Capítulo XVI - Florença

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  — Você é uma cabeça de vento, Liz. Eu NUNCA faria isso — Nina fala pela o décima vez desde que estamos na sala de embarque — ainda dá tempo de desistir.

— Comigo ou "sem migo" vai dar tudo certo sua tonta... Tenho você e a Serena. As meninas sabem seus papéis e estão dispostas a ajudar. Se algo acontecer comigo, tudo continua bem.

— Eu sei mas... Não sabemos com quem estamos lidando.

— Matamos um dos homens dele para nos defender, Nina. Agora seja o que Deus quiser. Ele quer falar comigo e parece ser do meu interesse. E se não for, deve ser ótimo morrer na Itália, puta lugar bonito pra onde vamos.

Eu disse isso baseada nas minhas pesquisas do google, nunca tinha ido à Europa antes. Bonito na verdade é pouca coisa para a vista que eu observei durante a aterrissagem em Florença.  Depois de doze horas de vôo, ainda temos que enfrentar duas horas de estrada com um brutamontes caladão que veio nos pegar no aeroporto. Tudo que ele disse foi que o Sr. Dellatorre lamentava não poder ir nos buscar pessoalmente.

  — Nossa, meu sonho de princesa um gatão desse me levar para passear num Alfa Romeo pela toscana, adoro — Nina cochichou em português depois de um certo tempo.

  — Sossega aí amiga. Nem sabemos o que vai rolar ainda, mas você não pode sair cobiçando o segurança de um mafioso rico e velho.  Nem parece que não queria vir para cá ontem.

  — Eu ainda tenho amor à minha vida, queridinha.

Não muito tempo depois adentramos uma propriedade gigante, passando por enormes portões de ferro cheios de entalhes rebuscados e seguimos durante alguns minutos por um caminho de paralelepípedos gastos que devem estar lá há séculos e cercado por cipreste-italiano dos dois lados. É lindo, parece coisa de filme. No fim da estradinha tem um casarão, mansão, castelo, sei lá como deveria chamar isso. É gigante e cheira a dinheiro antigo, e é linda.

  — Benvenutas à Villa Nostra, signorinas. —diz o brutamontes que desce do carro para abrir a porta para nós.

Nas escadarias, uma garota que parece ter a nossa idade nos aguarda. Ela sorri para mim.

  — Você deve ser a Liz. Sou Giovanna Dellatorre, sejam bem vindas à propriedade da nossa família. — ela pronuncia o nome como "Diovânna" e eu acho uma graça. Fico mais tranquila com a presença de uma mulher jovem aqui.

  — O prazer é nosso, esse lugar é maravilhoso. Essa é minha amiga Nina.

— Olá — ela acena distraída, estava muito ocupada babando pelo cara que nos trouxe até aqui. Trouxa.

  — Meu avô aguarda vocês na sala dele. Podem ficar despreocupadas que seus pertences serão organizados em seus quartos logo. Vocês devem estar cansadas. — ela conversa comigo enquanto me guia para dentro da mansão. É linda, tem um estilo clássico e parece uma casa de família, não o berço da maior máfia do mundo.

  — Isso não parece uma máfia...— comento com ela.

— Oh não, essa é a casa da nossa família, estamos todos ligados às atividades, mas todas são regidas de outra propriedade. Aqui é nosso santuário.

Talvez isso explique a falta de guardas com metralhadoras no portão. A segurança aqui é mais discreta, imagino.  Giovanna abre uma porta de carvalho no final do corredor onde estamos, é uma biblioteca, eu e Nina adentramos e espero que ela venha conosco, porém ela fecha a porta atrás de nós. Lendo atrás de uma mesa, há um senhor de cabelos cinzas, mas que um dia com certeza já foram negros como o da sua neta.

  — Ma bella Liz... Signorita Nina... Sentem-se. — ele não parece um mafioso. Não mesmo, mas tem cicatrizes que mostram o contrário. Ele deve ser impiedoso também, mas no momento ele apenas parece um avô satisfeito com uma boa leitura.

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