10-ESCURIDÃO

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By Anne Rocha

Nem parece que o Filipe tomou um soco nas costelas, porque ele está andando tão rápido que eu vou precisar correr se quiser mesmo alcançá-lo.

Penso em chamar ele, mas tenho a impressão de que ele vai sair correndo se eu fizer isso, eu sei que ele quer ficar sozinho, mas ele é meu amigo e eu tenho todo o direito de cuidar dele.

Ele anda apressado como se soubesse exatamente aonde quer chegar, segue rumo à uma região de mata fechada, se eu não correr será fácil ele se desvencilhar de mim, mas não vou deixá-lo escapar!

O vejo se meter por entre as árvores e eu sigo atrás, os espinhos me arranham as pernas, mas eu não vou desistir.

Em meio ao emaranhado de árvores, pedras e gravetos me passou pela cabeça que eu poderia facilmente me perder ali, e isso não é nada bom.

Ouço um ruído estranho e me desespero, aliás pode ser um animal selvagem. Ouço novamente um som estranho, e desisto definitivamente da brincadeira de gato e rato com o Filipe, respiro fundo e grito à plenos pulmões.

-FILIPE! CADÊ VOCÊ? ME ESPERA...

Um pressentimento ruim me domina, e eu começo a suar frio.

-FILIPE POR FAVOR, ME ESPERA!

Eu tento correr por entre as árvores, mas é uma tarefa quase impossível e agora já não vejo nem sinal dele.

-DROGA, FILIPE NÃO TEM GRAÇA, AONDE VOCÊ ESTÁ?

Um barulho um pouco atrás de mim me chama atenção, mas já é tarde demais! Uma mão forte me agarra por trás, enquanto a outra tampa a minha boca.

-Fica calada piranha - ouço o som abafado da voz por debaixo de uma touca ninja, que me permite ver apenas os olhos.

Mais três homens aparecem, todos vestidos de preto com touca ninja também. Não precisei pensar muito para saber que são da Alcatéia, e que eles não querem nada de bom comigo.

-O chefe quer ela viva, segura a onda! - um dos homens fala para o que está me segurando, pois este parece querer me partir ao meio com um braço só.

O pânico causa reações diversas nas pessoas, no meu caso eu comecei a ver tudo escuro, como se de uma hora para outra o sol que até então estava brilhante no céu tivesse resolvido se esconder ou eu tivesse recebido uma pancada na cabeça tão forte que ainda não havia me dado conta.

Mas, com a pouca sobriedade que ainda me restava pude ver ele aparecer das sombras (acho que a tal sombra estava apenas na minha mente)  ele apareceu sem camisa, e eu pude reparar que ele é muito mais forte do que eu pensava.

-Solte a garota! - sua voz era baixa e firme, e eu procurei por aquela aparência de bom menino que eu sempre admirei, mas tudo o que eu vi foi escuridão.

As cenas seguintes foram se sobrepondo na minha mente rápido demais para eu compreender, o Filipe frio, calculista, cruel e assassino eu não conhecia, foi um choque e tanto vê-lo acabar com dois daqueles homens na minha frente, os outros dois escaparam.

-Anne é tão fácil puxar um gatilho, mas não dá a mesma sensação de senti-lo estrebuchando nas minhas mãos, o sangue espirrando na cara é a melhor droga que eu já provei em toda a minha vida! - ele discursava enquanto estrangulava um cara aos meus pés.

-Filipe chega, me tira daqui! - eu imploro com o coração saindo pela boca, eu não queria ver aquilo, esse não é o meu Filipe, esse não é o meu menino tímido e bom.

Eu fecho os olhos com força, porque a cena daqueles homens estraçalhados na minha frente era forte demais.

-Me desculpa Anne!

Ainda com os olhos fechados, não consegui sentir verdade no pedido de desculpas do Filipe e isso me apavorou ainda mais.

O meu dia sem sol virou noite de vez, eu mergulhei numa escuridão profunda e a voz do Filipe estava longe demais para que eu pudesse escutar.

Você me ouve?
Estou falando com você
Através da água
Através do profundo oceano azul

Lucky - Jason Mraz feat Colbie Caillat

***

ESPERO QUE GOSTEM DO CAPÍTULO, NÃO DEIXEM DE DAR A OPINIÃO DE VOCÊS, BEIJOS 😘

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