Segredos Da Escuridão

17

       O livro ainda estava aberto sobre a mesa, e Ian estava olhando para Susie como se procurasse algo em seus olhos, sua expressão agora era de preocupado e de medo.
- Se isso for verdade, você precisa sair daqui o quanto antes. – Enquanto Ian dizia, Taylor deixou sua caneca de porcelana sobre a mesa e olhou bem para os dois.
- Vocês podem me dizer o que está acontecendo aqui? – Disse Taylor, Ian olhou para ela querendo dizer alguma coisa, mas não conseguia dizer nada.
       Susie sentiu um barulho muito alto e pequenos pedaços de vidros batendo em todo o seu rosto. A primeira reação foi cobri-lo com as mãos e abaixar a cabeça até conseguir encontrar seus joelhos. Ela não conseguia abrir os olhos e só o que ouvia eram gritos parecidos vindos de Taylor e Ian. Mas, estava confusa demais. Não tinha certeza se estavam vindo todos de sua própria casa. O barulho parecia não ter fim, e junto com os vidros vinham um vento arrepiante e forte. 
      Ela sentiu Ian abraçando-a na tentativa de protegê-la e se jogou no chão junto com ele, sentindo os cacos dos vidros caídos no chão também. Ela pensou ter ouvido alguém dizer o que é isso? Mas, naquela confusão não conseguia pensar em mais nada a não ser em seus filhos e em o que estava acontecendo ali.
      O barulho parou de uma vez. Os vidros e ventos param ao mesmo tempo, e havia um silêncio na sala. Ninguém tinha a coragem de levantar primeiro e ver o estrago que aquilo havia causado. 
- O. Que. Foi. Isso? – Taylor parecia ter sido a primeira a se levantar e estava bem assustada, pelo seu tom de voz.
     Susie não conseguia abrir os olhos. Seu coração ainda estava disparado. Ian apertou seu punho para que ela desse uma olhada melhor na situação do local. Ela abriu os olhos ainda com a cabeça baixa e levantou a cabeça bem devagar incrédula no que estava vendo.
      Sua sala estava irreconhecível. Havia vidros quebrados por toda a parte. Suas janelas estavam faltando vidros, mas aqueles ali não parecia terem vindos dela. Eram muitos deles, não tinha como terem vindos de dentro da casa. Ela olhou bem cada canto de sua sala e não conseguia acreditar no que via.
- Como isso aconteceu? – Perguntou Ian.
- Não faço a menor ideia – disse Susie lentamente sem saber que explicação iria dar para seus filhos e sua mãe depois. 
     Taylor parecia muito chateada quando olhou para baixou e constatou que seu chá estava cheio de vidros, pois ela segurou sua caneca nada feliz.
- Até que o seu chá não estava tão ruim. – Taylor olhou para Susie que nem se deu conta da preocupação de Taylor com o chá e não com o fato de um furacão de vidros terem passados por ali. Ian, Taylor e Susie estavam tão preocupados com o fato de uma chuva de vidros ter causado espanto que não perceberam o mais importante:
- O livro! – Disse Ian alto o suficiente para conseguir chamar a atenção delas que não conseguiram crer no que viam.
- Ele sumiu. – Sussurrou Susie desapontada. – Que droga! O que aconteceu aqui? Eu passei todo esse tempo atrás de pistas sobre essa casa e quem matou meu marido e agora quando finalmente consigo alguma coisa, alguém simplesmente o rouba de mim. – Susie estava muito nervosa e seu tom de voz aumentava de acordo com sua raiva.
- Calma Susie, nós vamos dar um jeito. – Disse Taylor – Ninguém pode ter roubado um livro de meia tonelada assim tão rápido. Deve estar em algum lugar por aqui nessa casa. Talvez os vidros ou o vento possa ter jogado ele para longe, só isso.
      Ian olhou por todos os lados a procura do livro, enquanto Susie se sentou no sofá novamente e enterrou sua cabeça em suas mãos segurando para não chorar em desespero.
- Susie, nós vamos encontra-lo – disse Ian – eu prometo, mas você precisa ficar calma. – Susie se levantou na mesma hora em que ele terminou a frase.
