Mil e um motivos

Capítulo 19

Boa leitura😘

...

     É melhor pararmos Miriam. - Disse Eduardo recuperando o fôlego. Olhou para trás e viu que estavam há alguns metros da casa toda iluminada.
     - Parar por que Eduardo? Não estamos fazendo nada de errado, eu não sou comprometida e você também não é mais...a não ser que... - Ela se sentia totalmente constrangida, seus olhos brilhavam, mas não era de alegria e sim das lágrimas que insistiam em cair. Miriam sempre foi apaixonada por aquele homem sensível e de grande compaixão, mas naquele momento percebeu o quão insistente havia sido e que o coração dele nunca foi e nunca seria dela.
     - Por favor Miriam, você não é mais uma criança, não crie hipóteses falsas. Em nenhum momento quis parecer galanteador e te encher de falsas esperanças. - Eduardo a fitou da cabeça aos pés e ela permaneceu com a cabeça baixa. Num sussuro falou:
     - Tudo bem Eduardo, eu já entendi.
     Eduardo deu as costas deixando sua colega de trabalho para trás, tentando recordar o momento em que deu uma brecha para nascer um sentimento tão forte dentro dela. Ele sempre foi uma pessoa conservadora e sua conduta não permitia se relacionar com algum colega de distrito. Tentou ser o máximo amigável possível ao falar seus reais sentimentos para Miriam.
     Ele entrou na casa cumprimentando todos os seguranças que faziam a guarda da pequena chácara e se direcionou ao quarto onde Alice dormia tranquilamente em seu sono profundo. Ela estava cheia de equipamentos, mas mesmo assim ele conseguia enxergar a beleza dela que se sobressaía. Seus olhos azuis como o mar nesse momento fechados e sem vida e seus cabelos que batiam no ombro deram lugar a um novo corte, tão curto que poderia ser confundido com um menino. Uma grande faixa cobria toda a incisão que foi feita em sua cabeça. Eduardo parou em seu lado, ficou observando a situação da moça totalmente palida e falou:
     - Não vou deixar você acabar como sua família. - Ele se distanciou de Alice e se sentou na poltrona cor de carne. - Ficou observando o fim do soro pingar pelo equipo e seguir até a veia de Alice. Acabou dormindo à meia luz do abajur amarelo.

...

     - Me senti traído e isso não sairá impune. Você vai sofrer as consequências uma hora ou outra, e aí vai dar fé em quem está mandando e desmandando. - A linha ficou muda e a ligação caiu. Foi o P atacando novamente e ameaçando um de seus cúmplices. Uma pergunta que ficou na cabeça do receptor da ligação: "Seria ele capaz de cumprir suas ameaças ou se tratava apenas de um blefe?"

...

     Pela manhã Eduardo saiu do quarto dando espaço para Miriam iniciar seu turno. Após ter completado suas higienes diárias, se dirigiu à parte externa da casa e respirou fundo aquele ar sem poluição enquanto se esticava. Foi andando até seu carro, ao entrar trancou as portas e abaixou minimamente os vidros para entrar ar. Os bancos do carro era um cinza escuro. Se debruçou sob o banco do carona, pegou seu notebook e a fita do dia em que deixaram um bilhete em seu parabrisa. Ao começar a tocar o CD não viu nada suspeito, apenas policiais engravatados pela garagem. Abriu o bloco de notas do computador e começou a separar uns tópicos; o primeiro foi: Para Alguém ter entrado sem ser barrado, facilitaram a entrada. Continuou a olhar a câmera e logo em seguida veio o próximo tópico: Como essa pessoa sabia do hospital que Alice estava? Deu uma pausa no vídeo e se reencostou no apoio de cabeça do carro. Fechou os olhos e começou a batucar no volante.
     - Se eu encontrar esse facilitador eu chego no P. - Ele enfim tinha dado o primeiro passo concreto nas investigações. - Seja quem for o facilitador está bloqueando muitos acessos.
     Voltou a olhar a fita no exato momento em que a pessoa encapuzada deixou o bilhete no carro, e pôde ver um desenho, algo parecido com uma estrela e uns letreiros embaixo. Sua mente nesse momento viajou em alguns  flashes de memórias. Suas lembranças tinham entregado um provável suspeito. Ele se lembrou de ter visto esse alguém com o mesmo moletom, mas ainda assim não queria acreditar que alguém tão próximo seria capaz...
     Retomou a sua consciência e entrou em sua rede social para averiguar melhor o perfil do meliante. Tudo levava a crer que ele fazia parte do plano. Eduardo precisava ser frio e calculista, pois acusar alguém sem mais provas poderia ser algo desastroso.
     O resto do dia foi calmo na medida do possível. A mente de Eduardo estava trabalhando a duzentos por hora; ele precisava de Alice. A conversa que ele precisava ter com ela era crucial para essa parte da investigação, mas ela continuava lá, deitada e sem vida no seu sono profundo.
     Miriam ficou de guarda no quarto de Alice durante toda a tarde, só saia de perto dela para ir ao banheiro ou comer. O quarto da moça vira e mexe tinha movimentação de médicos e enfermeiras que a alimentam, davam os remédios, fazia exames e a exercitava quase desfalecida.

E assim acaba mais um capítulo quentinho. Coloca o dedo na ⭐️ pra ver se ela brilha. Me sigam e comentem.
Bjos da Amora_paper😘