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Estava muito silencioso, as luzes estavam apagadas e todos estavam dormindo. Susie se levantou esfregou as mãos nos olhos para poder enxergar melhor e acendeu seu abajur, desceu as escadas longas ate a sala e seguiu o corredor direto para a cozinha. Abriu a geladeira e pegou uma garrafa gelada de água, despejou um pouco em um copo e bebeu em apenas um gole. Susie estava se sentindo um pouco estranha, sua barriga começou a doer. A dor foi mais funda e ela não pode segurar o grito que saiu mais alto do que esperava. 
     O copo escorregou de suas mãos e foi direto para o chão, fazendo um barulho alto enquanto Susie se jogava de joelhos no chão apertando sua barriga com uma das mãos. Era uma dor insuportável. Susie gritou novamente e um barulho se ouviu no andar de cima. Martha. Vinha desceu as escadas o mais rápido que podia, quase tropeçando nos degraus. 
     Ela chegou até Susie e tentou ajuda-la a se levantar.
- Mãe, o que aconteceu? – perguntou Martha.
- Eu... Precisa ligar para um médio... Rápido – Susie tentava dizer enquanto a dor parecia que ia só aumentando. Sentiu algo quente e molhado entre suas pernas, olhou para o chão e viu que estava sangrando. O sangue escorria entre suas pernas, ela tentou se levantar enquanto Martha já estava telefonando para o médico.
- Sim Lockood... – dizia Martha no telefone – Precisamos de um médio urgente. – Martha olhou para sua mãe e percebeu que estava sangrando.
      

       Susie acordou e só o que ouvia era barulho de sirene, era um barulho alto. Uma ambulância, ela estava dentro de uma ambulância. Havia dois médicos, um deles colocava uma máscara em seu rosto e o outro parecia tentar acalmar Martha que estava chorando no canto direito do veículo. Susie se sentiu tonta e sua visão ficou embaraçada, acabou desmaiando de novo. 
       Acordou novamente e o ambiente estava silencioso. Susie se sentiu aconchegada em uma maca com cobertores brancos, parecia que tudo ali era branco. Uma enfermeira passava e voltava no pé da maca, pareia que pegava algum objeto e colocava do outro lado da sala. Susie deixou cair sua cabeça para o lado e viu que Martha estava cochilando na poltrona. 
- Filha? – Chamou Susie, enquanto Martha despertava do sono e se levantava em direção à mãe. 
- Você está se sentindo melhor, mãe? – Perguntou Martha um pouco assustada.
- Sim, estou me sentindo melhor agora. O que aconteceu? Não consigo me lembrar de exatamente o que eu fiz nas ultimas horas.
- Mãe, você passou por momentos muitos estressantes nas ultimas horas. – Disse Martha. No mesmo instante, alguém ia entrando carregando um ursinho de pelúcia.
- Christine! – Disse Susie – Você disse que não iria vir! – Susie se sentiu lisonjeada e muito surpresa com a visita inesperada de Christine.
- Pois é eu vim por causa de seu bebê. – Christine parecia um pouco triste e colocou o urso na mesa ao lado esperando que Susie dissesse algo ao invés de sorrir.
- Como assim, amiga? Você não precisava vir ate aqui por isso, estou ótima, foram só alguns problemas. Acho que a idade vem avançando e chega uma hora que você não pode sair por ai fazendo filhos, não é mesmo? – Susie riu, mas ficou um pouco sem graça de nenhuma delas acharem graça da sua piada.
- Você ainda não sabe, não é mesmo? – Perguntou Christine.
- Sabe do que? – Susie começou a se sentir estranha e muito preocupada agora.
- Susie...
- Mãe, a senhora passou por complicações na gravidez – disse Martha – e infelizmente você não está mais esperando um bebê. 
     Susie sentiu o mundo todo caindo em suas costas, a ultima coisa que queria era receber essa noticia. Seus olhos lacrimejaram e lágrimas escorreram pelo seu rosto todo, ela se sentiu melhor e colocou as mãos no rosto, incrédula. Seu choro agora era desesperador, ela soluçava, e limpava as lágrimas ao mesmo tempo. Não acredito que perdi meu filho, pensou Susie, que queria gritar para o mundo inteiro ouvir. Christine e Martha tentaram acalma-la, mas de nada adiantava. O choro de uma mãe que perde seu filho, nunca pode ser acalmado ou tranquilizado, ela queria poder toca-lo e acaricia-lo, mas nunca poderá fazer isso.
- Isso só pode ser culpa daquela casa. – Soluçava Susie tentando dizer alguma coisa.
- Você sofreu uma perda muito grande, Susie e está delirando. Disse Christine.
- Eu não estou delirando – seu coração batia mais forte e sua respiração era ofegante. Susie tentava respirar, sugava o ar, mas estava se afogando em suas lágrimas e sentia que tudo estava voltando, todo aquele sentimento horrível que sentiu quando Josh morrera, Susie estava sentindo novamente – eu tenho que sair daqui, desse hospital, preciso ir embora e ver meus filhos. Onde está Lori e Andrew?
- Eles estão bem, vovó está cuidando deles. Acho que ela já deu a noticia para eles, mas preferiu não os trazes aqui. 
      Susie se levantou da maca e já estava de pé novamente, ignorando as duas vestiu suas roupas no banheiro e saiu às pressas dali. Mesmo se sentindo um pouco tonta por causa da medicação, saiu do hospital e ia caminhando sozinha em direção a sua casa. Martha e Christine foram à trás dela.
- Você não pode sair desse jeito, Susie. – Disse Christine.
- Não só posso como vou. – Ao lado delas passou um carro e parou ao lado de Susie fazendo-a se sentir assustada. 
- Alguém precisa de uma carona? – Era Ian, ele passava de carro indo em direção à casa de Susie. Ela não perdeu tempo, entrou no carro e pediu para ele ir direto para casa.  
- Está com algum problema? Parece-me triste, andou chorando? – Disse Ian.
- Sim, eu acabei que perder meu filho. – Disse Susie se sentindo muito culpada por isso.
- Você perdeu o seu filho? – Ian arregalava os olhos impressionado com a notícia – Nossa, Susie, eu sinto muito por isso. Como isso aconteceu? – Ian desviava o olhar entre a estrada, que agora era de terra, e Susie.
- Eu... Simplesmente perdi. Não sei exatamente como isso aconteceu. – Susie olhou através do vidro para as árvores que iam passando do lado de fora. Parecia um borrão verde, elas eram todas iguais e pareciam com pinheiros enormes encostados uns nos outros. – Mas, eu não quero falar sobre isso, por favor. – Susie se calou e Ian também. Assim seguiram até a casa dela, em silencio absoluto.
- Eu vou entrar com você – disse Ian parando o carro a alguns metros da casa, na sombra de uma árvore grande e florida – mesmo que me diga não. – Susie sorriu para ele em agradecimento, mesmo não querendo que ele entre, achou aquilo muito gentil da parte dele.

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⏰ Última atualização: Dec 21, 2017 ⏰

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