5. Lucrécia e Oswaldo - Encontro (parte 3/3)

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- Quero o divórcio! – ela berrou.

- O quê?! – ele se assustou.

- Exatamente o que você ouviu: quero o divórcio

Ele engoliu seco.

- Você está exagerando.

- Não, não estou! Eu já disse: quero o divórcio.

Os dois só brigaram uma vez desde o casamento há 3 anos. Ele realmente não entendia o motivo, mas não sabia como argumentar. A briga tinha sido incômoda por demais: grana! O pior assunto de todos para acabar com o romance perfeito que eles vinham vivendo desde então.

- E as crianças? Como ficam?

- Nós NÃO temos filhos!

- Porque VOCÊ não quis! Mas poderíamos ter...

- Podeamos: futuro do pretérito... "fato que poderá ou não ocorrer, dependendo de determinada condição". Nós podeamos, sim, ter tido filhos. ANTES do DIVÓRCIO!

- Mas nós teremos, amor.

- Não teremos!

- Teremos!

- Não mais. Já disse e não vou repetir.

Ela estava irritadíssima. Enquanto ele a todo custo queria livrar-se dessa palavra e da situação, ela implicava com as duas.

- Por que não damos um tempo?

- Tempo? Tá louco? Isso não existe!

- Claro que existe! Tanta gente por aí que dá um tempo no relacionamento... por que nós não podemos dar um tempo também?

- Tá! Digamos que eu aceite... você moraria onde?

- Aqui, claro!

- Não, não, meu caro. Este apartamento é MEU.

- É NOSSO, amor. Comunhão Parcial de Bens, lembra?

- Justo! P-A-R-C-I-A-L. Esse apartamento está em MEU nome.

- Mas foi um presente do NOSSO casamento.

- Mas sempre esteve em MEU nome, porque antes de ter sido NOSSO presente de casamento, foi MEU presente de 18 anos!

- Mas a mobília NÓS compramos JUNTOS!

- Quer serrar cada peça ao meio, é isso?

- Não, claro que não!

- Então o quê?!

- Não quero te deixar aqui sozinha, amor...

- Pára de me chamar de amor!

Um apartamento tão bem localizado, tão bem dividido, tão bem mobiliado... motivo de briga para o casal mais perfeito que a vizinhança já vira... onde já se viu?!

- Quer que te chame de que, então?

- Pelo meu nome, ora!

- Então tá: não quero que você fique sozinha, Lu-c-r-é-cia.

- Bem melhor assim, Oswaldo.

- Então... vai sair ou não?

- Claro que não! Quem tem que sair é VOCÊ!

- Tá! Digamos que eu aceite... eu iria pra aonde?

- Pra casa de sua mãe! Pra aonde mais?

- Não! Definitivamente pra casa dela não! - diz Lucrécia com um olhar quase de desespero.

- Pra aonde, então?

- Fico aqui! - bate o pé firmemente no chão.

- Aqui, não! - Oswaldo respira fundo - Lu, pára com isso! Nós não temos que nos divorciar por causa de uma briguinha à toa.

- Então o quê? Você vai dormir na sala?

- Não... No quarto de hóspedes, que tal?

- Lá, não! Ficou louco de vez? E além do mais, lá não é um quarto de hóspedes.

- É, sim... pelos menos desde que terminamos de mobiliar.

- Não é o quarto de hóspedes – diz mais calma – É o quarto da Liz.

- Liz?

- Ou do Paulo...

- Paulo? Quem são? Amigos seus? Você deveria ter me dito antes de querer abrigar gente aqui, Lucrécia.

- Não é nada disso... São nomes para nossos filhos...

- Filhos? Tá louca, Lu? Você acabou de dizer que não quer ter filhos.

- Falei?...

- Falou.

- Mas.... ....acho.... que agora já é um pouco tarde.

E lá estavam os dois de volta aos sorrisos e aos beijos.

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Até!
Gabriella Almeida

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