LXXXI

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a poesia me salva
todos os dias
de todas as formas possíveis.

me salva de mim
me traz para o mundo
me aninha em seus braços.

quando eu choro em silêncio
e penso que ninguém pode me ouvir,
a poesia me ouve.
então ela aperta o meu peito e diz:
ei, faça algo com sua dor.
faça arte.

e eu obedeço.

a poesia me vem quase como uma ordem.
não se pode negar o texto que quer ser escrito.
ele está ali, gritando para sair,
e o que mais eu posso fazer
senão escrever?

quando a arte da palavra lhe é algo natural,
escrever deixa de ser uma escolha
e passa a ser necessidade.
eu nunca escolhi ser escritora.
esse sempre foi o meu destino.

não poderia haver outro fim
e nunca houve.

Meu (des)amorOnde histórias criam vida. Descubra agora