capítulo 14: sempre a algo que possamos fazer

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--- Aléxia ?--- chamou Aldertree quando a garota cruzou a porta de sua sala.

--- Chamou senhor --- responde educadamente e com a postura firme que a foi ensinada.

O Inquisidor levantou do seu confortável acento e caminho até a garota , a rodeou observando cada traço e cada reação que a mesma exibia. Se deu por satisfeito ao constatar que a Graymark havia atingido o esperado. Se pudesse treinar todos os Nephilim tão rigorosamente quando a garota a sua frente os resultados sem dúvida seriam excepcionais. pensou.

--- Sim --- respondeu finalmente --- Acho que está na hora de trabalhar para a clave de verdade --- olhou para ela, mais não havia nenhuma reação de sua parte . Perfeita --- oque tem a dizer?

--- seria uma honra senhor.

A mãe de Clary sempre chamou a hora do dia entre o crepúsculo e a noite de “a hora azul”. Dizia que naquela hora a luz era mais forte e incomum, e que era a melhor hora para pintar. Clary nunca tinha entendido de verdade o que ela queria dizer, mas agora, atravessando Alicante no crepúsculo, compreendia.
A hora azul em Nova York não era realmente azul; era desbotada demais por luzes de rua e placas em neon. Jocelyn deveria estar pensando em Idris. Aqui, a luz caía em retalhos de violeta pura sobre o trabalho dourado de pedra da cidade, e as lâmpadas de luz enfeitiçada formavam piscinas circulares de luz branca tão brilhante que Clary esperava sentir calor quando passava por elas. Desejou que a mãe estivesse com ela. Jocelyn poderia ter lhe mostrado partes de Alicante que eram familiares a ela, que tinham lugar em suas lembranças.
Mas jamais contaria nenhuma dessas coisas. As mantivera em segredo de propósito. E agora pode ser que você nunca saiba. Uma dor afiada — parte raiva, parte arrependimento — atingiu o coração de Clary.

— Você está incrivelmente quieta — disse Sebastian. Estavam passando em uma ponte sobre o canal cujas laterais de pedra eram marcadas com símbolos.

— Só imaginando o tamanho da encrenca quando eu chegar. Fugi pela janela, mas Amatis provavelmente já notou a minha ausência.

Sebastian franziu o rosto.

— Por que saiu escondida? Ela não deixaria que fosse visitar seu irmão?

— Eu não deveria estar em Alicante — disse Clary. — Deveria estar em casa, assistindo a tudo de longe, em segurança.

— Ah. Isso explica muita coisa.

— Explica? — Clary o olhou de soslaio, curiosa. Dava para ver as sombras azuis ondulando sobre o cabelo escuro dele.

— Todo mundo pareceu empalidecer quando seu nome foi mencionado mais cedo. Supus que havia algum sangue ruim entre você e o seu irmão.

— Sangue ruim? Bem, é uma maneira de dizer.

— Não gosta muito dele?

— Gostar de Jace? — Nas últimas semanas tinha passado tanto tempo pensando se amava Jace Wayland, e como em nenhum momento parou para considerar se gostava dele ou não.

— Desculpe. Ele é sua família, não é questão de gostar dele ou não.

— Eu gosto dele — respondeu, surpreendendo a si mesma. — Gosto, é que... ele me deixa furiosa. Diz o que posso e o que não posso fazer...

— Não parece funcionar muito bem — observou Sebastian.

— Como assim?

— Você parece fazer o que quer, de qualquer jeito.

— Suponho que sim. — A observação a espantou, vinda de um quase estranho. — Mas isso parece tê-lo irritado mais do que eu imaginava.

— Ele vai superar. — O tom de Sebastian parecia dar o assunto como encerrado. Clary olhou curiosa para ele. — Você gosta dele?

Filha de ValentineOnde histórias criam vida. Descubra agora