8. Paulo e Ana - A história de nós dois

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Bom dia, meu Amor.

Desculpe-me, mas não tive coragem de te acordar.
Já fiz o café da manhã e pus a louça suja na máquina.
O jantar está pronto.
Às 12, a Sofia virá trocar as cortinas.
O eletricista não poderá vir hoje, mas o lustre novo já está na sala.
Pus umas roupas na máquina. Põe na secadora antes de sair?
O Guto te ligará para marcar de almoçar contigo, e as crianças vão pra casa de minha mãe.
Na volta do trabalho, passo lá pra buscá-las.
Mamãe manda um beijo.

Amo-te.
Seu,
Paulo.

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- Que coisa! – diz Paulo indignado, sentado à mesa com o jornal em uma mão e um xícara de café preto na outra.

- O quê? – pergunta Ana, de pés descalços e com a roupa do trabalho, sentada na outra extremidade com o celular em mão, verificando os e-mails da madrugada.

- Teremos que mudar de rota esse fim de semana. As obras da prefeitura estão no meio do nosso percurso.

- Sério? – solta o celular e começa a empacotar lanches para Cinthia, sua filha de quatro anos.

- Sim. Mas não vai causar atraso, creio. – se levanta e verifica o filhinho dormindo no bebê conforto.

As manhãs na casa dos Andrade eram assim: calmas, sem pressa, sem correria. De certo que houve um tempo de correria, mas isso foi antes de o Paulo e a Ana se casarem. Antes, a Ana vivia em função do tempo. Advogada, estava sempre com um causa em aberto, um processo para abrir, pilhas e pilhas de documentos para verificar, sem contar, claro, as aulas ministradas no período da noite e as funções de coordenadora do curso para com tudo isso acumular um salário gordo no fim do mês. Paulo, médico cirurgião, vivia dirigindo de um plantão para outro, dormindo nos intervalos, tomando goles generosos de café assim que suas pestanas reconheciam a luz da manhã.

Se conhecerem numa tarde de domingo, numa rara folga dos dois, num almoço corriqueiro na casa de um amigo em comum. Bem, se eu lhes contar que foi amor à primeira vista, e que as semanas seguintes mudaram drasticamente a rotina e a vida dos dois não estaria mentindo por inteiro. Nada foi tão rápido, mas tudo foi bem verdadeiro.

Os dois se viram de um ponto distante do terraço. Ana segurava uma taça de um líquido alcoólico e que não era cerveja, Paulo estava com o cabelo desgrenhado e colarinho amassado, pelo menos a camisa estava limpa - era a única que tinha naquele dia que não era branca e que estava limpa. Ana vestia um vestidinho de verão, com um sapato de saltinhos baixos e confortáveis – um acalento para seus dedões pressionados durante toda a semana.

O sol brincava de brilhar entre as nuvens, enquanto o vento parecia um menino bagunçando as folhas secas no chão e fazendo as toalhas dançarem nos tampos das mesas, derrubando uma taça vez ou outra. Era um fim de manhã quente, porém fresco. Estar a poucos quilômetros da praia tinha suas vantagens.

Enquanto Paulo conversava com um grupo de amigos, todos médicos formados ou residentes, Ana conversava com sua melhor amiga, Sabrina, casada com Júlio, o anfitrião. Na primeira vez que se olharam, havia um fino rastro incerteza e timidez, mas a curiosidade que ficou no meio do trecho entre os olhares era densamente tentadora.

- Quem é aquele ali? – perguntou Ana à Sabrina ao mesmo tempo que Paulo perguntava a respeito dela para um dos homens ao redor dele.

- Paulo Andrade. Médico. Cirurgião. Mora no prédio ao lado. – Sabrina diz um sorriso sagaz no rosto.

- Solteiro? – Ana pergunta.

- Sim, senhora. Solteiro, disponível e... lindo. – as amigas riem de sua íntima maneira de falar.

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