9 - Anger

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Uma coisa que eu não tinha a reclamar era o fato de não ter ressaca ao acordar no dia seguinte. Eu costumava dormir sempre até quando podia em meus dias livres, mas o som de meu celular vibrando na cômoda ao meu lado me acordou. Porém, quando fui me mexer para pegar o aparelho, ainda de olhos fechados, percebi que não conseguia me mexer.

Abri os olhos lentamente, me acostumando com a pouca luminosidade. Então, ao ver metade do corpo de Jade sobre o meu, todas as lembranças da noite passada voltaram rapidamente à minha mente.

Que merda eu tinha feito?

Eu realmente não achava que eu pudesse ser tão burra. Jade merecia algo melhor. Mas, ao perceber e lembrar como seu corpo se encaixava perfeitamente com o meu, eu tive vontade de permanecer naquele momento por mais tempo.

Com o maior cuidado possível, virei Jade para o outro lado, de modo que ela saísse de cima de mim, e eu automaticamente senti falta de seu calor. A morena buscou algo com sua mão, ainda adormecida, e encontrou meu travesseiro, que abraçou com força.

Jade era incrivelmente adorável, até mesmo dormindo.

Levantei-me da cama e coloquei uma camiseta qualquer, já que eu não estava vestindo nada. Cobri Jade melhor, já que eu sabia que ela sentia bastante frio enquanto dormia, e peguei uma roupa para colocar após o banho.

Depois de tomar banho, ao me olhar no espelho, pude notar as várias marcas em meu corpo. E, pelo que vi quando acordei, Jade não estava muito diferente.

Quando voltei ao quarto, a morena ainda estava dormindo. Resolvi não acordá-la, já que a mesma deveria estar cansada. Peguei meu celular e fui até a sala, que estava um caos. Havia peças de roupa espalhadas por todo canto, inclusive em cima da geladeira, na cozinha. Eu não fazia ideia de como minha camiseta foi parar lá.

Após juntar todas as peças, fui fazer o café da manhã. O relógio marcava as dez da manhã, ou seja, cedo para um dia de descanso. Mesmo assim, resolvi que panquecas seria o suficiente para alimentar Jade e eu.

Eu estava terminando as panquecas e cantando uma música que tocava na rádio quando a porta de entrada do apartamento foi aberta. Jesy entrou pela mesma, me assustando.

- Você deveria trancar a porta e atender minhas ligações - ela disse, largando a bolsa em cima da mesa da cozinha e sentando-se na bancada. - E também deveria me avisar quando sair mais cedo dos lugares quando ir comigo. Eu fiquei preocupada.

- Você pode falar um pouquinho mais baixo? - pedi, quase sussurrando. - Desculpe, aconteceu um imprevisto.

- Por que falar mais baixo? - Jesy ficou um momento em silêncio, então bateu com a mão sobre sua perna. - Você trouxe alguém para cá?

Depositei a última panqueca no prato e o levei até a mesa. Jesy sentou-se na cadeira que acompanhava a mesa, e aguardou que eu a respondesse.

- Bem, é complicado - respondi, colocando três pratos na mesa.

Eu realmente queria que Jade hibernasse em meu quarto, apenas para não ter que explicar para Jesy que era ela que estava ali.

Mas, como se o universo estivesse contra mim, a porta de meu quarto foi aberta, e uma Jade ainda sonolenta saiu de lá. Ela estava vestindo uma de minhas camisetas, que ficava ainda mais bonita nela, e seus cabelos estavam perfeitamente bagunçados. Ela parou no corredor no momento em que viu Jesy, e suas bochechas ficaram vermelhas. Jessica virou-se em sua cadeira, que ficava de costas para o corredor, para conseguir ver quem tinha saído de meu quarto, e voltou a olhar para mim novamente com um olhar não muito amigável.

Desviei os olhos de Jesy e sentei-me na mesa, indicando para Jade fazer o mesmo. Ela caminhou calmamente até nós e sentou-se ao meu lado, parecendo acuada. O café foi inteiramente em silêncio, até que Jesy se pronunciou.

Behind The Flashes | JerrieOnde histórias criam vida. Descubra agora