31-CASAL 20

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BY ANTÔNIO ROCHA

-Olha a ex donzela lá! - um dos gêmeos fala, até hoje não sei identificar quem é quem.

-Ela pedala rápido né, que força nas pernas! Nossa ela sentava de cócoras em cima de você Delegado, aposto que sim... - o outro retardado falou e confesso que doeu relembrar nossa cama tão boa.

-Cala a boca seus idiotas! Para de falar besteira.

-Delegado, você tem que chegar mais perto pra gente poder pegar ela e levar de volta pra chácara! - um dos gêmeos insiste em matracar nos meus ouvidos.

-Depois de uns tapas naquela bunda arrebitada ela conta tudo, pra quem trabalha, tudo e mais um pouco...

Esses dois estão me dando nos nervos, sei que ela foi uma grande traíra, mas me incomoda eles falarem dessa forma dela, que merda! Respiro fundo e explico para eles o que será feito:

-Vamos segui-la de longe! Ela tem um encontro com um tal de Henrique, acho que é um Hacker, algo assim. Pra quê pegar um, se podemos ter dois de uma vez só!

-Ah entendi! Matar dois coelhos com uma cajadada só - um gêmeo tenta fazer cara de inteligente.

-NINGUÉM VAI MATAR NINGUÉM OK?! - grito com eles.

-Sim Sr! - os dois respondem em coro. Não entendo mesmo como eles fazem essas coisas.

Depois de algum tempo saímos da estrada de terra e alcançamos uma das estradas principais de Brasília, ela esconde a bicicleta no meio do mato e atravessa a rua, anda apressado por mais alguns metros até um ponto de táxi.

-Safadinha, ela vai pegar um táxi! - Clark ou Rich comenta.

-De olho vocês dois, a gente não pode perder ela de vista.

Um táxi pára e ela entra, conseguimos segui-la, meu coração dá pulos dentro do peito, me sinto traído de todas as formas possíveis.

Chegamos numa padaria de beira de estrada, bem próximo inclusive da onde ela pegou o táxi.

A padaria é grande e apesar do horário está bem movimentada, o que facilita as coisas.

-Um entra comigo, outro fica no carro para o caso de precisarmos sair depressa daqui!

Como eles não conseguem tomar a simples decisão de quem fica e quem vai, puxei um pela camisa e resolvi a discussão.

Peguei dois bonés para cobrirmos o rosto, ela estava sentada numa cadeira bem escondida, próximo ao balcão, só reconheci pelo cabelo que ficava a mostra, na padaria havia várias pilastras, então escolhi uma que ficava bem próxima a ela, mas como ela estava sentada de costas não podia me ver.

Vi quando um rapaz rechonchudo se aproximou dela todo desconfiado, escreveu algo num papel e empurrou para ela.

O cara olhava o tempo todo ao redor, por um momento achei que ele me encarou, não de um jeito intimidador, mais como um pedido de socorro.

Ele segurou as mãos dela, e deu um beijo em cada uma, senti meu corpo enrijecer automaticamente.

-Ciúmes Delegado? - o gêmeo bocudo falou, mas não deu tempo de retrucar.

A padaria era toda de vidro ao redor, dando uma ampla visão para quem está dentro e para quem está do lado de fora, e um grande mal estar me invadiu quando vi aquela caminhonete chegando acelerando, estacionando exatamente aonde o casal 20 estavam sentados, vi o brilho da arma, o vidro se estilhaçar e o meu próprio corpo correndo para puxar a Larissa para trás da pilastra comigo.

Os gêmeos atiravam sem parar, e a caminhonete saiu cantando pneu, mas ainda assim consegui vê a placa do carro.

A padaria tornou-se um tumulto de pessoas gritando, e correndo pra todos os lados, ouvi um obrigado abafado da Larissa, que quando viu que a caminhonete havia ido embora foi de encontro ao Henrique que estava caído no chão cercado por uma poça de sangue, seu grande corpo perfurado e inerte.

-Vamos embora daqui agora! - falei pra ela.

-Eu preciso usar o banheiro! - ela me respondeu pensativa.

-DROGA LARISSA! VAI LOTAR DE POLÍCIA AQUI, ME DÊ UM ÚNICO MOTIVO PRA CONFIAR EM VOCÊ?

-Antônio, eu só preciso de 5 minutos, até menos, decida por si só se você vai me esperar ou não, ela olha para o buraco que o gêmeo fez com a cadeira na parede de vidro estilhaçada, e aponta para o carro. Agora vai!

Entro no carro, e o gêmeo que está no volante já quer sair acelerando, mas eu não deixo.

-Vamos esperar ela!

-Gamou na gostosa em Delegado!

-O próximo que abrir a boca pra dizer alguma gracinha sobre a Larissa vai ficar sem dente!

Ela volta correndo e entra no carro, e então partimos de volta pra chácara.

-Obrigada!

-Não agradeça ainda... - respondo.

-Eu posso explicar tudo... - sua voz sai tremida.

-Agora não! - a tensão domina o ambiente, e nem os gêmeos atrevidos se atrevem a abrir a boca.

Assim que chegamos na chácara, Khalid está nos esperando na entrada posso ver nos olhos dele que ele quer a pele dela.

Ela olha assustada pra mim.

-Como lhe disse antes, eu resolvo isso!

-No quarto??? - os gêmeos começam a rir, até que eu disparo um soco direto no imbecil que estava mais perto de mim, Clark ou Richard, tanto faz...

-E VOCÊ VEM COMIGO! - e saio andando a arrastando pelo braço.

-Você está me machucando me solta! - ela tenta se livrar, mas não consegue.

-Eu ainda não estou te machucando, mas posso fazê-lo, tudo depende de você!

Ela começa a chorar, só que dessa vez ela não vai me dobrar com lágrimas.

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