XIV

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o que você sente por mim não é amor.
nunca foi.

o que você sente por mim é apenas um reflexo da sua insegurança, que te faz ter essa necessidade de me conservar como objeto de consolo mesmo sabendo que o que você sente não é nada comparado ao meu amor.

e eu sei, o que você quer é sentir que pode sair por aí e experimentar coisas novas, conhecer novas pessoas, beijar outras bocas, e ainda assim saber que quando voltar eu estarei aqui.
porque eu sempre estive, não é?

o que você sente por mim não é amor.
nunca foi.

e perceber isso agora me faz enxergar que eu não posso me contentar com a posição de ser quem espera. quem fica. quem tanto se doa para receber tão pouco em troca.

eu vivia em função do dia em que seria a única,
mas eu sei que posso ser
só que não para você.

você não pode me dar o que eu preciso, e eu não posso continuar servindo de sustentação para os seus dias solitários. não posso ficar para sempre no sofá da sala te esperando voltar para me fazer acreditar que sou importante – até o dia seguinte.

por isso eu quero que você saia, viva, sinta e faça tudo o que quer fazer. eu nuca tive a intenção de te impedir.
não quero que se prenda a mim, e preciso que me deixe ir.

eu te declaro livre da prisão que você mesmo criou.

apenas espero que um dia você entenda que pessoas não são descartáveis. elas não estão aqui para viver a seu dispor.
e talvez você só se dê conta disso quando voltar amanhã
olhar ao redor
e perceber
que eu não estarei mais ali
te esperando.

Meu (des)amorOnde histórias criam vida. Descubra agora