Capítulo IX - Tequila: arriba, abajo, al centro y adentro

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— Olha pelo lado positivo amiga, pelo menos não é um corpo dentro da mala... — Nina tenta me animar.

— O que vamos fazer com esse dinheiro Nina?????????

Eu tô bem mais que desesperada, não sei de quem é tudo isso, se é do Ricco ou não, mas sei que eu quero ficar com ele. Pode ser nossa chance de acabar com La família, de eu conseguir me vingar do Bruno, de mandar as meninas traficadas por La Família de volta para casa. E talvez de realizar o sonho de comprar um Louboutin, quem sabe.

— Bom, para começar, acho uma boa ideia a gente dar o fora daqui amanhã bem cedinho.

— Vamos deixar tudo pronto pra sair. Pode ficar tranquila que eu dirijo o porta drogas. Vamos ficar no Ritz, amiga. Além de ser divertido ter um luxinho, vamos ficar seguras.

— Ah, hotel caro, agora sim! Parece que há males que vem para bem...

  — Mas é luxenta... Ridícula.

— Vaca. — ela me mostra a língua.

— Seguinte, vamos comprar as tequilas e ir para a praia. Ponha algum vestidinho confortável, vou pegar umas esteiras de praia que eu vi lá na despensa.


Depois de carregar um estoque José Cuervo, pegar as esteiras e algum dinheiro pro taxi, além das coisas que vamos queimar, vamos para a praia que na verdade é uma estreita faixa de areia do lado oeste da Golden Gate, não há muitas praias de areia que nem no Brasil aqui em San Francisco. Mas o cenário compensa, aqui a vista da ponte é incrível, o sol está terminando de se por, deixando uma pequena faixa de luz ajaranjada no horizonte, contrastando com o céu limpo e escuro. As luzes da ponte acabaram de se acender, elas serão nossas estrelas esta noite. Eu e a Nina montamos nosso "acampamento" e juntamos pedaços de gravetos para fazer uma fogueira.

Acendo um pedaço de madeira seca e jogo no meio do ninho de palha e gavetos que fizemos. O fogo é tímido e dá impressão de que vai morrer. Assopro e coloco um acendedor de churrasqueira que comprei no mercado que parece um pequeno biscoito, assim fica bem melhor. O fogo se estabiliza.  Abro uma das tequilas e tomo um gole longo. Vou precisar.

  — Quer Nina? — passo a garrafa para ela.

  — Com certeza. Vou precisar. — ela dá um gole e então põe luvas descartáveis e começa a me passar os itens que vamos queimar.

Encharco de tequila uma camiseta cheia de sangue seco e a jogo dentro da fogueira, tomamos mais tequila enquanto assisto ela se consumir nas chamas. Repetimos com outras peças de roupa, com os plásticos que usamos para forrar o carro e o barco, luvas e outras coisas necessárias, até que queimamos o saco que continha tudo isso.

— Argh, cheiro de plástico queimado é horrível!   —   Nina enruga o nariz enquanto um mecha loira cai sobre seus olhos. Ela me passa a garrafa.

  — É como se um peso de algo que eu nem tinha culpa finalmente saísse dos meu ombros. — observo. T.G.I.F. da Katy perry está tocando no meu celular.

  — Agora vamos viver. Nos vingar, consertar algumas coisas, e finalmente viver. — Nina ri.

Tontas, nos levantamos e dançamos ao som da música. O vento fresco de começo de primavera sopra. Olho para a primeira garrafa e José Cuervo que agora está vazia.

  — Vamos lá, segundo round Nina, vamos tomar um porre. — agora é California Gurls a música que toca. Continuamos a ouvir as músicas antigas da Katy Perry noite adentro.

Meia garrafa depois a Nina não consegue nem parar em pé, contamos histórias, rimos de coisas idiotas, vemos os carros passar pela ponte iluminada. A Califórnia realmente é o melhor lugar do mundo, até passando perrengue a gente consegue ser feliz aqui. Ou talvez seja uma característica nata de brasileiros, nunca deixamos nos abater tão fácil. A Nina desmaiou do meu lado, ou talvez esteja dormindo, mas eu sei que ela está bem. Enquanto observo o mar lindo da Gold Coast, vejo uma pequena luz subindo e descendo as ondas, deve ser algum surfista. Ou talvez eu esteja bêbada demais.

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