13

0 0 0
                                    

     Susie voltou para casa de Mary para buscar Lori. Já passara da onze da manhã e Taylor havia marcado um encontro com ela naquele mesmo dia.
     Susie não conseguia entender o motivo de o encontro ser à meia-noite, em um bar em Woodstond. Taylor disse a ela para ser bem cuidadosa ao trazer o livro não deixando ninguém o perceber. Como posso esconder um livro que parece ter dez quilos e cinquenta centímetros de altura? Pensou Susie.
      Susie foi olhar novamente a internet na esperança de encontrar algo que possa desvendar os mistérios do livro e não precisar mais da ajuda de Taylor. 
      Ela tentou as palavras Secrets of The Dark. Nada. Havia algumas figuras de livros de alguns autores, mas nada parecido com um livro enorme e antigo. 
      Horas se passaram e o sono começou a rouba-la, suas vistas já estavam embaraçadas e o cansaço estava tomando conta de todo seu corpo. Susie não tinha costume de passar tanto tempo enfrente a um computador. Sendo levada pelo cansaço e algumas dores, ela abaixou a cabeça cruzando os braços até encostar sua testa na mesa, na tentativa de descansar a mente e aliviar a sensação ruim. Sem perceber, Susie adormeceu por alguns minutos.
   

       Susie virou-se para puxar mais para perto seu cobertor, sentiu uma luz estranha vinda direto em seu rosto. Uma janela estava entreaberta e o sol da manhã ultrapassava pelo buraco da janela indo em direção a seu rosto. Afastou-se um pouco para se esconder do sol quando se deu conta de que sua janela ficava ao lado contrário da cama, impossibilitando que uma greta de luz chegasse até sua cama tocando seu rosto. Josh havia mudado a cama de posição diversas vezes há muito tempo, para fazer com que a luz da janela não tocasse a cama de manhã, até então, esse problema tinha sido resolvido.
       Ela abriu os olhos e cuidadosamente dirigiu-o até a janela bem ao lado da cama. Era uma janela bem antiga e não se parecia nada com as janelas da casa de Susie. Levantando um pouco mais os olhos cansados de sono, pode perceber que não estava em seu quarto e muito menos em sua cama. Em um pulo de susto, Susie estava agora sentada na cama afastando de si as cobertas que a cobria e com as costas apoiadas na madeira da cama atrás de si.
      Fez uma análise do quarto, olhando de canto a canto. Havia três janelas iguais e bem no canto uma poltrona branca atrás de uma mesa um pouco menor feita de vidro. Susie usava suas roupas de sempre e seu cabelo estava despenteado. No canto, perto da poltrona, havia um quadro, aparentemente, com uma foto de uma família que Susie desconhecia.
      Susie se levantou e seguiu em direção a porta, quando abriu, levou um susto muito grande. Uma mulher de cabelos longos loiros e encaracolados abriu a porta ao mesmo tempo em que ela e entrou no quarto como se estivesse com muita pressa, logo atrás vinha um homem de cabelos negros. Os dois gritavam nomes feios um para o outro. Parecia uma briga de casal.
- E você realmente acha que eu estou errado? – perguntou o homem para a mulher, enquanto passaram por Susie sem perceber sua presença.
- Se eu disse que o vi, foi porque eu realmente vi. Por que mentiria? – a mulher gritava para o homem respondendo a pergunta.
- Você está louca! Louca! – o homem gritou de volta. Agora eles estavam quase se batendo, quando sem entender nada, Susie tentou ajudar.
- Ei! – disse Susie tentando falar mais alto do que os dois – Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? 
- Você é um idiota! Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi me casar com você – a mulher disse em resposta ao insulto, ignorando Susie.
- E eu não sei o que deu em mim, quando aceitei me casar com uma maluca que não sabe o que diz. Está inventado essa história de “homem rondando a casa” só para chamar a minha atenção. Eu já disse que não tem ninguém lá fora. – o homem disse enquanto a mulher começava a chorar e limpava as lágrimas ao mesmo tempo.
