38- COVARDE E MAL CARÁTER

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By Antônio Rocha

Passei o dia todo no encalço de Larissa, e não ía deixar que aquelas lágrimas que ela derramou na minha frente aplacasse a raiva que eu estava sentindo no momento.

Quando a vejo no fim do dia arrumando as suas coisas na sala para dormir, dou um sorriso torto e vou até ela:

-Hoje você fica com o quarto, para a nos...quero dizer para a sua segurança!

Ela me olha de canto de olho, respira fundo, mas não rebate, pega algumas peças de roupa e sobe as escadas.

Me ajeito no sofá pequeno, e me ponho a pensar no porquê eu me apeguei tanto à Larissa, depois de Estela eu nunca mais fiz o tipo romântico, ou qualquer coisa parecida, saí com várias mulheres apenas por sexo e ao menor sinal de envolvimento normalmente vindo por parte delas eu ía embora na hora, sem culpa e sem remorso.

Acho que Larissa me fez lembrar Estela, não na fisionomia, a começar que Estela era loira e Larissa branquinha dos cabelos negros, mas sim Larissa me faz pensar em como estaria Estela se ainda estivesse viva.

Estela cursava jornalismo antes da sua vida ser interrompida de forma cruel, hoje ela seria uma grande jornalista à julgar pela sua determinação e ousadia, e me vejo novamente comparando as duas, Larissa foi extremamente ousada em me procurar na Itália, maldita traidora - praguejo mentalmente, mas as lembranças que me vem a mente é do seu corpo pequeno embaixo do meu, e dos seus gemidos abafados de encontro ao meu ombro.

Balanço a cabeça em negativa, num gesto inútil tentando afastar tais pensamentos, meu coração doía e lá embaixo latejava, eu sempre usei as mulheres, mas dessa vez Larissa me usou direitinho, eu bem que podia subir lá naquele quarto e dá o troco, mostrar todo o potencial do meu garanhão faminto, para depois acabar com a raça daquela traidora desgraçada!

A idéia é tentadora, mas eu prefiro usar o pouco do  caráter que ainda me resta e deixar a coitada descansar, porque amanhã ela terá um dia bem difícil, eu sou totalmente contra agredir mulheres, mas se tratando de uma pilantra como Larissa é necessário abrir uma excessão.

__________

É ainda muito cedo quando sinto uma mão forte chacoalhar a minha cabeça, busco a minha arma que coloquei no chão ao lado do sofá, mas um pé ágil a afasta pra longe.

-Está ficando maluco homem! - aquele sotaque horrível faz minha cabeça doer e eu me sento no sofá pensando como que pode aquele árabe desgraçado ainda estar vivo?!

-Está cedo demais, nem dormi direito ainda… - resmungo.

-Vai lavar essa cara, eu não quero que a Larissa morra de susto antes de ser interrogada - Khalid dá um sorriso cínico.

-Parece que alguém acordou animado hoje, está até fazendo piadinha - tento lhe acertar um soco, mas Khalid agilmente desvia, também eu ainda estou tonto de sono, não consegui dormir direito.

-Realmente estou muito animado Anne me faz muito feliz, se você escolhesse melhor s…

Dessa vez não o deixo completar a frase e lhe acerto um soco.

-NÃO FALE LEVIANAMENTE DA MINHA FILHA SEU VERME!!!

Agora estou totalmente acordado, e encaro o Khalid com raiva.

-Não falei para ofender a honra da minha mulher, a sua mente que é muito deturpada, vamos antes que você acorde a casa inteira.

Sigo desanimado para o andar de cima da casa, entramos no quarto de Larissa e pela cara dela vejo que não pregou os olhos durante a noite, seu semblante está visivelmente abatido, Khalid toma a frente da situação.

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