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Encurralada. 
   Era como Susie estava se sentindo enquanto caminhava através daquele túnel escuro.
    Ela usava seu pijama que cobria até a metade de suas cochas e estava descalço, suando frio, com muito medo. Gritos. Ela ouvia gritos distantes, caminhava sempre para frente e cruzou os braços tentando aquecer seu corpo. Susie parou e olhou para trás, estava tão escuro quanto o outro lado, continuou caminhando quando ouviu alguém chamando seu nome. Era uma voz masculina, um pouco mais grossa do que o normal, ela olhou para trás novamente dessa vez descruzando os braços, parou por um tempo tentando ouvir a voz novamente, mas não ouvia mais nada. Não sabia como havia chegado naquele lugar, começou a andar mais rápido, cada vez mais rápido ate começar a correr na esperança de chegar ao fim do corredor. Susie tropeçou em algo no chão e caiu tentando levantar-se novamente. Desesperada ouviu a voz lhe chamando, dessa vez mais alta e em um tom de raiva. Ela correu já perdendo o folego e viu uma luz enfumaçada um pouco longe dela. Susie correu em direção à luz quando antes de chegar, alguém tocou em seu ombro tão forte que fez com que Susie gritasse muito.
- Mãe? – Era Martha – A senhora teve mais um de seus pesadelos, estava gritando e suando muito. Eu trouxe um pouco de água e um remédio calmante. – Susie sentou-se na cama muito assustada.
- Obrigada, filha. Eu estou bem, foi só... 
-Tudo bem, eu acho que vou ficar ate à senhora dormir novamente.
- Não, volte para sua cama, eu estou ótima agora. Vou voltar a dormir. – Disse Susie enquanto Martha voltava para seu quarto. 
  Ela se levantou e foi ate a janela de seu quarto, quando percebeu que estava um pouco aberta. Susie fechou a janela forçando para tranca-la, afastou a cortina um pouco do lugar para ver do lado de fora e percebeu que a lua estava cheia e muito iluminada. Susie virou-se para o criado mudo do lado de sua cama e percebe que a foto que ficava ali estava virada para baixo. Ela pegou a foto e notou que o vidro estava quebrado. Na foto havia toda a família e foi tirada quando eles foram a um sítio próximo à casa de Mary, Susie colocou a foto de novo no lugar pensando consigo mesma que ela derrubou a foto enquanto tinha seu pesadelo. Ela se lembrou do que Taylor a disse, sobre os pesadelos e os assassinatos e sentiu um pouco de medo. Ela desceu ate a cozinha para tomar mais água e olhou para a porta do armário um pouco acima da sua cabeça e a imagem de Taylor com cinco anos de idade segurando uma faca e saltando em cima de seu pai, veio a sua mente. Dando um passo para trás, a imagem deles caído no chão, também veio a sua mente, como se ela estivesse lá vendo tudo. Taylor saiu correndo ensanguentada e soltou a faca perto da cabeça de seu pai. Susie correu para seu quarto e fechou a porta.
  O dia amanheceu, e a mesa do café mesmo estando todos lá, estava silenciosa como se não estivesse ninguém. Martha se preocupava com suas provas e trabalhos escolares, Andrew silencioso como sempre e Susie estava tentando decifrar o seu pesadelo. Lori era a única sem problemas naquele ambiente.
- Eu não vou comer esse serial, já disse que só como aquele que vem com brinquedos. – disse Lori.
- Coma tudo, Lori. Estou cortando algumas despesas aqui nessa casa, ou do contrário vamos ter que morar na rua se não economizarmos. – disse Susie.
- Mas, eu quero o meu serial, eu sempre ganho brinquedos e figurinhas coloridas. Eu vou falar para a vovó que você não me deixa comer. – Mary sempre fazia tudo o que seus netos pediam principalmente Lori - que era a neta mais nova - o que sempre fazia com que Susie e Mary brigassem.
- Sua vó não esta aqui agora – disse Susie enquanto colocava mais serial para Lori comer – Você já esta bem grandinha para entender que não podemos ficar gastando dinheiro com besteiras...
- Onde está o papai? Vou pedir para ele comprar pra mim. – Susie e todos na mesa olharam para Lori e para Susie esperando ela responder alguma coisa, mas ela não sabia o que dizer para a filha.
- Lori. Você sabe que seu pai não pode mais comprar nada para você. – Susie finalmente disse.
- Você está mentindo! Onde está o papai?
- Ele não está mais entre nós querida, você é muito nova para entender essas coisas, mas o seu pai esta em um lugar muito diferente agora. – Susie olhou para sua filha com muita pena dela nesse momento.
- Ele morreu mamãe?! Foi você quem matou ele, não foi? – Disse Lori olhando para Susie e seus olhos enchendo de lágrimas.
- Não! – Susie se assustou com a pergunta – Lori! Claro que não, ele morreu... Por que... Era a hora dele. Todos nós vamos morrer um dia.
- Não, mamãe. Você está errada. Ninguém morre assim, alguém matou ele e esse alguém é você – Lori olhava para Susie muito diferente agora. O que fez com que Susie olhasse para Lori assustada – E você vai ter que pagar por isso, ele morreu injustamente você é uma assassina. Assassina. – Lori estava com as mãos embaixo da mesa e tirou uma faca de lá, bateu com ela na mesa fazendo um buraco e um barulho muito alto. Lori olhou para Susie e sua voz mudou dessa vez, de menina mimada passou para uma voz grossa e assustadoramente masculina. Ela arrancou a faca da mesa e sorriu para Susie repetindo várias vezes “você vai morrer”. Seu rosto estava totalmente modificado agora e Susie começou a gritar. Foi quando pulou da cadeira percebendo que seus três filhos ainda estavam ali comendo e Lori estava no seu lado esquerdo comendo seu serial normalmente. Seus pesadelos agora estavam rondando seus pensamentos, causando alucinações.
- Lori? Você está gostando do serial, filha? – perguntou Susie.
- Sim, mamãe! Está melhor do que aquele outro com brinquedos. – Lori sorriu e continuou comendo. Susie sorriu novamente.
   Os dias foram passando e Susie pensava em Josh todos os dias, o que iria acontecer se ela ficasse naquela casa. Mesmo acreditando em todas as histórias, Susie não podia sair da casa, mesmo sabendo os riscos que corria. Em uma manhã do dia vinte e nove daquele mesmo mês, Susie havia se esquecido da carta da sua amiga Christine que recebeu há alguns dias atrás, foi então que recebeu uma carta aparentemente de sua amiga Christine.


