BY ANTÔNIO ROCHA
-Me convença! - me sento num pedaço de madeira, e a Larissa se senta no chão ainda tremendo, ela veio durante todo o trajeto de volta para a chácara tremendo mais que tudo.
-Aqui está! - ela me mostra o guardanapo que o gorducho entregou a ela antes de morrer.
QUANDO EU ME FOR VÁ ATÉ O BANHEIRO FEMININO E PEGUE O SACO DE PAPEL NA LIXEIRA MAIOR AO LADO DA PIA
Devolvo o papel pra ela, e ela me entrega um saco desses de pão, com um celular antigo e um pen drive dentro.
-Eu sei que eu deveria ter falado com alguém, mas você estava chateado comigo, e o árabe me dá calafrios. Eu não sabia com quem falar, e eu não pensei que fosse acontecer tudo isso, Henrique sempre foi o mais medroso da turma, achei que era alguma besteira dele, não sabia que era sobre o Aldo Bittencourt...
-O que ele disse pra você lá na mesa? - pergunto procurando por alguma brecha na história dela.
-Parecia que já sabia que iam matar ele, ele dizia boa sorte o tempo todo e que era pra mim não deixar ser em vão o trabalho dele, que eu tinha que derrubar o senador!
-Engraçado Larissa você pareceu tão abalada com o tiroteio que teve aqui, com o e-mail que recebeu, mas parece que em nenhum momento você sentiu medo de sair da chácara sozinha, podia muito bem ser uma emboscada! E porque não te mataram? Naquela distância era impossível errar, mas você não era o alvo da noite, não é mesmo?
-Eu senti medo o tempo todo, mas quando um amigo chama, a gente vai com medo mesmo... Mas, isso é tipo de coisa que eu não espero que você entenda! E sobre eles não terem me matado, você me...salvou lá. Está arrependido?
-Não! Eu preciso saber o que você pretende...
-O que eu pretendo? Meu amigo morreu na minha frente...o que você espera ouvir de mim. Pode dizer que eu me arrisquei, que eu não pensei direito, mas eu não tinha com quem falar...
-Anne... - falo ainda analisando cada gesto dela, cada expressão facial.
-Sim, eu confesso! Eu pedi ajuda pra Anne!
-Minha filha não tem noção do perigo é uma criança praticamente...
-Você está muito enganado sobre a sua filha, ela é tão inteligente quanto o pai, a diferença entre vocês, está no sentir, eu não precisei dizer pra ela aonde eu iria, só disse que um amigo precisava de mim, em momento algum ela questionou a minha honestidade...
-Anne sente tão bem que namora um criminoso! - disparo irritado.
-Algo de bom ela viu nele!
-Ele a seduziu com palavras bonitas e vazias, e Anne caiu porque mal sabe diferenciar a mão esquerda da direita...
-Você subestima demais a sua filha, deveria prestar mais atenção nela, ao invés de criticá-la o tempo todo.
-O que você quer dizer com isso? Que eu sou um mal pai?
-Não! Que você é um babaca mesmo!
Larissa se levanta do chão, e sai balançando o cabelo e pisando forte como ela faz quando está muito chateada.
Odeio quando ela me chama de babaca, porque eu fico realmente me sentindo um verdadeiro babaca. Que merda!
Volto para a casa pensando no porque eu quero tanto achar culpa na Larissa, será que o meu faro policial está enferrujado, ou eu estou apenas procurando um motivo para arrancá-la da minha vida, ou do meu coração? Droga, eu estou mesmo ferrado!
Passo por um Khalid emburrado na frente da casa e entro, vejo as duas na sala cochichando entre si, Larissa e Anne.
Khalid entra e fala desanimado:
-Melhor irmos todos dormir esta noite já está indo longe demais...
As duas sobem para o quarto, e eu fico parado no meio da sala me sentindo derrotado.
-E aí o que você decidiu? - jogo a responsabilidade para o Khalid.
-A Larissa fica, Anne gosta dela.
-Ah entendi, as mulheres mandam por aqui.
-Pelo jeito sim... - ele dá um tapinha nas minhas costas e também sobe para o quarto.
Eu ainda fico alguns minutos tentando me recuperar de tudo o que aconteceu no dia até resolver também ir descansar.
-Desistiu de dormir no sofá? - não perco a chance de irritar a Larissa.
-O show acabou Delegado, eu tive um dia bem difícil, se não puder respeitar os meus sentimentos, enfia essa sua língua venenosa... hãm...dentro da boca e me deixe em paz!
Eu já falei que ela tem o dom de me fazer parecer um grande babaca?
-Desculpa! - peço envergonhado.
-Eu fui pra Itália atrás de você, porque mesmo sem te conhecer pessoalmente, eu sabia que você era inocente! Eu queria provar isso pra todo mundo, todos os jornais caíram matando em cima de você, eu fui a única jornalista que te defendeu... Isso é ser guiada pelo coração, mesmo tendo que ir contra os fatos!
-Eu já pedi desculpa, o que você quer mais?
-Que você pare de agir feito um babaca!
Tome mais um tapa na cara Antônio Rocha! Já chega! Melhor o babaca aqui encerrar essa droga de dia!!!
ISSO SE CHAMA #MULHERESNOCOMANDO 😂😂😂😂

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ALCATÉIA
Hành độngAnne Rocha - Filha de um famoso Delegado, namorada de um criminoso internacional, bonito e extremamente sedutor. Antônio Rocha - Pai de Anne, Delegado respeitado até ter sua brilhante carreira arruinada por um maldito árabe. Khalid Shall - Árabe, te...