Capítulo 7

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Camila Pov

Por que eu não poderia ser como o John? Padrãozinho, bem resolvido, confiante. Por que eu sempre tinha que me meter onde não devia? Não posso me arrepender de conhecer Ariana e poder compartilhar momentos com ela e Luna, mas a quem eu queria enganar? Eu queria ser muito mais que uma amiga. Como ser amiga era tudo o que eu conseguiria, eu dava tudo de mim sendo uma boa amiga. Mas era tão difícil receber aqueles áudios dela com aquela maldita voz dengosa e fingir que estava tudo bem. Mais difícil ainda era tê-la em meus braços durante as nossas sessões de cinema e não poder beijá-la da maneira que eu queria.

Aceitei. Aprender a resiliência foi uma das minhas grandes lições de vida. Sempre me resignei diante de algo que poderia ser maior do que eu. E dessa vez não foi diferente. Era uma tortura vê-la sorrindo ao lado dele e se arrumando para se encontrar com ele. Luna parecia perceber que eu não estava bem e mesmo que não soubesse o porquê, ela me consolava.

Esses dias me fez um desenho que me deixou intrigada. No retrato feito por ela, eu estava ao lado de Ariana e segurava sua mão. John aparecia bem pequeno e lá no fundo. Quando a questionei sobre o motivo pelo qual ela havia feito o desenho daquela forma ela respondeu simplesmente que preferia a mim com sua mãe no lugar de John. A inocência de uma criança. Não cheguei a mostrar o desenho para Ariana, quis evitar qualquer tipo de situação constrangedora, mas parece que isso não estava ao meu alcance.

No domingo de manhã saí da casa das duas logo depois que Samantha chegou e antes que Ariana acordasse. Queria dar espaço a ela, pois se bem me lembro ela chegou pela manhã e merecia descansar.  Fui para casa e, num caso quase inédito nesses meus quase trinta anos, voltei a dormir. Tomei um banho, coloquei um pijama, blusa e cueca, e fui para cama.

Minha mãe passou no meu quarto para saber se eu não estava doente e mesmo eu dizendo que não ela só se convenceu após me examinar inteira e checar minha temperatura. Pedi para que ela fechasse a porta e ela me estreitou os olhos.

- Mamá, juro que estarei de pé na hora do almoço.

- No pasa nada.

Disse sem mais e eu me virei antes que ela fechasse a porta. Me cobri dos pés a cabeça e tentei esvaziar minha mente para esquecer de tudo e dormir tranquila, mas quando eu peguei no sono sonhei com ela. Sonhei que ela entrava em meu quarto e se atirava sobre o meu corpo na cama.

- Acorda, dorminhoca! Não era você quem ia levantar cedo e que a tal biologia não te deixava dormir muito? - Aquela voz melodiosa soando ao pé do meu ouvido não era um sonho.

Meu Deus! 

Não era mesmo um sonho. Ariana estava sobre as minhas costas em cima da minha cama. Eu estava embaixo da coberta vestindo uma blusa e uma cueca boxer, apenas. Completamente exposta. Cadê minha mãe que não viu essa mulher entrar aqui, meu Deus?

- Ariana! - A encarei  me agarrando a coberta em busca de proteção. ela não se movia, parecia destinada a permanecer ali e aquilo me deixou desesperada. - Sai daqui!

- Calma, estressadinha. - Levantou as mãos em rendição.

- Ariana, sai, por favor.

- Tudo bem, se você está nua e quer se trocar é só dizer. Não fica brava. Luna insistiu para que viéssemos te ver, mas parece que você não está em um bom momento.

- Não, eu... Só me espera na sala, por favor. Eu já estou indo encontrar vocês.

Ela nada respondeu, apenas saiu. Saltei da cama com o coração batendo forte e tranquei a porta. Meu quarto ficava numa espécie de anexo da casa, atrás da lavanderia ligada por um corredor e isso dava a mim algum espaço perante a super proteção da minha mãe. E agora eu me sentia um tanto invadida. Parei em frente ao espelho e corri os olhos pelo meu reflexo.

Under the MoonlightOnde histórias criam vida. Descubra agora