LXXII

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um belo dia você irá acordar e o peso da minha ausência cairá sob as suas costas com mil toneladas de coisas não feitas e palavras não ditas.
você irá fechar os olhos e respirar fundo e se perguntar como, meu deus, como eu deixei ela escapar?

subitamente você irá perceber que talvez eu sempre tenha sido tudo o que você mais precisava.
eu era a casa com uma cama quente e confortável onde você sempre poderia se aninhar quando precisasse. onde você poderia morar sem pagar aluguel, e você o fazia de uma forma quase automática. porque a gente só dá valor para os nossos privilégios quando eles são tirados de nós.

mas você me deixou escapar, meu bem.
eu escorri entre os seus dedos como água
límpida e pura.
e agora você está aí, no meio do deserto
morrendo de sede.
e eu nunca mais serei sua salvação.

Meu (des)amorOnde histórias criam vida. Descubra agora