Capítulo IV - Vou pro baile procurar...

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Após pegar as chaves de um pequeno apartamento que eu aluguei pelo AirBnB me dirijo para o bar que eu tinha visto mais cedo. Achei melhor não deixar nada lá ainda, só por garantia. Reservei durante quatro dias o lugar e a dona acha que eu sou uma turista brasileira que acabou de chegar em SF e logo vou estar saindo daqui de carro por uma road trip rumo ao sul da California. Um monte de brasileiros faz isso. Pega um carro em San Francisco e vai rodando pelas estradas que margeiam o mar até chegarem em Los Angeles, ou San Diego. Eu realmente queria fazer isso uma hora.

Estaciono a um quarteirão do bar. Passei uma maquiagem um pouco mais pesada e fiz contornos diferentes do meu rosto natural para não ser reconhecida. Coloquei um vestido curto preto de corte básico e sapato de salto alto nude. Agora eu pareceria com qualquer garota turista procurando uma noitada num bairro latino. Ou uma prostituta brasileira, vai saber... Depende de quem vê.

Ao entrar no bar percebo que posso parecer mais com a segunda opção mesmo. Tem muitas mulheres que estão circulando entre as mesas cheias de caras que falam alto, bebem, e tentam passar as mãos nelas entre uma baforada e outra de seus charutos cubanos. Percebo que o lugar é levemente decadente, talvez porque falte uma demão de tinta nas paredes, e talvez reestofar e lustrar melhor os móveis; os frequentadores porém parecem ter dinheiro. Esses homens cheiram a "dolar bills".

Vejo que algumas meninas se sentam às mesas e conversam com eles enquanto dão um trago no charuto que um dos caras lhes empresta.
—Tenho que me misturar — digo para mim mesma, enquanto começo a circular pelo bar imitando as outras garotas. Desse modo posso ouvir as conversas das mesas e quando me convier, me juntarei a uma delas.

— Primeiro dia flor?
Me  assusto e olho na direção de uma moça linda, uma loira de olhos castanhos esverdeados que parecem tristes. Ela não me parece ameaçadora, e pelo visto também é brasileira.

—Está tão na cara assim?

—Até que não tanto, é mais porque você parece estar um pouquinho deslocada. Além disso, nunca te vi aqui antes. Você chegou agora?

—Er... é.

—Eu sou a Nina — ela me oferece um pequeno sorriso.

—Liz — retribuo o sorriso. Esse é o nome que decidi informar para quem pergunta. Não mais Elisa, só Liz, a forma melhorada de quem eu já fui um dia.

—Estou indo para o vestiário, quer vir junto? Só não podemos demorar muito senão o "Señor" Diego pode nos arranjar problemas,  ele é o capo daqui. —  e assinto e vou junto com ela, absorvendo as informações.

— Mas não se engane —  continua Nina — ele é um dos principais capos, principalmente depois que um capo teve que sair por um tempo.   

— Capo? Você quer dizer, tipo um capo de verdade? Tipo uma máfia?

— Uhr dur, claro que é um máfia, você não sabia?

— É... Não, digamos que eu simplesmente aterrissei aqui. você pode me explicar melhor essas coisas?

— Talvez, quando estivermos livres mais tarde. — ela reaplica pó sobre a pele bonita e bem maquiada. Ela é jovem, deve ter mais ou menos a minha idade, uns 21 ou 22 anos. Me pergunto como ela veio parar aqui. Todas as mulheres que estão por aqui parecem ser colombianas, venezuelanas, brasileiras, mexicanas... Latinas em geral. Elas não me notam, apenas assentem quando passam por mim. A maioria já dá sinais de ter bebido esta noite.

Nina me explica que eu tenho que fazer companhia para esse caras, mas não sou obrigada a fazer nada muito íntimo a menos que eu queira. E se eu quiser, o dinheiro é meu. Mas caso eu os irrite ou desrespeite serei tirada daqui, que supostamente é um "bom lugar", para ser colocada no "El Burdel". Sei que nada poderá acontecer comigo pois realmente não sou daqui, mas preciso ser convincente, então só sigo o fluxo. Além disso, hoje é o dia em que estou fazendo a primeira checagem, pelo visto vou ter que voltar mais algumas vezes até encontrar informações sobre La Família. E como me prometi antes, vou tirar proveito de tudo o que eu me meter. A situação está meio estranha, mas nada me impede de me divertir. 

