Capítulo 4

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No fim da noite, Sofia me fez ir com ela até uma sorveteria que era o point da garotada. Resolvi levá-la de moto para que assim eu pudesse aproveitar ao menos o caminho. Ela não se opôs. O pneu, que havia trocado, estava ótimo e eu sorri para o meu feito. Quando chegamos ela logo foi cumprimentar uns amigos e eu fui direto aos sabores. Montei meu combo mentalmente antes de efetivamente escolher. Depois de ter a delícia em minhas mãos sentei-me à mesa logo após cumprimentar os amigos de minha irmã.

Concentrada em meu sorvete demais para prestar atenção a qualquer outra coisa, só levantei meus olhos para um par de guardanapos estendidos em minha direção. Encarei a garota por alguns segundos antes de aceitar e agradecer com um sorriso sem dentes.

- Você se suja toda, Kaki. Parece criança. - Sofia diz e a amiga, que me estendeu os guardanapos nega com a cabeça.

- É fofo, Sofi. Sua irmã é fofa e não parece com você.

- Ah, me erra, Debby. Eu sou a descolada da família.

- Queria só ver o que a mamãe diria se te ouvisse dizer isso.

- Camila, volta pro seu sorvete!

- Da próxima não te trago mais.

Sofia faz careta e sua amiga, Debby, pisca pra mim. Posso jurar que estou vermelha como um pimentão. Vê se pode isso, uma garota de dezessete anos me deixando vermelha com um comentário e uma piscadela.

Nos despedimos das pessoas na mesa e vamos em direção à minha moto. Sofia vem tagarelando com Debby e Ryan ladeando-a enquanto eu vou chutando uma pedrinha mantendo as mãos nos bolsos do moletom. Subo na moto e retiro o descanso lateral. Clico na partida elétrica e faço o motor da Fazer 250 rugir. Estendo o capacete para Sofia e vejo sua amiga sorrir para mim.

- Uau! Uma mulher que sabe jogar os dois. - Ela diz sorrindo.

- Debby, tira o olho da minha irmã. Isso tá estranho. - Sofia faz bico ao subir na garupa e arrumar o capacete.

- Sexy e fofa. - Debby concluiu tão baixo que não fosse por meu ouvido ser absoluto eu não teria ouvido. Baixo a viseira do capacete e buzino duas vezes antes de partir.

[...]

4:30 am. De pé para mais um dia. Na segunda tudo corre absolutamente dentro da rotina e de forma organizada eu examino os papéis da rota antes de sair para apanhar Juno em sua casa. Na terça percebo que Luna está destacada para ser uma das primeiras crianças a ser recolhida e última a ser entregue. Deve ter algo a ver com a visita de Ariana à central. Sigo as orientações da tabela de rota e finalizo a primeira viagem na garagem. Antes que eu desça do carro meu telefone toca. Ari figura no display.

- Alô?

- Oi, Camila? Espero não estar te atrapalhando.

- Não está.

- Tudo bem. Eu te ligo pra pedir um favor. Você pode deixar Luna em um lugar que não seja a minha casa, na verdade... Olha, quando eu peguei o seu número eu não tinha essa intenção. Eu só queria me certificar de que a rota havia sido alterada e que minha filha estava bem, mas eu estou sendo escalada para um trabalho importante aqui e eu não queria abrir mão, mas já entrei em contato com as babás dessa cidade inteira e nenhuma está disponível para uma jornada de duas horas. Na verdade, nem é tudo isso, mas eu não posso deixar a minha filha só nem por algum minutos e eu não vou chegar em casa a tempo de recebê-la.

- Nossa, eu não consigo fazer uma ideia de como deve ser difícil ser uma mãe moderna. Me diga como posso te ajudar.

- Você pode deixá-la no clube de recreação do Shopping há duas quadras da minha casa? Isso me deixaria concluir o trabalho e passar para buscá-la mais tranquila.

Under the MoonlightOnde histórias criam vida. Descubra agora