Querida Susie

  Ocorreu-me um problema familiar aqui na Itália e infelizmente eu não vou poder ir para sua cidade, afinal meu emprego está precisando muito de mim nesses dias e não sei quando vou poder tirar umas férias para ir ao seu encontro. Eu sinto muito mesmo, talvez eu demore ate mesmo meses para me estabilizar com meus problemas aqui, minha amiga. Mas, prometo que em breve eu estrei enviando-te uma carta anunciando minha chegada e poderei revê-la. Meus pêsames pelo seu marido Josh. Mande um beijo para Mary, sua mãe, eu não me esqueci dela e das nossas festas do pijama que aconteciam na sua casa e sua mãe sempre preocupada com a gente. Bons tempos! Um grande beijo, e cuide-se.
                                                                  Christine Wesly 
 

Christine havia adiando sua ida à casa de Susie, o que a fez se sentir um pouco triste por isso, rever os amigos é sempre bom! Susie olhava a carta e guardou-a em uma gaveta de seu quarto junto à outra carta de sua amiga, encima da carta havia uma foto de Josh e ela abraçados, Susie ficou muito emocionada. Levou um grande susto, enquanto olhava a foto, seu telefone tocou.
- Olá! – disse Susie. Um silêncio estava do outro lado da linha. – Olá. – repetiu Susie um pouco impaciente. Um tempo se passou e Susie desligou o telefone que tocou no mesmo instante – Olá! – disse Susie em um tom de voz um pouco mais alto dessa vez.
- Susie. Algum problema? – Era Mary, percebendo a impaciência da filha. – Está tudo bem? Você parece um pouco nervosa... 
- Sim, mãe. Desculpe, eu só... Está tudo ótimo, não foi nada.
- Ok. Eu só liguei para te dizer que vou para sua casa hoje, se você não se importa. Eu sei que Christine irá chegar amanhã e você vai precisar de uma ajuda minha, eu acho.
- Ela me enviou uma carta essa manhã dizendo que tinha alguns problemas familiares e não podia vir a minha casa, ela disse também que talvez demore meses para vir a Nortevelly, mas se você quiser pode vir. 
- Susie, eu não quero incomodar ninguém, eu vou ficar aqui mesmo, obrigada.
- Não mãe. Tudo bem, pode vir aproveita e me trás um daqueles bolinhos de chuva que a senhora faz, é ótimo, só você sabe fazer e eu estou com desejo.
- Bom... Há quanto tempo você não me pede um favor? Mas, já que é assim, não podemos deixar de atender um pedido de grávida. – disse Mary sorrindo.
- Muito obrigada, mãe! Lori está com saudades, você não vem aqui há dias. – disse Susie
- Eu sei, estou morrendo de saudades de todos vocês. Às vezes me lembro de quando você era bem pequena e eu saia para trabalhar, quando voltava você sempre dizia a mesma coisa: Estava morrendo de saudades. E me dava um abraço bem forte! Sua irmã sempre ficava com ciúmes, ela olhava pelo canto do olho e corria para o quarto, depois era muito difícil faze-la ficar normal comigo novamente. – disse Mary
- Me lembro disso! Faz tanto tempo... Por falar nisso, onde ela está? Perdi o contato com ela depois daquele natal em que reuniu toda a família. Ela me disse que estava morando em uma cidade que eu não me lembro do nome. 
- Ela me disse que estava em algum lugar do Brasil. Ashley sempre foi distante da família. Desde quando vocês eram crianças e brincava juntas, ela sempre ficava afastada preferia ficar sozinha a brincar com vocês. Ela nunca teve amigos na escola e isso sempre me preocupou. – disse Mary
- Ashley sempre ia ao psicólogo, me lembro disso. Mas, acho que ela cresceu e hoje não é mais aquela criança depressiva.  – Susie encerrou a conversa e logo mais tarde Mary apareceu trazendo os bolinhos que sua filha pedira fazendo a alegria dos netos.

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