- Gente! – gritou Susie que estava do outro lado do quarto assistindo a briga sem entender absolutamente nada. O que estou fazendo aqui? Quem são esses dois? – Vocês podem me ouvir, por favor? – Susie caminhou em direção ao casal que em nenhum momento parou para olha-la, eles diziam palavrões e insultos sobre como o casamento que era uma droga. – Parem, por favor. – disse Susie colocando a braço entre os dois tentando chamar a atenção e parar a briga. Mas, de nada adiantou, os dois continuaram a gritar sem olhar para ela. Era como se eles não a vissem ali. Até que a mulher deu um passo à frente e Susie sentiu algo estranho em seu corpo, como se mais alguém ocupara o mesmo espaço que o dela. A mulher estava ultrapassando-a como se ela fosse uma fumaça transparente. Susie deu um passo para trás assustada calando-se.
- Eu te odeio – disse a mulher aos berros e repetidamente.
- Infeliz! Você inventou aquela história de pesadelos somente para me assustar e zombar da minha cara depois, não é mesmo? Confesse Catherine, eu sei que nunca ouve nenhum homem assustador em seus sonhos, te assombrando. Era tudo mentira, assim como mentiu sobre alguém rondando a casa a noite. – rebateu o homem
- Seu bêbado – a mulher, ou melhor, Catherine, continuava aos berros – Ótimo exemplo que você está dando aos seus filhos, chegando bêbado todas as noites, ou melhor, todas as madrugadas. O que você acha que os vizinhos pensam sobre isso?  Devem dizer horrores ao meu respeito pela essa cidade minúscula, todos já o conhecem em bares agarrando mulheres de vestidos curtos. Você pensa que eu não sei que você sai com prostitutas? Essa cidade é muito pequena, querido, a novidade chega mais rápido do que você possa imaginar.
- Você tem razão. Mas, Nortevelly tem mulheres muito feias, não é atoa que é daqui que você veio – vendo a arrogância do homem, Catherine olhou-o nos olhos e virou-se em direção a porta. Por um momento Susie pensou que estava se virando para ela. Até a mulher atravessa o corpo de Susie e bater a porta com toda a força.
- Eu ainda não acabei Catherine! – gritou o homem depois que a mulher saiu. Ele foi atrás dela e sem pensar duas vezes Susie fez o mesmo.
      Havia um corredor cheio de fotografias da família pelas paredes. Crianças felizes brincando. Havia também luminárias perfeitamente decoradas bem no estilo dos anos sessenta. O corredor não demorou muito a chegar ao final, onde encontrou a escada. Chegando ali, Susie se deu conta de que era a própria casa dela, mais redecorada e um pouco modificada. Como posso estar na minha própria casa? Esta casa não pode ser minha. Quem são essas pessoas? Por que brigam tanto? Acho que o ouvi dizer algo sobre sonhos de homem assustador. Deduziu Susie. O casal desceu as escadas brigando e Susie desceu reconhecendo cada canto da casa.
- Eu nunca menti para você John, era tudo verdade. Esses pesadelos me assombram, desde muito tempo. Somente agora consegui contar para você. Mas, pelo visto contei para a pessoa errada, pois você é um estúpido que não tem coração – disse Catherine.
- Me dê um bom motivo para acreditar na sua história? – John encarou Catherine esperando que ela respondesse, mas ela o olhou como se quisesse lhe dizer alguma coisa mais não conseguia.
- Eu acho que estou sendo perseguida por alguma coisa do mal. Algo que não deveria existir... Há um livro... – Catherine parou de falar. Nesse momento Susie congelou. Um livro? Será o mesmo livro de que estou pensando? Se não estou enganada, eles moram na mesma casa que eu moro hoje, ou algo parecido Susie pensava confusa.
- Fale! – gritou John – Diga o que sua língua esconde! Ande Catherine. Que diabos de livro você está falando?
   Susie abriu os olhos levantando a cabeça rapidamente em um pulo. Adormeci. Susie estava de volta debruçada em cima da mesa da escrivaninha onde estava o computador com a pesquisa ainda aberta. Susie olhou o relógio e percebeu que dormiu mais do que devia. Seus olhos estavam inchados de sono e seu rosto marcado por causa da mesa. Desligou o computador e saiu do escritório, confusa ainda pensando e tentando se lembrar de o que exatamente ela estava sonhando.

Segredos Da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora