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    Era noite e Susie se preparava para se deitar. Ela usava um vestido de seda rosa claro bem fino com uma abertura na frente que ia até alcançar seus pés descalços. A cama estava impecável e completamente arrumada com os travesseiros em seus lugares, Susie olhou a cama e se lembrou de que Josh sempre arrumara a cama de maneira tão desajeitada que a fazia arruma-la novamente. 
   Ela sorriu ao se lembrar disso.
    A lua brilhava no céu escuro estrelado, era lua cheia e ela estava mais bonita do que nunca, pensou Susie. Depois de um momento observando a lua, Susie decidiu descer até a cozinha, bebeu um copo de água e quando estava voltando passou em frente ao porão da casa. Susie não era medrosa, então pensou Por que não? Abriu a porta e desceu degrau por degrau tentando ser silenciosa para ninguém ouvir, já que a casa é velha e o porão não tem reformas há muito tempo o que faz com que as escadas façam muito barulho ameaçando quebrar. 
    Susie já estava no final da escada, parada olhando para o local que permanecia do mesmo jeito que era despois da ultima vez que os policias vasculharam o local em busca de pistas sobre o assassinato de Josh. Mesmo se sentindo muito mal por estar ali, ela decidiu ir adiante e olhar direito o local. Passando por vários papeis que ainda estavam ali com desenhos da arquitetura de Josh, havia uma mesa com uma lâmpada de leitura e uma cadeira, Susie se sentou na cadeira e acendeu a luz, o ambiente estava escuro e a luz iluminou apenas a mesa vazia. Um nó se formou na garganta de Susie. Havia uma gaveta na mesa que estava vazia também, certamente os policiais haviam retirado todos os objetos suspeitos dali para exames mais claros. 
   Susie se levantou decidida a voltar para seu quarto e dormir, ou tentar dormir. Ela a empurrou a cadeira se levantando quase ao mesmo tempo.
   Caminhando até a escada, alguns metros antes, percebeu que em uma parte da madeira do chão rangia mais do que as outras. Estranho, pois somente as escadas rangiam pelo fato delas serem oco, o que fez com que Susie voltasse um passo repetindo o mesmo percurso e percebendo novamente o rangido imitando as escadas.
   Susie rapidamente se abaixou até o chão de madeira verificando o que havia de errado ali. Batendo várias vezes nas madeiras, realmente estava oco. Como ela não sabia se contiver de curiosidade, resolveu quebrar a madeira na tentativa de encontrar algo ali embaixo. A madeira era muito velha e não demorou muito para que se quebrasse ao meio. Ao final havia dez centímetros de altura, temendo haver algum animal venenoso ali, Susie levantou-se e foi direto em uma gaveta onde Josh guardava suas ferramentas e encontrou uma lanterna que felizmente estava ali. Deve ter sido um das poucas coisas que os policias deixaram ali, pensou Susie consigo mesma.
   Susie acendeu a lanterna testando-a e por sorte ainda restavam pilhas. Correu até a abertura no chão e acendeu-a procurando por algo que não seja um bicho asqueroso. Havia um pano preto aparentemente enrolado em alguma coisa. Só pode ser alguma pegadinha, pensou Susie, mas a curiosidade era maior. Ela pegou o pano que estava enrolado em algo bem pesado, procurou por mais alguma coisa. Nada. Ok. 
  Colocando o objeto da mesa ela retirou o pano. Um livro. Grosso, pesado e com muita poeira. Deve estar aqui há muito anos. A capa dele era muito grossa e negra, bem pequeno no canto no final da capa, estava escrito com tinta quase da mesma cor: Secrets of The Dark. 
- O que quer dizer isso? – disse Susie desta vez em voz alta – Segredos da Escuridão. Realmente deve ser uma brincadeira. – disse Susie em tom de ironia, falando sozinha.
   No fundo Susie sabia de que não poderia ser uma pegadinha. Quem faria isso, afinal? Lori? Martha? Mary? 
   Não. 
    Aquilo era um livro bem antigo, e por alguma razão alguém quis esconder ele na casa, certamente um dos antigos donos. Susie começou a passar as folhas do livro, mas tudo o que estava escrito ali não era na linguagem dela. Parecia alguma língua morta algo com muitos símbolos, bem diferentes do alfabeto que todos conhecem. Não havia figuras, parecia algum livro de ensinamentos. 
    Droga! Lamentou Susie. 
    Por que alguém escreveria um livro com uma língua morta? Só se essa pessoa não queria que os segredos do livro fossem revelados. Faz sentido. Muito confusa Susie fechou o livro, certa de que iria procurar alguém que pudesse traduzir aquilo. Certamente diria alguma coisa útil, aquela casa esconde muitos segredos e alguém tem que revela-los ou do contrário podia ser que mortes ainda continuariam a acontecer e pesadelos ela iria continuar a ter... E sabe-se lá o que mais poderia acontecer àquela família ou os futuros donos, já que não pretendia ficar ali por muito tempo.
   O livro era muito pesado e seu tamanho era em média de cinquenta centímetros, o que não facilitou para que Susie escondesse-o de sua família. Guarda-roupa. Pensou-a imediatamente. Josh havia feito um fundo falso no guarda-roupa de Susie e somente os dois sabiam disso. Ele disse que guardaria ali dinheiro para caso de emergência. E era o que havia ali, algumas notas enroladas em elásticos. Ela o colocou lá dentro afastando o dinheiro para o canto. Isso vai escondê-lo por um tempo até eu achar um lugar melhor. 
   Já se passara da meia noite. Susie estava farta de surpresas por aquele dia, foi se deitar, mas não conseguiu dormir pensando no que ela poderia fazer com aquele livro.
   Amanhã eu resolvo. Juro que resolvo. Pensou-a enquanto fechava os olhos. 

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