XXVII

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eu me pergunto se vai demorar muito para chegar o dia em que eu vou acordar de manhã sentindo que não existe mais nenhum resquício seu em mim que possa me causar mal.

quero saber quando vai chegar a hora em que eu vou olhar no fundo dos teus olhos e ter a certeza que te superei e que não estou mentindo para mim mesma como sempre faço.

a ilusão de que te esqueci às vezes me fortalece porque parece tão real. tão real.
mas não demora muito para que a minha máscara caia e eu perceba que ainda estou quebrada sem você aqui.

há tanto tempo eu tento me reerguer, apenas para cair novamente depois de alguns minutos de pé.
e é aí que eu pergunto aos céus como meu último grito de súplica: até quando?

eu queria que aqueles métodos de internet realmente funcionassem comigo, onde eles dizem para você ouvir um álbum inteiro de músicas tristes e chorar pela pessoa amada, depois tomar um banho ouvindo músicas felizes e superar.
simples assim.

mas eu nem choro mais, meu bem.
e eu já tomei tantos banhos tentando te limpar da minha pele na esperança de te ver escorrer de mim junto com a água que desce pelo ralo do banheiro, mas você não vai.

v o c ê
n ã o
v a i

eu fecho meus olhos e rezo para que se realmente existe um deus, que ele tire você de mim. que ele te arranque do meu coração à força, porque sozinha eu não consigo.

eu vou dormir à noite e peço para te ver partindo quando acordar.
e no dia seguinte eu abro os olhos na esperança de ver que você se foi

mas você ainda continua aqui.

Meu (des)amorOnde histórias criam vida. Descubra agora