coque, pegou dinheiro e saiu do apartamento sem fazer barulho.
Na rua seu tênis fazia um grande barulho. A frente fria tinha deixado o asfalto bem molhado e escorregadio. Eram duas horas da manhã, um vento gelado batia e tinha gotas de orvalho nas guias, consequência da neve que havia caído. Andou umas duas ruas até achar um ponto de taxi.
- Boa noite jovem.
- Oi.
- O que uma moça tão linda está fazendo de madrugada nas ruas de Vancouver sozinha? Aqui é muito perigoso.
- Quero apenas que me leve na boate mais próxima.
Ele a olhou de baixo a cima e falou:
- Tudo bem.
Entraram no carro e seguiram uma viagem de dez minutos até chegarem na porta da boate. Era uma fachada muito bonita, o som era ensurdecedor mas isso não a abalou, foi a bilheteria e a moça pediu o RG, a taxa da entrada e Alice entrou.
Ficou de canto bebendo e bebendo mais ainda, coisa que jamais imaginaria fazer. Logo menos esqueceu de tudo o que havia acontecido de ruim: de seus pais, seus irmãos, sua tia e a merda de vida que ela tinha. Apesar desse peso, mexia o corpo de acordo com a música.
As horas foram passando e infelizmente tinha que voltar. Ela bebeu mais do que havia planejado e nem se lembrava ao certo como chegara em casa, mas assim se fez. Entrou cambaleando, tropeçou em algo jogado no corredor, mas se segurou nas paredes para não cair. Sua cabeça girava e suas pálpebras estavam muito pesadas. Entrou no quarto onde viu várias pessoas, algumas delas desconhecidas.
- Onde você estava Alice? - Eduardo perguntou furioso.
-Ah, estava por aí dando uma volta por Vancouver. Sabe como é né?! Uma cidade grande. - Ela jogou os tênis de lado, se deitou na cama e com a voz sonolenta disse:
- Agora saiam do meu quarto, estou morta - bocejou - se é que posso chamar de meu. - Ela gargalhou novamente e desmaiou.
- Quanta audácia dessa menina sair de madrugada às escondidas e voltar totalmente alcoolizada. Enquanto a você Eduardo... - Disse Davi se virando e olhando diretamente nos olhos do rapaz sem demonstrar emoção alguma. - Espero que isso não se repita! Sou seu tio, mas tiro essa missão de você em um estalar de dedos. - Davi dá as costas e seus cobaias segue-o, deixando Eduardo sozinho com a menina desmaiada na cama.
Ao entrar no elevador seu celular toca...
- Alô! - Disse Davi
- Olá velho amigo.
- Não tenho amigos, quem é, diga logo.............
Eduardo se virou bufando e foi até a cama da menina.
- Alice, levanta. - Disse Eduardo.Sem ouvir resposta alguma, pegou a menina no colo, levou ela pro banheiro, então nesse momento ela reagiu.
- O que acha que está fazendo?
- Você está bêbada, vou cuidar de você e aí vamos reestabelecer as regras.
- Sei tomar banho sozinha. - Ela olhou para ele.
- Ok então. - Ele soltou ela cuidadosamente e ela caiu no chão.
- Ainda acha que pode tomar banho sozinha? - questionou sério.
- Sim! Sai logo daqui.
- Não queria falar nada, mas você está se mostrando uma verdadeira egoísta. Por sua culpa eu ia perdendo esse caso!
- Você está fazendo isso porque é obrigado. Anda, admita! - Ela falou se apoiando no box.
- Tem muitas coisas que você não entende... - Ele deu as costas e deixou ela sozinha no banheiro.E assim acaba mais um capítulo quentinho. Coloca o dedo na ⭐️ pra ver se ela brilha. Me sigam e comentem.
Bjos Amora_paper😘
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Mil e um motivos
Teen FictionA vida de todos nós é uma montanha russa; tudo se estabiliza pra depois desmoronar de novo, é como se isso fosse uma lei. Queria voltar a ser criança onde as descidas da montanha russa eram pequenas, feitas apenas por brinquedos quebrados, machucado...