40- MANTRA

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By Antônio Rocha

Observo de longe Khalid chegando com um dos gêmeos e a sua expressão faz um frio percorrer a minha espinha, não queria me sentir tão afetado pela jornalista, mas é inevitável.

-Conseguiu alguma informação? - pergunto, meio que já sabendo a resposta.

- Nada relevante!

-Mais tarde eu vou até lá, talvez ela se sinta mais à vontade comigo…

- Creio que sim…- Khalid responde bastante pensativo - Delegado, quando você for conversar com a Larissa vá com o coração fechado e a mente aberta. É notável que a moça mexe com suas emoções. Mas, ter dó dela pode custar a vida de todos nós!

- Eu sei o que tem que ser feito, não me ensine a trabalhar!  - respondo irritado.

Ainda estou do lado de fora da casa quando começa a chover, uma chuva forte, chuva de verão, com um pouco de sorte logo passará, não importa o que eu faça os meus pensamentos sempre se voltam para Larissa amarrada naquela árvore, com certeza deve está com frio, mas porque diabos estou preocupado com essa traidora? Ela sumir com o pen drive apenas a desmascarou, quantas coisas mais ela deve ter aprontado? E depois simplesmente vinha até mim buscar amparo como uma menininha assustada, por isso ela não se entregava por completo, eu era apenas parte do seu plano. A raiva volta a me dominar, mas vai embora tão rápido quanto a chuva que nos assolou durante o fim de tarde.

Espero todos na casa irem dormir, chamo o gêmeo que estava descansando e vamos até onde está Larissa.

Meu coração quase sai pela boca quando vejo Larissa completamente nua, com uma corda apertando cada pedaço do seu corpo, seu pequeno corpo suspenso e a palidez da sua pele mais os olhos fechados me fazem pensar que ela possa já estar morta.

Avanço em cima do gêmeo que está parado ao lado dela sem fazer nada diante daquela cena e lhe dou um soco certeiro, logo o irmão dele me segura eu tento me soltar, até que uma vozinha me traz a realidade, tirando-me do surto momentâneo:

-Antônio…que bom…que chegou…

-Tira ela daí seus filho da puta, quem fez isso com ela? Não precisava disso seus imundos, não precisava disso… - falo inconformado.

-Sr Shall que a amarrou assim, é uma forma simples de tortura, é uma verdadeira arte … - um dos gêmeos responde.

-Forma simples de tortura? A DESAMARREM AGORA!

-Sr Shall tem muito estilo… - o outro gêmeo completa.

-TIREM ELA DAÍ!!! - grito mais alto e finalmente as duas bestas começam desamarrar Larissa.

Quando ela está totalmente livre das cordas, seguro o seu corpo para que não caia no chão, ela está fraca, o corpo cheio de hematomas, aparentemente desidratada, tiro o meu casaco e coloco sobre ela.

-Estou com tanto frio - suas palavras fracas rasgam o meu coração ao meio, eu não podia ter permitido aquela atrocidade.

Levo Larissa no colo para o carro e a coloco no banco de trás, ligo o ar condicionado no quente e lhe entrego o pacote que trouxe com lanche e suco, eu mesmo que preparei quando Dona Gina deixou a cozinha, enquanto ela come abro o porta malas e procuro por roupas quente na mala dela. Embora estejamos no verão, deu uma boa esfriada após a chuva.

-Está bom o lanche? - pergunto.

-Sim. Antônio…não seja como eles…eu sei que você não é…por isso eu…eu me apaixonei…  - os olhos de Larissa ficam marejados e eu a interrompo.

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