  — Nossa, tem uns caras lindos por aqui —  comento com ela.

— Podem ser lindos, mas todos são bandidos, mafiosos. Tem caras de várias máfias diferentes aqui, mas maioria é da La Família já que o clube pertence a eles. Só aliados podem entrar no território de outro grupo. Tome cuidado Liz, não são máfias lá muito grandes, mas são perigosos.

  — Você disse La Família????? 

— Sim, mas fale baixo. Te encontro na saída no fim da noite. Qualquer coisa me procure — termina de dizer enquanto dá um leve aceno e desaparece entre as pessoas.

Meu. Deus. Olha onde eu vim parar. Ou é muita sorte, ou muito azar na minha vida. Puta merda. Bem embaixo do nariz deles. Respiro bem fundo, de novo, e de novo. Quando sinto que minhas pernas já não estão mais tão bambas eu caminho até o bar e peço dois shots de tequila, eles descem rasgando a garganta. O porre que eu deveria ter tomado não vai ser hoje, mas ainda assim eu preciso beber. Enquanto o Bruno não me encontrar não estou tão em perigo assim. Mais ou menos. Mas para garantir tento prestar atenção nas pessoas que circulam. Danço com alguns caras que pedem para dançar, converso com algumas meninas, tento agir como elas, bebo mais um pouco, sento no colo de um que me puxou pelo braço. Finjo indiferença, mas aquilo me deixou é puta. Mesmo assim me divirto ao longo da noite, flerto e danço. Faziam eras que eu não me sentia gostosa. Talvez eu nunca tivesse me sentido realmente bonita, mas agora eu sabia: Eu sou é SENSACIONAL!

 Talvez eu nunca tivesse me sentido realmente bonita, mas agora eu sabia: Eu sou é SENSACIONAL!

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Quando o ambiente começa a esvaziar eu já declinei algumas propostas de ir embora com algum homem aleatório. Vejo Nina e vou até ela.

  —  Já podemos ir embora? —  pergunto.

  — Já. Mas vamos ter que voltar para os alojamentos. 

 — An... Eu acho que não. Vamos sair que eu te explico. Não vamos para os alojamentos.

Nós duas estamos levemente alteradas por causa do álcool, mas percebo que eu tenho que confiar nela. Preciso da ajuda dela. Se tudo der certo, isso pode ajudá-la também. Caminhamos até o carro.

— Porra!!! Tu tem um carro? Meeeu isso nem faz sentido, mas é muito legal! —  ela fala, arrastando um pouco as palavras.

— Não é bem meu, mas vou levar nós duas para um lugar seguro. Prometo que não vamos longe e você vai estar de volta quando precisar. Sério.

 — Meio suspeito, mas vou te dar um voto de confiança. Afinal, eu já sou ferrada mesmo. Tenho que estar de volta até cinco da tarde, senão...

Odeio, odeio, odeio ter que dirigir nesse estado, mas não tenho muita escolha. Quando ela entra no carro eu faço uma prece rápida para não ser pega pela polícia, e outra para que a gente termine viva no fim dessa história toda. Me sento ao volante, pego um chiclete de menta para amenizar o cheiro das tequilas e então... acelero!

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Heeey galera! 

Gente, eu to amando escrever esse livro. O tema é um pouco pesado, mas quero deixar ele mais leve falando de músicas, fazendo umas gracinhas, pondo uns gifzinhos... Enfim, vamos rir também.

Muito muito muito obrigada pelo apoio, pelos comentários e por lerem meu livro! Vamos ser todos amiguinhos <3

O que vocês acham de uma playlist no spotify?? Comentem sobre isso, deixem suas sugestões. 

Provavelmente terá mais um capítulo ainda essa semana! Obaaaaaa

Obrigada pelo carinho!

Beijocas, Cass.

BaddestOnde histórias criam vida. Descubra agora