Capítulo X - Três máfias, duas garotas

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— Garanta que não seremos incomodadas durante nossa estadia nesse hotel — digo ao funcionário que faz nosso check in no Ritz, me apresento como uma empresária brasileira e Nina como minha diretora geral —Minhas reuniões estão agendadas e serão fora do hotel, não receberei ninguém. Se insistirem, mande os seguranças por favor e me informe.

Nina e eu passamos pelo lobby e mármore em direção ao elevador luxuoso. Nunca estive em um lugar tão requintado assim na minha vida, mas estamos trabalhadas na elegância, com vestidos cara de rica e super saltos. Entramos no elevador e minha amiga dá um gritinho quando as portas se fecham.

—Aaaaaaah, agora sim ficou bom, estou me sentindo a própria Kim Kardashian, tipo, "não quero ser incomodada e mantenham intrusos fora"!

— Mas isso não vai adiantar por muito tempo. Eles estão na nossa cola, mas agora com esse dinheiro, talvez consigamos proteger as outras meninas que La Família trouxe para cá.

—Eu sei Liz, mas elas estariam melhor se pudessem voltar logo para o Brasil, senão a polícia americana pegaria elas por imigração ilegal, mesmo não sendo culpa delas. Tem gente grande desse país envolvida nisso. Eu acho, não tenho certeza disso.

—Tenho algumas ideias, mas eu precisaria de alguém que fosse hacker, e dos bons. Desse jeito nosso dinheiro vai embora rapidinho, porque para manter um desses calado é caro. — digo enquanto entro pela porta do apartamento.

Nossas suítes são interligadas por uma sala de estar com uma decoração de bom gosto, clean mas aconchegante. Diferente das áreas comuns do hotel que são cheias de mobiliário pesado e com aparência cara, luxuosa e antiga.

—Ah Nina — suspiro desolada —eu queria tanto aproveitar o hotel, o dinheiro, tudo... Mas enquanto elas não estiverem livres e Lá Família acabada eu não tenho como fazer isso. Parece errado eu estar bem, fugir, trocar de identidade, sei lá mais o que enquanto eu sei que posso colocar algumas coisas no eixo.

—Eu te entendo, eu também sinto assim. Preciso fazer isso por mim também, não por elas, por mim. Vingança, justiça.

—É. Exato. Vamos elaborar esse plano então. Quer subir? Tem uma piscina aquecida lá em cima, acho que podemos pedir comida e ficar por lá. Tente arrumar nossas coisas, aqui no hotel é mais seguro pra você. Vou sair comprar biquínis para nós e aproveito para largar a Mercedes aberta e com chave em algum lugar público aqui perto.

—Ótimo! — minha amiga se anima, mas logo faz uma careta séria — só não esquece de prender o cabelo em um coque e usar luvas pra dirigir. Não queremos ninguém perguntando por que tem DNA seu numa Mercedes de cento e vinte mil dólares que foi abandonada.

Estaciono perto do píer 39 e deixo o carro com vontade de chorar. Se eu pudesse ficar com ele... É tão linda e tão maravilhosa de dirigir...

Tenho a impressão de passos muito perto de mim, olho para trás e ao meu redor mas desta vez não é nada. Essa situação está me deixando meio neurótica. Esse é um dos lugares mais movimentados de SF, e tem pessoas de diversos países aqui, por isso devo estar alarmada.

O trajeto de volta até o hotel leva 10 minutos de táxi, mas antes paro numa Macy's e comprou um biquíni simples branco com detalhes pretos pra mim e um mais coloridinho com uma estampa tropical no top para a Nina, é bem a cara dela. Peço um táxi e volto para o hotel sem nenhum problema, mas ainda estou com aquela sensação estranha de que fui seguida. Como da outra vez, parece que é coisa da minha cabeça. Mas mesmo assim, tenho que elaborar algum plano com a Nina e rápido, para nossa própria segurança.

—Amiga, cheguei. —aviso assim que passo o cartão na fechadura.

—Estou morrendo de fome... Uau, você foi rápida! Se fosse eu escolhendo, ficaria na Macy's duas horas...
Nos trocamos, colocamos vestidos levinhos por cima do biquíni e vamos para a área da piscina, que como eu imaginei, não tinha ninguém.

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