Inquieta

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Narrador - personagem 

Minha vida estava muito bem.  Trabalhava num escritório de contabilidade,  tinha uma vida estável. 

Em um belo dia,  meu irmão David que há  muito não o via,  surpreende -me com uma ligação. 

– David! – Atendi no terceiro toque ao ver de quem se tratava – Que saudade! 

– Oi Regina.  É difícil te achar ! – Ele RI baixo– Como está? 

–Bem e você? – Ela dá uma risadinha.  – Meu número é o mesmo

– Tenho uma proposta pra você– Ele adota um tom profissional, que me deixa curiosa.

Paro por um instante os cálculos que estava fazendo,  David e eu na realidade éramos grandes amigos e havíamos crescido juntos. Não podia negar que sua ligação me surpreendeu.

– Diga. Sou toda ouvidos.– A sensação era que algo muito bom que estava por vir

– Mary assumirá meu posto como presidente da empresa e ela praticamente exigiu que você fizesse parte do quadro de funcionários – Se eu não conhecesse minha mulher, diria que eu estaria em perigo – Eu não consegui conter o meu riso. Mary era louca por David.

– Relaxa, a Mary pra mim é uma irmã, seu idiota – David sempre me fazia rir

Na verdade,  David foi o primeiro à notar que eu era alguém diferente. James seu irmão, era apaixonado por mim e o havia pedido que  fingisse ser ele ao me pedir em namoro. O que os dois esqueceram era que eu sabia as diferenças entre os "irmãos Nolan"

James sempre assumiu sua personalidade estilo "bad boy" e que na realidade para mim demonstrava sua completa insegurança.  Já David,  era corretíssimo,  nada hipócrita e muito envergonhado.  David até tentou,  na hora, assumir a personalidade do irmão, não conseguiu claro. 

David sempre me deixou muito à vontade e naquele momento senti que precisava dividir quem eu realmente era com alguém.

Flashback

– E então Regina? Aceita ficar comigo? – Ele estava muito,  muito nervoso

– David?  É você e não James – Não sei como tive aquela certeza,  mas a imprimi em minha voz. 

– Não dá mesmo para enganar você Regi – Diz ele,  visivelmente aliviado

– Não– Dou de ombros enquanto rio– Diga à seu irmão que  não aceito. Não teria como,  sou homossexual.  – Dizer aquela frase em voz alta pareceu me libertar de alguma forma

Flashback Off. 

Lembrei por um segundo que havia contado a David sobre ela. Sobre o que eu sentia por ela.  Emma. 

–Fico tranquilo.  Escute,  sei que  você  está trabalhando,  em uma empresa renomada...  Mas, o que acha de arriscar e ter seu salário dobrado,  muito menos trabalho,  horário reduzido e trabalhar muitas vezes em casa? – David parecia esperançoso. 

Olhei para os papéis à minha frente, realmente trabalhar em casa e ter muito menos trabalho era algo tentador. 

–Preciso pensar David.  Você me pegou muito de surpresa.  Não que eu esteja recusando – Me apressei em explicar. 

–Não  se preocupe eu  entendo – Ele diz com segurança 

Três meses depois me vi aceitando a proposta de David que nesse meio tempo foi preparando à todos para a mudança.  

– Vou lhe emprestar a secretária mais eficiente para que se ambiente fácil – Ele me disse super sério  ao telefone 

– Obrigada David.  Mas me adapto rápido – Disse,  pensando mentalmente se ele estava duvidando da minha capacidade – Mas,  se quiser... 

– Está decidido – Ele é incisivo

Chega o dia em que me apresentaria na "Nolan e associados". Engracado,  eu me sentia muito ansiosa e nervosa.  Não consegui dormir à noite,  coisa que há muito não sentia.  Tentei me acalmar,  respirar como havia aprendido, mas a certeza de que algo estava muito errado não me abandonou ao clarear o dia.

Lembrei que Cora, me dizia que eu sempre tive esse  "sexto sentido" se é que eu podia chamar assim. Ele,  tampouco aparecia com frequência. 

– Acalme Mills – Disse à mim mesma enquanto fazia minha maquiagem leve,  ressaltando meus lábios,  que eram meu orgulho. 

Passei inconscientemente a mão sobre minha cicatriz,  era inevitável não lembrar de Emma. A culpada de eu ter aquela cicatriz.. Afastei logo aquele pensamento.  Não sei o que me levou à pensar em Emma Swan naquela hora... 

Fui para o carro e a cada vez que me aproximava da empresa de David,  ficava mais inquieta. 

– O que você tem Regina?  – Perguntei– me mordendo o lábio inferior 

Entrei no estacionamento, realmente a empresa era grande. Eu jà havia estado ali e forcei minha memória para lembrar o caminho. 

Algumas pessoas me cumprimentaram no caminho e eu as respondi,  forçando o sorriso e pelo que pude ouvir a minha segurança que já considerava habitual,  havia retornado,  mas, aquela inquietação fazia meu coração palpitar. 

Entrei no elevador com mais três pessoas e as cumprimentei.  Após ouvir respostas tão educadas,  as vi descer.  O meu andar era o último.  O elevador chegou e quando o ouvi seu barulho de parada respirei fundo inconscientemente. 

A porta se abriu e observei o ambiente na tentativa de me acalmar.  Observei de relance a presença de duas mulheres conversando,  mas não me fixei nelas. Eu tentava observar qualquer outro ponto,  sinto que uma das moças me observa e a sensação é desconfortável. 

– Emma! – Ouço o grito exato com aquele nome vindo do meu lado direito,  e claro presto atenção. 

Uma moça corria para frente da mesa onde a outra havia caído pelo que pude perceber. 

– Meu Deus alguém me ajuda!  – Ouço seu grito assustado e sem pensar corro para perto.

– O que houve?  – Ouço a minha própria voz perguntar como se eu não estivesse ali

– Minha amiga desmaiou! – Diz a moça pra mim. 

Olho para a moça caída  ao cha chão e meu mundo parece parar... Era ela. 


EMMA– Ouço uma voz desesperada e trêmula.  Só instantes depois,  identifico aquele grito como sendo meu






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