20 - Pain

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Ela distribuía beijos molhados por meu pescoço, intercalando com mordidas, enquanto descia até a clavícula, continuando ali. Suas mãos estavam em meus ombros, e as minhas apertavam a sua cintura, já que eu precisava expressar aquelas sensações de alguma forma. Soltei uma espécie de gemido quando senti-a chupar a curva de meu pescoço, e apertei com um pouco mais de força sua cintura. Ela estava me torturando com aquela demora.

Assim como ela me torturava com algumas outras coisas, na verdade. Como, por exemplo, todas as vezes que machucava meus sentimentos e parecia não se importar, e eu fingia não me importar. Ou quando, nos últimos dias, ela vinha fugindo do assunto quando eu sugeria um relacionamento sério.

E lá estava eu, sentada no sofá do apartamento de Jade, com a morena em meu colo, porque eu sempre cedia. Era sempre eu quem pedia desculpas, sempre eu quem corria atrás, sempre eu quem se importava. Jade apenas sorria, com aquele seu sorriso que me desestabilizava, me beijava e seguia como se nada tivesse acontecido, como se ela não se sentisse culpada.

Pensando melhor, ela realmente não devia se sentir. Afinal, em sua cabeça, ela não fez nada de errado, certo? Ela não quer um relacionamento sério, e, apesar de dizer que eu era a única para ela, eu precisava de muito mais que palavras para ter isso comprovado. Jade era alguém que tinha medo: medo de se entregar para algo tão atraente e quebrar novamente.

Eu estava constantemente tentando mostrar que aquele medo era em vão - eu não iria machucá-la, era ela que estava me machucando -, mas Jade não conseguia ver e entender aquilo.

Com aqueles tipos de pensamentos nublando minha mente, mal notei quando a morena já estava desabotoando minha camisa. Seus lábios, levemente avermelhados por conta dos beijos, continuavam em contato com a pele de meu pescoço.

- Jade, para - falei, com a voz fraca. Ela ignorou, continuando com os beijos e terminando de desabotoar a camisa vermelha que eu vestia. Limpei a garganta e tentei novamente, com a voz mais firme. - Jade, por favor, para.

Ela ergueu a cabeça e me encarou com seus olhos castanhos como se eu tivesse falado algum idioma desconhecido e ela não tivesse entendido. Jade ergueu uma de suas sobrancelhas e tombou a cabeça para o lado, perdendo o brilho lascivo do olhar.

- Desculpe, eu fiz algo de errado?

Na verdade, sim.

- Não, eu só preciso... - soltei um suspiro, sem saber como respondê-la.

Afinal, do que eu precisava?

Talvez de uma mudança de atitude de sua parte, que ela começasse a confiar mais em mim, e parasse de fugir. Também seria ótimo se ela enfrentasse os problemas logo, para livrar-se logo deles ao invés de simplesmente ignorá-los, como vinha fazendo. Eu sabia que Jade tinha plena noção de seus atos, já que eu a conhecia bem e há tempo demais. 

- Há algo de errado? - a morena perguntou, fitando-me com preocupação aparente nas orbes castanhas.

Fiquei algum tempo apenas encarando-a, não sabendo a resposta para sua pergunta. Suas mãos permaneciam segurando meus ombros, e seus polegares acariciavam minha pele. Ela queria que eu me sentisse confortável para falar.

Isso era, de certa forma, irônico, levando em consideração que era ela quem sempre fugia dos assuntos sérios entre nós.

Deixei minhas mãos penderem ao lado de meu corpo e desviei o olhar do seu, limpando a garganta durante isso. Se eu não falasse agora, provavelmente nossa relação continuaria a mesma, e não era isso que eu queria.

- Sim, há muitas coisas erradas - falei, ainda fitando a parede cor creme. - Eu não aguento mais o rumo que nosso relacionamento está levando, e ver você não se importando e fugindo disso me magoa, e o pior é que você sabe disso e prefere ignorar. Parece que você quer fugir de um coração partido, mas está quebrando o meu no processo.

Pude sentir o corpo de Jade se retesar em meu colo. Ela estava claramente desconfortável, mas quem se pôs naquela situação foi ela. Eu não podia fazer nada se, apesar de ter amadurecido para diversas coisas, uma parte de si tenha continuado um tanto quanto infantil.

- Desculpe, eu não estou entendendo bem o que você está falando - ela respondeu.

Isso fez com que eu voltasse a encará-la, completamente descrente com sua resposta. Não era possível que ela estivesse mesmo fugindo do assunto depois de eu praticamente jogá-lo em sua cara.

- Eu não acredito que você está fazendo isso de novo - um sorriso irônico formou-se em meus lábios. - Você não vê que isso está acabando com a gente? Que isso está acabando comigo? Por que não pode pensar um pouco em nós e deixar o orgulho de lado? Ou vai machucar demais o seu ego?

Pelo menos minhas palavras causaram algum efeito em Jade. Ela levantou-se rapidamente de meu colo, e parou a alguns metros de mim.

- Você quer que eu não fuja do assunto? Quer saber o que eu acho sobre um relacionamento sério? - a morena perguntou, cruzando os braços. - Eu acho que devemos dar um tempo. Estamos indo rápido demais, e você claramente não está me respeitando e precisa me conhecer melhor, já que disse aquelas coisas sobre mim. Agora, por favor, vá embora do meu apartamento. Amanhã temos uma entrevista e eu preciso dormir.

Fiquei alguns segundos sem reação, já que suas palavras me atingiram em cheio. Como sempre, Jade não mediu sua fala e eu estava segurando minhas lágrimas, já que não iria chorar em sua frente. Não valia a pena.

Sendo assim, levantei-me do sofá e fechei os botões abertos de minha camisa. Olhei-a uma última vez, procurando algum resquício de culpa ou arrependimento, mas ela estava séria e parecia ter certeza de cada uma de suas palavras. Eu esperava que meus olhos deixassem claro tudo o que eu sentia, mas nem isso abalou sua postura. Dei-lhe as costas, peguei minha bolsa e saí de seu apartamento sem olhar para trás novamente.

Então eu desabei. Deixei que tudo que estava acumulado dentro de mim saísse assim que fechei a porta, e, quando cheguei ao elevador, eu já estava em prantos.

Não sei bem como cheguei até meu carro, e, quando notei, já estava dirigindo em direção a meu apartamento. Uma música com a melodia triste tocava no rádio, acompanhando as lágrimas que continuavam descendo por meu rosto. Eu só queria chegar em casa e esquecer-me completamente de tudo: da entrevista, do show que teria de realizar amanhã, e que seria obrigada a ver Jade e fingir que nada aconteceu, que tudo estava bem.

Eu só queria que a dor passasse.

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OI MEUS AMORES! Tudo bom com vocês? Como estão? Eu senti muito a falta de vocês!

Eu nem sei por onde começar a me desculpar. Sei que demorou MUITO essa att (a última foi em Outubro!), mas eu estava realmente ocupada com a escola e com meu grupinho de dança, então espero que entendam.

Mas agora estou de férias, e livre para escrever (e atualizar) minhas cinco (?!) fanfics para vocês.

Sobre o capítulo: que tipo de escritora é essa que volta só para fazer vocês sofrerem? Podem me xingar, eu deixo, sei que sou um pouquinho má com vocês, mas o drama faz parte.

Nos vemos em breve, bebês (juro!). Se quiserem falar comigo, só chamar, adoro as mensagens de vocês ♡

Behind The Flashes | JerrieOnde histórias criam vida. Descubra agora