Capítulo 3

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Boa leitura😘

...

     - Bom dia Harley. - Disse Eduardo pousando a xícara na mesa. - Ele apenas apontou para a cadeira da frente para que a menina se sentasse.
     - Alice, me chame de Alice. - disse sentando-se e pegando um pão que estava sobre a mesa.
     - Bom, hoje eu devia ir trabalhar, mas vou ficar o dia com você para nos conhecermos melhor, falar sobre sua nova rotina e o que pode e o que não fazer. - Falou num sorriso amigável.
     - Não quero conhecer nada.
     Ela então ficou em silêncio, apenas pegou uma xícara e colocou café preto que estava bem quente. Aquele aroma inconfundível de café subia pelo seu nariz fazendo a mesma fechar os olhos e se deixar levar pelo mar de prazer que o mesmo a levava.
Ultimamente a única coisa que a acalmava era uma boa xícara de café.
     - Alice.
     Ela não respondeu, apenas continuou apreciando o café que estava bem forte.
     - Alice estou falando com você!
     Ela bufou e voltou a tomar sua xícara de café se desligando do mundo.
     - Olha, entendo que você também não tenha seus pais, mas me ignorar e se isolar não vai adiantar. É difícil pra você do mesmo jeito que é pra mim, eu te conheço mais do que você imagina, no entanto você poderia no mínimo se esforçar, assim eu poderei saber quem realmente é a Alice Vantura e não uma coisa superficial, uma coisa que li sobre você. Isso não vai ajudar nada nada em nossa convivência.
     Ele fez uma pausa, tomou um gole generoso de seu café, depois colocou a xícara sobre a mesa e voltou a falar:
     - Não é fácil pra mim ter uma companhia à domicílio, uma pessoa que nunca vi na vida. Mas também sei que é difícil pra você e apesar de nunca ter me visto na vida, está aqui tomando um café como se nada tivesse acontecido.
     Ela colocou a xícara na mesa e falou:
     - Você está certo Eduardo. - Ela deu um último gole no café e continuou - O café estava ótimo, mas preciso voltar para meu quarto.
     Alice se levantou e foi em direção ao quarto. Eduardo não hesitou e falou:
     - Não queria te assustar ontem sendo sério de mais, só que meu passado não é digno de orgulho e o simples fato de Davi ter tocado nesse assunto feriu meu ego. Não vou te obrigar a gostar de mim, sei que não teremos uma relação harmônica em um estalar de dedos, mas sou obrigado a te mostrar sua nova casa, explicar sobre o programa e saber sobre o que aconteceu com você sob a sua perspectiva - fez uma pausa - com seus sentimentos.
     Ela ficou quieta refletindo, ele levantou-se da mesa e falou:
     - Vamos, vou apresentar a casa.
     Após alguns minutos de tensão, chegaram ao quarto dela, o último local apresentado, que apesar dela ter passado a última noite lá, não reparara em algumas coisas.
     - Aqui estão seus acessórios pessoais. Creio eu que você já tenha dado uma olhada.
     - Não olhei. Ontem cheguei cansada e sem paciência, pois não sei se você lembra, mas minha tia morreu faz menos de vinte e quatro horas. - Disse ela cabisbaixa.
     Não estava recuperada, pelo contrário: faltava muito ainda. A ferida que ia começar a se fechar, abriu-se por completo novamente. Seu olhar meigo azul céu se foi, dando lugar a uma tempestade e trazendo consigo rancor, saudade e sede por justiça. Ela sempre foi igual seu pai, calculista, mas não deixava transparecer, sendo também reservada como sua mãe.
     Eduardo abriu o grande armário.
     - Bom, não é nada chique como vestidos luxuosos, roupas de marcas.
Pegamos apenas o básico.
     No armário tinha variadas camisetas, desde tons neutros aos mais quentes, como branco, nude, preto, amarelo, azul e sua cor preferida vinho. Não pôde deixar de reparar nas blusas de frio; a grande maioria eram jaquetas de couro, também havia várias calças diferentes, desde moletons até aquelas mais acentuadas no corpo. Havia alguns acessórios e os sapatos, que eram muitos, mas nada estravagante: botinhas, tênis, alguns saltos baixos.
     Ao explicar tudo referente às roupas, maquiagens e acessórios pessoais, ele fecha a porta do armário e então ela percebe que o armário é todo feito de uma madeira escura, rústica e bem resistente.
     Ele pede que ela o siga até a sala, lá ele sentou-se no chão em frente à mesa de centro na sala e fez sinal para que Alice também se sentasse. Em cima da mesa havia diversos documentos que precisavam ser assinados.
     - Alice, esse daqui é o seu documento com suas novas informações, CPF e RG.
     Ele entregou os documentos a ela e logo depois colocou em um envelope marrom.
     - Nesse documento está escrito Harley! - protestou.
     - Olha, não sei o que você fez para eles quebrarem esse protocólo, mas para sua segurança é necessário você mudar pelo menos o sobre nome, assim você não pode ser localizada.
     - Tudo bem, por mais que eu não seja nada a favor sobre mudar o nome, eu troco!
     - Sabemos que você fez faculdade de nutrição, então pegamos seu histórico na sua antiga faculdade. Fizemos as devidas modificações, logicamente em sigilo total por nome do FBI e daqui um mês vamos te matricular em alguma outra faculdade, porque temos que ver que você se adaptou a esse país.
     - Vocês estão desatualizados! Eu comecei a fazer medicina, mas parei no primeiro semestre, então não vai ser difícil destrancar minha matrícula!
       - Você tem razão! Peguei o papel antigo, vou até rasgar. O documento da matrícula certo é esse, segura aqui pra mim. -  Ele arqueou a sombrancelha, rasgou o documento antigo e voltou a falar. - Aqui está o seu contrato, você vai ler com calma enquanto eu vou ali na cantina comprar algo pra gente comer. - Ele levantou do carpete e saiu pela porta do apartamento.
     Alice pegou o contrato e pô-se a ler.

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