FORA DO AR

26 - Aquele com "I love you baby"

Sai de casa na semana seguinte. Passei o final de semana inteiro pensando nas palavras de Thomas, pensando no que tinha acontecido, pensando inteiramente em uma única frase: "Eu ia te pedir em namoro, Aisha".

Ninguém, além do segurança da escola sabíamos que nós havíamos estado ali, não contei nem mesmo para Brianna que era a pessoa que mais sabia o quanto eu estava mal, o quanto estava despedaçada.

Então sair da cama naquela segunda-feira, foi uma grande dificuldade para mim, já que tudo o que eu mais queria era ficar na cama e remoer o quanto eu estava magoada. Mas minha mãe entrou no meu quarto em um rompante, abrindo as janelas e cantando Rolling in the Deep, fazendo que parecesse mas como um despertador enferrujado, mamãe só parou quando me viu de pé e indo em direção ao banheiro.

Após um banho quente, queria dizer que eu estava preparada para mais um dia, mas essa era a frase da Brianna, e não a minha, que estava mais para "esse é um belo dia para morrer". E era mesmo.

Como eu ainda não podia usar minha scooter por causa do frio que só fazia aumentar cada vez mais, mamãe me deixou na porta da escola antes de ir para o trabalho e quando eu pisei meus pés na calçada, eu senti todos os olhares para mim.

Eu me sentia andando no corredor da morte pronta para sentar na cadeira elétrica quando Brianna me encontrou e me puxou para a frente do seu armário.

— Por que você não me falou que ia vim hoje? — Ela me perguntou com os braços cruzados abaixo dos seios com a expressão de raiva, mas eu sabia que no fundo, minha melhor amiga estava feliz por eu finalmente ter saído das profundezas do meu quarto.

— Minha mãe invadiu meu quarto catando Rolling in the Deep, ou eu vinha pra aula ou ficava surda. — Disse dando de ombros e Brianna riu, fazendo com que algumas pessoas começassem a prestar atenção na gente. Eu começava a ficar incomodada com a atenção que estávamos recebendo quando as postas duplas se abriram revelando Thomas passando por elas. Virei-me de costas o mais rápido possível e entrei no primeiro corredor que vi pela frente.

— Por que você fugiu? — Brie me perguntou quando parei no final de um dos inúmeros corredores que SANTY MARY tinha.

Mas eu também não sabia. Eu havia passado o caminho da minha casa até a escola pensando se veria Thomas ou não naquele dia e justo quando encontro com ele, a minha primeira reação é fugir.

Suspirei cansada de todos os sentimentos que me apunhalavam e disse: — Vamos para sala, certo?

Brianna concordou com a cabeça e enlaçou seu braço no meu e saiu me puxando para a nossa primeira aula juntas do dia. Eu queria voltar onde estava Thomas, parar na frente dele e dizer tudo o que eu pensei depois do que ouvi na noite na piscina. Mas eu apenas engoli as palavras e segui os paços com Brianna.

Nas três aulas antes do almoço, que eu tinha ao lado de Lively e Thomas, eu senti os quatro pares de olhos sobre minhas costas e eu tive que me controlar para não virar na direção de Thomas e o encarar como ele estava fazendo.

Eu apenas sentei na minha cadeira, coloquei meus cadernos sobre a carteira e fiquei com as costas eretas olhando apenas para frente, nas três piores aulas da minha vida, então quando o sinal tocou avisando que a hora do almoço havia chegado, uma parte de mim se sentia aliviada. Faltava agora poucas horas para que eu pudesse ir para casa e me escondesse novamente em baixo das minhas cobertas.

Segui o mar de alunos em direção ao refeitório e pedi para Brie que pegasse comida para nós duas. Eu não queria fazer todo o trajeto do buffet até a nossa mesa e ser capaz de esbarrar em qualquer pessoa que não fosse Brianna.

Olhei ao redor na esperança de encontrar um par de olhos intensos me olhando e acabei ficando frustrada por não encontra-los. Encontrei apenas uma cabeleira ruiva me olhando com fogo nos olhos, sorri e acenei debochadamente fazendo com que ela batesse na mesa com força e saísse de perto indo em direção a saída, mas antes de chegar as portas duplas, o refeitório foi preenchido com a voz de Thomas nos altos falantes.

—You're just too good be true — Meu coração parou — Can't take my eyes off of you. — Comecei a procurar por todos os lugares possíveis e não encontrei onde ele estava, meu coração voltava a bater rapidamente parecendo mais bateria de banda de rock, mas nada de Thomas aparecer. — You'd be like heaven to touch, i wanna hold you so much. — Todos no refeitório estavam tentando entender o que estava acontecendo ali. Inclusive Lively que me olhava com o queixo caído e ainda tinha ódio no olhar, a tirei do meu campo de visão e encontrei Brianna vindo em minha direção com as mãos vazias, sem nenhuma bandeja de comida.

— At long last love has arrived — Thomas apareceu na porta lateral e pulou sobre uma das mesas e olhou diretamente para mim. — And I thank god I'm alive — Eu não sabia o que sentir, o que fazer. Então fiquei estática onde eu estava enquanto Thomas refazia a cena do meu filme preferido e ainda vestido adequadamente. Se eu achava que não podia ficar mais apaixonada, eu acabava de ficar. — You're just too good to be true, can't take my eyes off of yo.

Quando ele cantou a última parte da primeira estrofe da música, os garotos do time de atletismo, futebol, basquete e natação explodiram em batidas na mesa acompanhando a música, como se eles fossem a orquestra que acabava de entrar no campo, igualzinho no filme.

Thomas pulou de uma mesa para a outra e começou novamente: — I love you baby, and if it's quite all rigth, i need you, baby, to warm the lonely night. I loye you, baby, trust in me when I say: Oh pretty, baby, don't brign me down, I pray... — Ele pulava de uma mesa para outra e eu tentava me controlar para não sair correndo em sua direção. Mas o sorriso que nascia em meu rosto a cada dancinha engraçada que ele fazia enquanto pulava de uma mesa para a outra até chegar na minha, eu não tive como evitar. — Oh pretty baby, now that I've found you, Stay and let me love you, baby, let me love you.

Thomas Colleman parou em cima da minha mesa, com o fim da música, mas as batidas na mesa ainda ecoavam todo o refeitório e agora eram feitas por todos os alunos que tinham ali. Ele estava parado em cima da minha mesa enquanto eu e Brianna o olhava.

Ele esperava uma resposta minha, enquanto seu peito subia e descia pela performance que ele havia acabado de fazer. Tirei o sorriso do meu rosto e me levantei, subi sobre a mesa e fiquei quase a mesma altura dele, caso ele não fosse tão mais alto do que eu.

— Você poderia sair de cima da mesa? Por que eu tenho que limpa-las depois com uma pessoa totalmente irritante, após as aulas.

O sorriso que estava no rosto ia começando a sumir, quando eu me aproximei ainda mais ele e o segurei pela gola da sua camisa branca que estava por baixo de um blazer cinza e o beijei. Fazendo todo o meu corpo, meu coração, meus sentimentos e todo o refeitório explodirem em gritos, aplausos e assobios enquanto Thomas passava seu braço ao redor da minha cintura e me puxava colando ainda mais meu corpo no seu. 

the end.