Olho para a Nina antes de entrar no clube já cheio e ela me lança um olhar cúmplice:
— Vamos fazer estrago hoje.
Dou um sorriso malicioso. Aproveitar os gatos e jovens, fingir interesse pelos de meia idade. Extorquir todos. Entro no salão sabendo como isso pode dar ruim, mas gostando do arrepio que essa sensação gera em mim. Hoje não tem tequila pra mim, mas posso me divertir bancando a louca.
Danço junto com a Nina, vamos trabalhar nisso juntas. Se um de nós já é gostosa sozinha, juntas vamos deixar o cara atordoado. O primeiro foi fácil, tava podre de bêbado, nem teve graça.
— 600,00 dólares, Liz — ela cochicha enquanto enfia as notas no sutiã.
Os caras não aguentam brasileira dançando. É só fazer qualquer gracinha ou mostrar o decote que eles não sabem mais nem o próprio nome. Não achei que fosse tanto assim, mas esses caras andam com muito dinheiro na carteira. Talvez por que se usarem cartão podem ser rastreados, além do mais, dinheiro sujo geralmente é em espécie e esses caras são especialistas nisso.
Um leve abraço para dançar junto e voilá, uma joga alguma carteira para a outra, que pega a grana e devolve a carteira. Nem me iludo sobre a minha mão leve pois só sei que isso está funcionando por que maioria deles já bebeu.
Quando nossos peitos estão começando a ficar suspeitos de tão "grandes" voltamos para o vestiário e nos escondemos para contar o dinheiro e guardá-lo dividido nas nossas clutches que ficam no armário da Nina.
— Caraca Liz, não esperava tanto assim.
— Nem eu, agora eu to assustada, 4.900,00 dólares é muita coisa, temos que dar uma desbaratinada e dar o fora assim que não for tão suspeito.
Mesmo com dinheiro suficiente nós concordamos que não tem problema continuar a pegar mais dinheiro. Tivemos um incidente com um cara aparentemente chamado Ricco com sotaque italialiano que ainda não tinha bebido o suficiente, mas eu grudei a boca no pescoço cheiroso dele e resolvido, Ricco Jr. falou mais alto. O cara era um grosseiro, talvez até fosse um bombadinho gostoso mas meio burro pelo excesso de whey protein.
Duas horas depois, saímos de fininho pela porta de trás. Já são quase 03:00. Precisamos chegar logo no carro. Quando estamos quase no fim do beco ouvimos um grito:
— Podem parar por aí suas vadias! — diz uma voz masculina atrás de nós. Sotaque italiano. É. Ferrou.
Ele me joga no chão. Caio mas consigo aparar minha queda com o braço. Dor atravessa meu corpo, e talvez eu tenha ralado minha mão, braço e perna do lado direito. Finjo inconsciência enquanto ele pula em cima da Nina, agarrando-a pelos cabelos e a pressiona contra a parede:
— Primeiro eu vou foder as duas, depois já podem se considerar mortas.
Olho ao redor procurando alguma coisa para nos defender. A tampa de uma lata de lixo pode ser uma opção.
— Quem vocês acham que são para roubar Ricco Lazzari?? — ele fala apalpando Nina de forma grosseira enquanto aponta uma arma para a cabeça dela. Vou mata-lo, esse bastardo.
Alcanço um pedaço de cano de trás de um caixote e não sei de onde consigo forças para acertá-lo na base da cabeça. Ele para atordoado e se vira para mim, visivelmente com dor, dando chance para ela escapar enquanto o acerto novamente. Ele avança para cima de mim, jogando o cano longe. O punho dele me acerta no estomago, preciso de ar, mas sei que ele não vai parar.
— Sua puttana, vou acabar com você sua vadia!!!
Tento me esquivar, mas levo mais um soco no maxilar. Cassete, como dói. Provavelmente ele só não me dá um tiro agora por que a arma caiu em algum canto desse lugar escuro quando o acertei. Os olhos dele queimam em fúria incontida. Quando ele investe novamente contra mim sei que ele vai quebrar meu nariz. Se ele não parar, vai me matar, não tenho força física para enfrentar esse cara. Me encolho quando vejo o punho fechado dele voar na direção do meu rosto, mas o golpe não vem.
Vejo Nina acertando a cabeça dele com o mesmo cano que eu tinha usado. Ela está furiosa.
— Toma. Seu. Filho. De. Uma. Puta. Você. Merece. Aprender. A nunca. Encostar. Suas. Mãos. Sujas. Em. Uma. Mulher. — a cada palavra dela, um golpe no italiano, que agora sangra.
Me assusto enquanto assisto ele perder a consciência. Ela só para quando ele cai estático. Ela quase abriu um buraco no crânio dele. Se não o matarmos agora, ele vai morrer por causa do ferimento. Meu estômago se revira. É uma cena grotesca. Nina começa a soluçar e eu a abraço.
— Está tudo bem, tudo bem, se acalme. Nina, se você não tivesse feito isso, quem estaria nesse estado seriamos nós. — falo para ela enquanto acaricio seu cabelo. Nós duas estamos em choque, mas temos que dar um jeito nisso.
— Liz, se o deixarmos aqui, alguém vai descobrir, e se esse alguém for a polícia, vão achar nosso DNA e digitais nele. Temos que dar um jeito.
— Tenho alguma idéia do que fazer, vou buscar o carro, fique na sombra e ache o revólver dele. Serei rápida.
Enquanto pego o carro agradeço pela existencia de CSI e de How To Get Away With Murder. No porta malas estão as tralhas que eu comprei no outro dia. Estaciono dentro do beco, e combino com a Nina de sermos rápidas. Abro alguns sacos de lixo para forrar o porta malas pequeno e colocamos o corpo dentro. Não deixo de pegar o cano e de de lavar o sangue com um litro de água oxigenada que Nina achou no vestiário. As outras garotas usavam para descolorir seus cabelos, mas ainda bem que ela é esperta e se lembrou de que a substância dissolve o sangue. Sendo assim, amanhã quem passar por aqui não terá nem idéia do que aconteceu.
— A melhor forma de nos livrar dele é no mar. Quando o acharem saberão a forma da morte mas os peixes e micro-organismos terão feito um bom trabalho se o deixarmos mais longe da costa — pondero.
— Vamos para o iate club então, não sei como a gente vai fazer o resto, mas vamos ter que nos virar, Liz.
Passamos no meu apartamento para trocar os vestidos. Provavelmente voltaremos no final da manhã ou já de tarde, temos que parecer que saímos para um passeio de barco. Colocamos no cofre a chave do carro de Ricco, uma Mercedes pelo visto, além da carteira dele.
Chapéu, óculos de sol, protetor. São quase 04:00, temos que aproveitar enquanto ainda está escuro.Entramos no Ford Focus preto e seguimos para a direção de Marina Boulevard, a rua do Iatch Club de San Francisco.
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Baddest
ActionPAUSADO DURANTE NOVEMBRO DE 2017 - VESTIBULAR #VemDireito (Tô com sdds mas logo volto) Essa é a história da mais nova e influente máfia do mundo. Seu chefe? Uma mulher: A poderosa Liz Novaes. Essa é história de como ela se tornou uma mulher do pod...