Capítulo XV - Who runs the world

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Fecho os olhos tentando assimilar essa foto. Já estamos em voo há quarenta irritantes minutos. Logo antes de embarcarmos, meu celular apitou mas eu estava ocupada com a bagagem e o cartão de embarque. Não muito tempo depois tive a desagradável surpresa de ver que a notificação era uma foto do meu beijo com o Asher, se é que podemos chamar assim. Nina teve a audácia de capturar um insignificante milissegundo do grande nada que ocorre entre nós. 

Eu realmente fiquei muito puta o que não quer dizer que talvez a foto não tenha ficado bonita, mas não vou dar essa satisfação à Nina. Na foto, o cenário do aeroporto parece congelado ao nosso redor, mas parecemos dois personagens cheios de coisas para dizer naquela despedida. Câmeras tem o poder de captar coisas irreais às vezes. Resolvo trancar essa foto numa pasta privada do celular só por precaução... E aí eu durmo.

  — Amiga, estamos aterrissando. — Nina chacoalha meu ombro.

  — Miami... Bom, praticamente chegamos ao Brasil. — respondo sonolenta.

Depois de pegar a bagagem, todas nós pegamos um transfer do aeroporto ao hotel em que eu reservei para uma suposta conferência de mulheres. Espero que todas tenham chegado bem. Logo depois de deixar minhas coisas no quarto sou informada de que todas me esperam na sala de conferencias. Eu simplesmente não sei o que vou fazer com essas cinquenta e seis garotas. Enquanto me dirijo para lá torço para que eu possa falar com eles rapidamente e então sair correndo para descansar. Estou acabada.

  — Oh não... Serena, o que é isso?

— Bom, você não esperava falar para todas apenas com o gogó não é mesmo? Além disso, isso tem que parecer uma conferência de verdade. Agora agiliza aí e suba lá.

Tremendo mais que gelatina, eu subo ao pequeno palco da sala. Reconheço alguns rostos do portfólio do Bruno. Olhando para todas elas, começo e ter noção do tamanho do que estou fazendo. 

— É... Bem vindas meninas. Eu sou a Liz, a responsável por vocês fugirem de San Francisco e voarem cinco horas para até Miami. Não tenho noção de como vocês vieram parar aqui ou de tudo o que passaram desde que chegaram aos Estados Unidos, mas gostaria de dizer que sinto a dor de vocês. Estamos todas quebradas, feridas, revoltadas, e além de tudo isso, estamos vivas e livres. Manterei vocês aqui durante o mínimo de tempo possível, até a próxima semana já estarão de volta aos seus países, acredito eu. Todas estamos correndo perigo no momento, mas eu gostaria de aproveitar que estou falando com vocês e informá-las de que além de vocês, cerca de outras sessenta meninas foram tiradas de seus países e vendidas para outros estabelecimentos por La Família, mas estas estão dispersas pelo país. Meu plano é destruir essa máfia, tráfico humano é muito baixo até para quem vive no mundo do crime, mas para isso, preciso da ajuda de algumas de vocês, se estiverem dispostas. Quero enviar as outras garotas para casa também. Sintam-se livres para falar com a Serena ou a Nina, aquelas duas lá atrás —digo apontando para elas que acenam no fundo — pois toda a ajuda será bem vinda para essa tarefa. As passagens aéreas das que querem retornar para casa já estarão sendo compradas amanhã e não se preocupem, nós cuidaremos de tudo. Enquanto estiverem aqui, aproveitem para descansar, se recuperar e usem as dependências do hotel à vontade. Só pedimos para que não saiam dele, para sua segurança. Já é tarde, então estão liberadas. Boa noite.

Termino de falar e quando eu desço para ir embora, um delas se levanta para me abraçar e é seguida por outra menina e mais outra até que depois de alguns minutos formamos um emaranhado de pessoas chorando de alívio, gratidão, de dor, de medo, de esperança. Me sinto ligada a cada uma delas. Quando nos dispensamos, chego ao meu quarto e desabo na minha cama sem nem trocar de roupa e durmo.

