PAUSADO DURANTE NOVEMBRO DE 2017 - VESTIBULAR #VemDireito
(Tô com sdds mas logo volto)
Essa é a história da mais nova e influente máfia do mundo. Seu chefe? Uma mulher: A poderosa Liz Novaes. Essa é história de como ela se tornou uma mulher do pod...
Assim que eu acordo, tento me localizar e lembrar dos planos para hoje. Acho que tem alguma coisa a ver com uma família. Malditas tequilas. Não demora muito e meus pensamentos começam a clarear na medida em que eu vou ficando mais desperta. Ah é, tem uma garota chamada Nina dormindo no sofá gigante da sala. Ontem me pareceu uma ótima idéia confiar numa garota que pelo visto pertence à máfia.
Caminho até a cozinha, e ponho as cápsulas de café na máquina. Logo em seguida xingo baixinho a falta de pão francês num país desses. Tudo que eu queria agora é um pãozinho com manteiga na chapa.
— Bom dia Liz. — Nina me dá um sorrisinho — Também sinto falta de pão francês, guria.
— Não acredito que aqui existem pop tarts maravilhosas mas as pessoas não sabem o que é pão francês ou brigadeiro — digo passando uma caneca com cappuccino para ela que se senta numa das banquetas da bancada.
— Nem me fale.
— Vou preparar um misto quente pra gente comer enquanto conversamos.
Assim que entrego os mistos e me sento ela já dispara:
— Não me diga que você não pertence à La Família, nem percebi... — ela ironiza — Carro, apartamento alugado... Que tal começar pelo começo?
— Uh... Você é rápida. Bom, basicamente quase fui morta com uma facada mês passado pelo meu namorado de longa data, que pelo visto é da máfia e um babaca que nem sabe fazer um serviço direito. Vim para os Estados Unidos com ele por que ele pediu para vir junto, mas na verdade eu fui um disfarce para ele durante dois anos. Achei uma pasta com fotos de várias mulheres e suas informações no nosso apartamento, acho que eles mexem com tráfico de pessoas. Fugi para Santa Rosa para me recuperar e cá estou eu, sozinha, me disfarçando de acompanhante e me iludindo de que vou conseguir acabar com eles. Nina, você encontrou uma doida. Pode fugir se quiser. Ainda dá tempo. — falo tudo tão rápido que nem sei se ela consegue processar.
— É... Isso é estranho, mas eu tô dentro — ela diz mais rápido ainda.
— O quê ? Só isso?
— Claro, você é a primeira chance que eu tenho para me livrar disso. Escuta, minha vida já está um inferno mesmo, não tem como piorar.
Nina me conta a história dela e confirma minhas suspeitas a respeito do tráfico humano. Ela veio para os Estados Unidos com uma proposta de trabalho para ser modelo eu uma agência, ao chegar aqui, ela ficou presa durante três meses num quarto escuro com outras meninas. Provavelmente esses caras fazem isso para que o visto de turista delas vença e elas fiquem presas no país, assim não podem trocar o status do visto ou pedir ajuda já que seriam detidas pela polícia e não teriam dinheiro para voltar para o Brasil, deixando-as à sua mercê. Quando chegam aqui, as mais bonitas vão para os bares e clubes de La Família para serem acompanhantes, basicamente bonequinhas para lustrar o ego dos filhos da puta que frequentam. As menos atraentes tem um destino pior: El Burdel. O prostíbulo da máfia. As acompanhantes que não se comportam bem onde são colocadas são mandadas para o bordel, lá elas são obrigadas a se prostituir e não podem sair do prédio. O dinheiro do "serviço" não fica com elas, vai direito para o caixa do capo que coordena o El Burdel que depois é redistribuído dentro da máfia. Caso se rebelem, são abusadas fisicamente e violentadas. Algumas foram mortas devido à rebeldia, para ficar como exemplo para as outras. Lá elas não são mais que mercadorias. Algumas são vendidas para outros cafetões. As acompanhantes que vão ficando mais velhas ou "mais feias" são substituídas por uma recém chegada e enviadas para o bordel também. Eles também traficam armas, drogas, e praticam extorsão, rapto, sequestro, roubos e assassinatos encomendados.
— Filhos de uma vagab... Ô Nina, mas se eles perseguem e matam as meninas que fogem só por que elas sabem demais, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? Eu não tenho com te proteger de uma rede de bandidos!
— Eu sou acompanhante, Liz. Eu posso sair, desde que eu ande na linha. Posso me prostituir se eu quiser também. Mas tenho horário para estar de volta todos os dias e caso não esteja de volta sou... ahn... punida pelo deslize. E caso eu fuja, aí então que serei morta, mas claro que a gente sabe fazer melhor do que isso né minha flor?
Passamos o resto da manhã conversando e pensando em possibilidades, planos e problemas que poderemos arranjar. Nós sabemos de uma coisa: O que for que façamos, precisamos de dinheiro. E aqueles caras tem um monte. Não podem ver um bom decote que já pensam mais no próprio pinto do que em ficar de olho em suas carteiras.
— Olha a situação em que viemos parar... — eu bufo.
— Aí, você mesma disse que temos que aproveitar isso. Vamos nos divertir.
Sorrio com a sugestão dela, exatamente a mesma que eu fiz a mim mesma na manhã de ontem. A vida é estranha. Eu tô ferrada, longe de casa, em perigo, quase morri, mas aí então tem essa menina que eu nunca conheceria de não fosse dessa forma. Mesmo com toda essa tristeza na vida a Nina brilha, ela respira esperança e expira entusiasmo. Depois de passar o dia junto com ela, percebo que posso confiar nela e vejo uma amiga em potencial, nos divertimos muito juntas.
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— Você vai ficar bem Nina? — pergunto antes que ela desça do carro.
— Ah guria, relaxa, eu já sobrevivo tudo isso há quase um ano e meio, vou ficar bem. Não esqueça de entrar pela porta dos fundo hoje para não ser notada tá? Lá dentro você já é uma de nós. — ela desce rebolando do carro e joga um beijo.
— Até depois então, vamos acabar com eles, vadia! — rio.
De volta ao apartamento, deixo as coisa organizadas para uma eventual fuga. De qualquer forma, o check out daqui é amanhã mesmo. Tomo um banho, faço um sanduíche e procrastino ouvindo música até a hora de me arrumar. Pego um vestido bandagem branco e saltos pretos altíssimos que são meus bebês. Faço om olho preto básico, mudo um pouco meus traços com contorno novamente. Me olho no espelho:
— Ah mas você é gostosa sim Liz.
Meu visual está de matar. Fecho a porta do apartamento e vou até o carro. Ah bebê, vou tombar um por um hoje. Me aguardem. Dou uma risadinha: Eu é estou de matar, entendam como quiser.
