10 - Aquele com a conversa amigável

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Eu tentei subornar o zelador

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Eu tentei subornar o zelador.

Não me entenda mal, eu só não suportava mais limpar aquele refeitório e as quadras todos os dias depois das aulas. Então eu aproveitei meu intervalo entre uma aula e outra e sai a procura dele pela a escola. O encontrei o armário de serviços gerais no segundo andar.

Tentei o convencer com os bolinhos de bananas que meu pai fazia todos os dias e quase nunca comia todos. Surrupiei alguns antes de sair de casa para a minha tentativa de suborno. Mas o senhor com cabelos brancos me fez sair correndo dali ameaçando dizer para a diretora que eu não fazia meu trabalho direito.

Ele ainda ficou com os bolos. Todos eles!

E eu sai correndo, literalmente dali. Corri até a área externa e sentei-me nas ultimas arquibancadas. Encostei minha testa em meus joelhos e me permiti respirar. Eu precisava parar de ser sedentária. Jesus!

— O que você está fazendo aqui?

Gelei. Era agora que eu ficava de detenção se fosse o inspetor a falar comigo. Eu não tinha um passe para ficar fora das aulas e nem mesmo uma desculpa descente. Levanto meu rosto lentamente pronta para ver um loiro branquelo e barrigudo na minha frente, mas dou de cara com Thomas. O alivio me invade.

— Matar aula não parece muito do seu feitio.

Eu poderia responder qualquer coisa. Poderia falar que só por que eu era uma aluna aplicada, não quer dizer que eu não possa faltar aula. Poderia manda-lo embora, ou então manda-lo procurar outra coisa para fazer além de me encher a paciência.

Mas eu apenas abaixei minha cabeça novamente sobre meus joelhos e fechei os olhos.

— Não é bom para um atleta faltar aulas, também.

Não estou com os olhos abertos, mas posso ter certeza que Thomas estava sorrindo.

— Eu vi o zelador colocando você para correr... Pra ser sincero, não entendo o motivo de você me odiar tanto. — Suspiro, mas mantenho os olhos fechados. O vento que batia em nós era gelado, mas ao mesmo tempo refrescante.

Coloquei meus cabelos para trás, os tirando da frente do meu rosto e levantei meu corpo e abri os olhos encontrando Thomas recostado contra os degraus da arquibancada. O vento batia em seus cabelos negros fazendo alguns fios voarem, assim como os meus, mas de uma forma bonita e não de uma catástrofe que os deixa assanhando e bastante armados.

— Eu não odeio você. — Odeio sim! — Eu só acho injusto termos que fazer tudo isso e Caleb apenas ter palestras e consultas com psiquiatras. Ele devia fazer trabalhos forçados também e perder algo importante assim como você e eu. — Digo expondo tudo o que sentia –ou quase tudo- naquele momento e ele assente a cabeça.

— Acho que perder um jogo importante é bastante para ele. — Thomas diz e eu bufo em frustração.

— Por que você está o defendendo? Ele pode jogar com o outro time novamente. Você pode participar da competição, mas eu não posso participar da seleção que me levaria para a competição de física estadual. Vocês que fizeram o pior e por que só eu tive que ter a maior perda? Física pode não ser importante para os outros, mas é para mim! — Digo com mais ênfase do que é preciso e sinto meus olhos serem inundados por lágrimas e respiro rapidamente. Eu já estava aguentando aqueles sentimentos desde que tudo começou.

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