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  — TRINTA LIZ! TRINTAAAAA — diz uma voz irritante que quase arromba a porta do meu quarto ao entrar.

— Sim, querida, trinta horas é o que eu preciso dormir, estou exausta... — Respondo irritada por terem me acordado. 

  — Não, você não entendeu, —diz Serena entrando logo atrás de Nina. — trinta das cinquenta e seis meninas querem ficar e nos ajudar. Liz, nós temos uma tropa!

  — Eu estou desesperada meninas, não quero matar essa "tropa". Não sei o que vou fazer ainda...

— Não se preocupe, a Serena e eu já bolamos um plano. 

Olho para a cara da Nina. Ela parece satisfeita. Vou até a janela e vejo que tem algumas moças na piscina. Deve passar de meio dia já. Cada uma delas recebeu da Serena um pijama, duas mudas de roupa simples, um biquíni e roupas íntimas,deve ser suficiente por enquanto. Tudo foi comprado barateza, já que não tenho ideia de como vou arranjar mais dinheiro daqui pra frente. Me sinto um pouco perdida, mas sei que podemos fazer algo grande agora.

  — Bom, pelo que parece, eu tenho uma tropa agora. —digo testando essa palavra.

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O resto da semana correu bem. Ontem nos despedimos das meninas que escolheram voltar para casa, maioria chorava de emoção por se ver livre do que passaram antes. Manterei contato com elas para ver se elas ficam bem nos próximos meses. Imagino que quase todas irão precisar de acompanhamento psicológico ao chegarem em casa.

As que quiseram ficar, eu distribuí em equipes e fui conversando com elas e distribuindo suas tarefas. Todas parecem dispostas a colaborar o máximo possível, e serão úteis. Serena conseguiu alguns dados de negociações das meninas que estão dispersas pelos Estado Unidos. A missão dessas equipes é achá-las e as tirar de onde estão em segurança. Apesar de tudo ainda estar tranquilo, fico preocupada do porquê do Bruno ainda estar tão quieto. Eu desfalquei uma boa parte da fonte de dinheiro da máfia e ainda não fui retaliada. Meu telefone começa a tocar no bolso.

  — Alô?

  — Buongiorno para você, signorita Elisa.

— Com que eu falo?

— Vito Dellatorre, querida. Você está falando com o capo da Cosa Nostra.

— Se está me ligando para me ameaçar, eu já tenho outra máfia na minha cola no momento, estão se me der licença, vou desligar. Caso eles não me matem, aí então vocês podem voltar a entrar em contato novamen...

— Ma que bambina combattiva temos aqui. Não se preocupe, só quero falar sobre o Ricco.

— Não tenho nada para falar dele, Sr. Dellatorre.

— Nunca a ensinaram a não interromper os mais velhos, cara mia? Escute, não quero lhe fazer mal, quero ajudá-la em agradecimento.

— Agradecer?

— Escute, não posso falar nada por telefone, mas gostaria que você viesse até a itália para conversarmos. Prometo que nada acontecerá a você nem a nenhuma de suas amigas.

— É um risco para mim, não sei se deveria aceitar, mesmo que o destino me pareça tentador.

  — Tem o direito de recusar, signorita, porém devo lhe avisar que minha intenção é amigável e é do seu interesse. Eu garanto.

  — Quando gostaria de me encontrar?

— O mais breve, querida. Que tal na próxima semana? Eu pagarei suas despesas, e se quiser pode vir acompanhada.

— Ta certo, Sr. Dellatorre. — digo exitante, enquanto uma risada cativante vem do telefone. 

 — Meu homens vão entrar em contato e te passar algumas informações até o fim de semana, fique tranquila. 

Desligo o celular e entro me atropelando no quarto em frente.

 — Nina, prepare suas malas, amiga. VAMOS PARA A ITÁLIA!!!! 



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