03 - Aquele em que Aisha quase perde a cabeça

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Eu deixei Brianna sair me puxando por todos os corredores até chegarmos ao banheiro do primeiro andar e antes de chegarmos até ali, por quem nos passávamos, viravam o rosto para mim. Era claro que toda a história da confusão havia se espalhado pelo o rádio-corredor de SAINT MARY, as vezes parecia que aqueles alunos não tinham nada mais do que fazer além de fofocar sobre a vida dos outros.

— Eu ouvi dizer que o nariz do Caleb ficou em pedaços. — Ela falou assim que teve certeza que não tinha mais ninguém no banheiro. E eu estou falando sério, já que ela chutou todas as quatro portas da cabine só para ter certeza que ninguém iria escutar nossa conversa.

— Sério? Que bom para ele então — Digo com desdém me apoiando no mármore da pia e xingando mentalmente por constatar que havia molhado a parte de trás do meu moletom.

Brianna me encarou cruzando os braços abaixo dos seios e tentando fazer-se de brava, mas eu sabia que pode dentro, ela estava soltando fogos de artifícios. Ela também nunca havia gostado de Caleb.

— Dá para você ser menos você ao menos por agora? — Ela me pergunta e eu tiro a atenção das minhas unhas com esmalte descascado e olho para ela. — Thomas Colleman defendeu você e ainda deu uma boa lição no idiota do Caleb, então por que você não agradece a ele?

Ela está falando sério?

Ela não pode estar falando sério!

Olho para o sorriso no rosto da minha melhor amiga e constato a maior loucura da vida dela.

Ela está falando sério!

Solto uma risada alta e sem nem um pouco de graça aos olhos atentos de Brianna.

— Você só pode estar brincando! Parece até que você não conhece Thomas Colleman desde o jardim da infância! Esse garoto é o diabo em pessoa!

— Se ele for o diabo, eu não me importaria nem um pouco de ir para o inferno. — Brianna fala com um sorriso travesso em seus lábios e eu sinto que estou perto de perder a cabeça. Ou arrancar a da minha melhor amiga. As vezes ela não parecia conhecer toda a minha lista de contras sobre aquele garoto.

Sinto meu celular vibrar em meu bolso e ao olhar, vejo uma mensagem com um número desconhecido. Ao ler o pequeno texto escrito ali, sinto meu corpo tremer.

De raiva, que fique bem claro.

NÚMERO DESCONHECIDO: "Se você não aparecer em dois minutos nesse refeitório para me ajudar. Eu juro que digo para a diretora que você fugiu da sua obrigação e faço ela te deixar na detenção pelo o resto da vida."

"Acredite, Mitchell, eu posso fazer isso"

— Como esse garoto conseguiu meu número? — Resmungo baixo e sinto os olhos atentos de Brianna sobre mim.

— O que aconteceu? — Ela pergunta enquanto se aproxima e guardo meu celular pronta para meu castigo diário.

— Nada, hoje é apenas um bom dia para morrer. — Digo dramaticamente me retirando do banheiro.

Agradeço mentalmente por não ter que subir as escadas novamente, já que o refeitório era no primeiro andar. Então não andei tanto assim. Quando passei por as portas duplas, a primeira coisa, ou pessoa, chame esse ser humano de como quiser, foi Thomas sentado sobre uma das mesas com os pés apoiados no banco, olhei em volta e não tinha mais ninguém, a não ser ele no local.

Andei até onde Thomas estava fazendo questão de bater bem o solado dos meus tênis contra o piso cinza do refeitório. Dei a volta ao redor da mesa e parei bem em frente a ele com a maior cara de tédio que eu poderia ter.

Eu não estava nem um pouco feliz em estar ali, e não iria forçar amizade só por que iriamos passar quase duas horas por dia até o natal perto dele.

— Por que estamos no refeitório?

Thomas tirou o olhar do chão e direcionou para mim. — Não sei se você se lembra, mas agora somos subordinados do zelador. — Diz enquanto retira os fones de ouvido e os joga por cima do ombro.

— E cadê ele?

— Tirando um cochilo por ali, enquanto nós temos que limpar o refeitório.

Ele fala tão calmamente que eu tenho vontade de soca-lo. Como assim teremos que limpar o refeitório? Ele só pode estar louco! O mundo só pode ter enlouquecido e eu sou a única pessoa lúcida em todo ele.

— Você já viu o tamanho desse lugar? — Digo em quase um grito e ele franze as sobrancelhas me olhando duvidoso.

— Sim, Mitchell, eu sei o tamanho desse lugar. Por isso você fica com as mesas e eu fico com o piso. Quem sabe assim essa tortura não termine mais rápido. — Thomas diz enquanto se levanta e segura um dos esfregões que tinha ao lado da mesa em que ele estava sentado. Me joga um pano, que acaba voando em meu rosto e escuto sua risada baixa.

Mordo minhas bochechas pela parte de dentro e fecho os olhos me segurando para não voar em cima de Thomas assim como voei em cima de Caleb. Já que eu não queria ficar mais dias em detenção junto com ele. Viro-me sobre meus calcanhares e vou na direção contrária em que Thomas está.

Tiro meus fones de ouvido de dentro do bolso da minha calça e tiro meu casaco amarrando ele sobre minha cintura. Seleciono o aplicativo de músicas do meu celular e coloco no modo aleatório, a música que toca sobre os fones em meu ouvido é Bad Blood da Taylor Swift e ao escutar a batida ecoar dentro da minha cabeça, lembro do vídeo da música e sinto vontade de fazer a mesma coisa que Selena Gomes faz com a loira, jogar ela da janela de sei lá quantos andares.

Balanço a cabeça tirando tais pensamentos da minha mente e me concentro em minha atividade para terminar o mais rápido possível, já que se eu ficasse mais alguns minutos com Thomas sobre o mesmo teto aquele dia, eu seria capaz de perder a cabeça e quebrar todos os seus ossos, assim como ele fez com o nariz de Caleb.

Quando terminamos de limpar todo o refeitório, me deito sobre uma das mesas e sinto que se eu mexer qualquer parte do meu corpo, eu posso ficar paralisada para sempre. Meus braços doíam de tanto limpar mesas e retirar os chicletes pregados embaixo delas. Esses adolescentes são crianças por acaso? Qual a dificuldade de jogar a maldita goma de mascar dentro do cesto de lixo?

— Você quer carona ou algo do tipo? — Escuto a voz de Thomas por cima da música que saia dos fones de ouvido e pauso, constando que sim, ele estava do meu lado.

— Não, obrigado. — Nego rapidamente e voltou a fazer qualquer coisa só para não ter contato visual com Thomas.

Ele não responde e a última coisa que eu escuto é as portas duplas batendo e os paços dele sumindo por dentro do corredor. Viro-me de lado sobre a mesa lembrando-me do caminho que terei que fazer até minha scooter do outro lado do estacionamento.

— Hoje com toda certeza é um belo dia para morrer.

Resmungo enquanto me levando da mesa e sigo até o estacionamento, agradecendo a cada passo que dou que o dia finalmente está terminando. 

 

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