Capítulo 2

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Boa leitura😘

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     Sua bolsa da faculdade ficou em cima de sua tia que estava toda ensanguentada; seu rosto continha uma expressão de pavor; seus olhos ainda abertos e sem vida; suas mãos turvas e em sua garganta um único corte certeiro.
     Alice rodeou o sofá onde o corpo estava, no entanto não tinha reação. Ela não conseguia sentir nada, nem medo, nem desespero ou ao menos tristeza, provavelmente pelo fato de ainda não ter caído a fixa ou apenas por ela ter tido tantas perdas em tão pouco tempo.
     Sentou no sofá à frente, tirou sua blusa de frio e ficou olhando toda a extensão da sala: nenhum vestígio de sangue no resto do cômodo. Com certeza o assassino não teve dificuldades em matá-la.
     Pegou o telefone e digitou o número da polícia. Ao desligar o telefone, voltou a olhar para o corpo em choque e apenas uma única lágrima solitária caiu.
     Olhou diretamente para a porta quando viu as luzes do carro de polícia.
     - Delegado Wilbert de polícia! Aonde a vítima está? - Falou o policial abrindo a porta e mostrando seu crachá de identificação.
     Ela apenas apontou para o sofá e saiu de dentro da casa acompanhada por um outro policial; foi andando no automático. Sua vida desmoronou outra vez, sem saber para onde iria caiu de joelhos sobre o asfalto frio.
     - Sou o policial Freitas - disse ele se apresentando e agachando na frente da menina. - Sei que agora não é o melhor momento para isso, mas gostaria de fazer umas perguntas para o esclarecimento do caso.
     Ela o encarou séria e quando ía abrir a boca para falar:
     - Freitas, entre! Eu me resolvo com ela. - Era o delegado Wilbert dispensando o policial que apenas fez um aceno de cabeça.
      - Alice, desde quando seu caso chegou em nossas mãos estamos procurando o jeito mais viável de resolvê-lo, mas quanto mais pensamos que estamos perto da solução, tudo volta à estaca zero!
     - Sim, eu entendo delegado. - Ela estava com apenas uma camiseta regata e um jeans surrado; o frio estava demais, porém a mesma não sentia nada.
     - Primeiro encontramos uma ameaça direta para você, logo após vem a morte de sua tia e não podemos deixar de lado que nas mãos da vítima encontramos um bilhete, porém para manter sua integridade e para manter num grande absoluto sigilo, eu e os supervisores achamos melhor não falar sobre o que diz essa ameaça.
     - Delegado, ela embarca hoje mesmo de madrugada para o Canadá. Conversei com o Davi e eles ja estão à espera dela. Vai ter que ir num jatinho do FBI.
     - Obrigado Sr. Furta.
     E lá estava ela carregando uma pequena mala com as coisas mais importantes embarcando num jatinho rumo ao Canadá.
     No seu desembarque haviam três homens: dois de terno preto e um de terno cinza.
     - Boa tarde Alice. Foi bem de viagem?
     Ela apenas respondeu afirmando com a cabeça.
     Ele mostrou a entrada do carro ainda na área de pouso e de embarque. O carro era um Passate Alemão prata e os bancos de couro claro.
     - Bom mocinha, seu novo nome será Harley, terá 21 anos, solteira, vem da Califórnia e cursa a faculdade de nutrição!
     - Meu nome é Alice, não irei mudar isso! Esse foi o nome que minha mãe me deu e eu não pretendo mudar.
     - Mas é para sua segurança.
     - Independente, não irei mudar meu nome. Essa é a minha escolha e outra coisa: não curso mais nutrição e sim medicina!
     - Ok Alice, esse é seu novo celular e o novo chip. - Disse ele dando ênfase no nome, e entregando um embrulho a menina.
     Ela ficou quieta o resto do percurso, apenas olhando as paisagens; acabou dormindo.
     - Alice, chegamos. - Disse Davi, mal olhando para o rosto da moça.
     Desceram do carro e um homem, também de social, os receberam. Ele era sério ao ponto de dar um arrepio na espinha.
     - Cuide bem dela Eduardo. Não seja igual seu querido pai, tenha responsabilidade por...você sabe. - Disse Davi com um sorriso diabólico.
     Eduardo visivelmente ficou tenso, colou mais seus braços ao corpo, rangeu os dentes e a olhou com superioridade.
     - Vamos garota, entra logo.
     Subiram de elevador até o quarto andar. Ele ainda estava sério e ao destrancar a porta disse:
     - Harley, aqui vai ser seu novo lar. Vamos ter que colocar algumas regras, pois você quer ter sua privacidade e eu digo o mesmo sobre mim. Seu quarto é o segundo à direita.
     A menina não disse nada. Parecia que uma cola muito forte a impedia de falar, não que a mesma quissesse falar algo.
     Ela seguiu pelo corredor totalmente ereta; ficou cega e surda a partir desse momento. Entrou no quarto, trancou a porta e o fitou completamente, não nos mínimos detalhes, pois não estava em condições.
     Sua cama estava arrumada e o quarto impecável assim como o resto do apartamento.
     Jogou sua mochila de lado e colocou a sacola do celular em um home theater. Voltou-se para cama que era fofa como uma pluma e deitou-se. Automaticamente sentiu um cheiro inconfundível de amaciante, virou-se para o lado e ao invés de tentar dormir, chorava pela morte de todos. Esse luto a consumia. Seus olhos azuis tempestuosos estavam com a esclerótica totalmente vermelha, fazendo, consequentemente, ela sentir fortes dores de cabeça e no olho.
     Acabou adormecendo em meio aos devaneios.
     "Alice, Alice! Você está na minha mira docinho, não adianta fugir."
     Ela corria como se não ouvesse amanhã por uma longa estrada onde os lados eram matagais escuros e a única luz estava lá no final, mas quanto mais ela se aproximava, via o rosto de cada um de seus entes: primeiro sua mãe, depois seus irmãos e logo depois sua tia, mas por algum motivo não via seu pai.
     "Alice, não adianta correr. Essa estrada não tem fim."
     Ela continuava correndo e cada vez mais perto da luz, via de novo a imagem de seus entes, mas dessa vez todos ensanguentados e clamando por socorro. Ela estava com um coturno preto que fazia um grande barulho em contato com a estrada, uma jaqueta de couro e uma calça desbotada. Seus cabelos castanhos na cintura e seus olhos azuis totalmente assustados se destacavam.
     "Facilite meu trabalho Alice, não fuja pois eu posso te pegar..."
     Quando ele ia terminar, a menina escorrega em uma poça de sangue e seu corpo é amortecido por um corpo rijo e forte.
     "A qualquer momento..."
     Ele estava segurando ela com força e a chacoalhando, deixando-a muito tonta. O rosto daquele homem não era visível, pois estava enrolado a um pano branco. 
     - Harley, Harley! Acorda!
     Ela pulou assustada da cama.
     - Aonde estou? Quem é você? Não me chamo Harley e sim Alice!
     - Calma, está tudo bem. Eu sou o oficial Eduardo. Você agora se chama Harley e está no programa de proteção à testemunha.
     - Não me chama de HARLEY, me chamo Alice! Todos sabem e é assim que quero que me chame...

E assim termina mais um capítulo.
Coloca o dedo na ⭐️ pra ver se ela brilha. Me sigam e comentem.
Bjos Amora_paper😘

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