37- ELO MAIS FRACO

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By Antônio Rocha

-Letícia pode me dar o pen drive, vou guardá-lo em um lugar seguro até descobrirmos quem é o espião!

-Tudo bem Delegado…

Letícia se retira do quarto, e eu me ponho a pensar na minha carreira policial, quantas vezes me deparei com os nomes que constavam naquele pen drive, aquilo era mais que uma prova, aquela pequena pecinha destruiria todo um sistema e colocaria grandes figurões atrás das grades, meus pensamentos são interrompidos por um grito de Larissa, desço correndo para o andar debaixo e a encontro revirando as suas coisas na sala.

-Roubaram o pen drive… - ela fala num murmúrio quase inaudível.

Faço uma retrospectiva da noite anterior, e o meu coração dispara. Droga Letícia, você não, você não deveria estar envolvida com eles, ela vem para o meu lado, mas eu me afasto e ela me encara confusa.

-O pen drive estava conectado no seu notebook ontem a noite, quando você estava no meu quarto eu desci para ver o tal presente que lhe enviaram, ele estava no notebook… -o meu punho se contrai ao ver o desespero dela, que atriz!

Chamo os gêmeos, porque ainda não consigo identificar quem é quem e pergunto (tentando aparentar uma calma que estou longe de sentir).

-Quem ficou de guarda aqui na porta ontem a noite?

-Eu! - Richard ou Clark responde.

-Alguém pediu pra entrar na casa, com qualquer desculpa, beber água, ir no banheiro, alguém passou por essa porta ontem.

-Apenas o Sr Shall, que ficou com a gente de guarda ontem a noite!

-OK!  - agradeço e eles saem rindo, como se eu tivesse lhes dito uma piada das boas, eu realmente desconfio da saúde mental desses dois, mas traição não, eles não são do tipo que trai.

Larissa ainda remexe suas coisas desesperada, e eu ando pela casa procurando por alguma brecha, alguma janela arrombada, algo que identifique outra forma de entrar na casa sem ser por aquela porta, mas não encontro, as imagens dos últimos dias desde que Larissa entrou em minha vida sambam na minha mente, vou até o "escritório" do Árabe e encontro uma maleta com sua coleção de facas, pego uma delas e volto para a sala.

Larissa vem na minha direção e o seu tom é de súplica:

-Desculpa Antônio! Desculpa, eu não sei…eu sei o quão era importante aquele pen drive…

-Shhhh! - ponho o dedo em sua boca. -Você não sabe Larissa, você ainda não sabe, mas vai saber…

Avanço para agarrá-la, ela tenta correr, mas eu sou mais rápido e coloco a faca afiada em seu pescoço.

-Me solta, seu maluco!!! - ela grita e eu a aperto cada vez mais. - Você está me machucando…

-Ainda não estou te machucando, mas vou te machucar muito se você não entregar o pen drive!

Ela joga sujo, chama pela Anne, grita feito louca chamando a atenção de todos por perto.

Alexandre e Gina são os primeiros a se manifestarem pra que eu a solte.

-Solte a moça Delegado, quando o Sr Shall chegar vocês conversam, é muito melhor!

Dona Gina por sua vez, me xinga todo em italiano, português enfim, mas eu não me importo estou acostumado com os elogios da velha rabugenta.

Me lembro de como fui um imbecíl com Larissa e a minha raiva cresce ainda mais, cheguei a acreditar que havia algo entre a gente, seguro firme a faca em sua garganta, e grito:

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