- Não me peça para ficar calma, Ian. – disse Susie aos berros – Eu passei os últimos dias preocupada com o que pode conter nesse livro, estou grávida e meus nervos estão à flor da pele, tenho pesadelos todas as noites com coisas horrível me acontecendo – Susie andava de um lado para o outro em cima dos vidros – meus filhos podem estar correndo perigo, minha família toda está em jogo, nunca imaginei minha vida sem meu marido e agora estou eu aqui. Sozinha, correndo riscos de vida, com medo todo o tempo e correndo atrás de pistas de algo surreal que talvez só exista em filmes de terror. Eu não consigo dormir direito há dias por medo dessa casa – Susie sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e antes que ela pudesse limpa-los seu rosto já estava coberto de lágrimas quentes que escorriam rápidos demais em seu rosto. – Eu preciso descobrir o que está acontecendo aqui, antes que eu enlouqueça. – Ela parou por um instante e todos os dois estavam olhando-a como se quisessem dizer alguma coisa ou se desculparem pelo que aconteceu. Susie parecia muito nervosa e parecia tentar limpar as lágrimas e conter as que ainda vinham.
- Susie, eu... – Ian começou tentando de alguma maneira se desculpar com ela, mas nem ele sabia exatamente o que dizer. Enquanto isso o silêncio continuava na sala e Susie parecia pensativa enquanto limpava suas lágrimas que ainda insistiam em escorrer. Ela parou para analisa-los e abaixou a cabeça querendo se desculpar, mas não conseguia dizer nada naquele momento. O livro Secrets of the Dark havia desaparecido misteriosamente, sem deixar nenhuma pista. 
- Bom... – Taylor olhou para os dois – Eu acho que temos mais um mistério do livro para resolvermos por aqui, não é mesmo? – Taylor riu, mas logo deixou seu sorriso sério quando percebeu que ninguém riu também. 
- Você vai precisar de uma ajuda para limpar tudo isso. – disse Ian – Eu posso te ajudar se você quiser.
- Você ajudaria traduzindo o livro para mim – disse Susie olhando em direção à janela quebrada.
- Temos que ir Parker – disse Taylor depois de um tempo – Já que não podemos mais ajudar em nada, vamos deixar Susie sozinha por um tempo. Susie estava com muita raiva disso tudo, queria poder gritar o mais alto que pudesse para aliviar sua dor. Ela não fazia ideia de como iria explicar tudo aquilo a sua família e muito menos e como iria concertar as janelas. Elas eram feitas de vidros temperados prontos para não se quebrarem tão fácil e mesmo depois de tantos anos elas ainda estavam ali, ate hoje. 
    Taylor puxou Ian em direção à porta de saída para irem embora, antes que Susie os expulsasse por causa do seu temperamento. Ian parou antes e pediu para que Taylor o esperasse do lado de fora enquanto conversava com Susie.
- Não precisa ficar eu estou bem, posso muito bem cuidar disso tudo e... – antes de Susie completar a frase, Ian a interrompeu. 
- Eu só quero conversar, nada de mais. – Disse Ian. Susie olhou desconfiada.
- O que você quer conversar? 
- Não quer saber o que o diz no livro? – Perguntou Ian sorrindo para Susie.
- Como assim? O livro sumiu, ou você sabe como encontra-lo?
- Não eu não sei como encontra-lo e também não faço ideia de como ele desapareceu, mas eu consegui ler algumas coisas dele e talvez eu possa fazer uma pesquisa sobre o assunto que trata e depois eu posso te passar tudo por escrito. – Susie começou a ficar mais interessada no que Ian estava dizendo.
- Você pode fazer essa pesquisa aqui mesmo, agora! – Disse ela sorrindo muito animada com sua nova descoberta.
       “Ian não tenho o dia todo se você não sabe”, Taylor gritava impaciente do lado de fora da casa, os dois olharam em direção à porta e então seus olhos se encontraram novamente.
- Ok. Eu prometo que volto hoje mesmo, à noite com a pesquisa completa para você, esse livro conta muitas histórias horríveis só precisamos saber se é verdade ou não.
- Certo, não se atrase e espero que tenha coisas realmente interessantes. 
- Por acaso vocês estão namorando aqui enquanto eu espero lá fora? – Disse Taylor entrando e deixando Susie vermelha com sua pergunta. – Até quando tenho que esperar?
- Sim, vamos. Eu já disse tudo o que tinha que dizer para Susie – Taylor olhou confusa para os dois, mas antes de perguntar alguma coisa Ian continuou - a senhora tem razão, vamos.
- Bom, nos vemos em breve lady! – disse Ian apertando a mão de Susie com um beijo delicado e macio, fazendo-a arrepiar e sorrir lisonjeada.
     Susie foi até a porta e só fechou-a depois que eles desapareceram de sua visão.
     Quando era menor sua mãe sempre lhe dizia para abrir sempre a porta para as visitas, pois se elas abrirem primeiro a visita não volta jamais. Ela nunca acreditou nisso, mas sempre abria a porta para eles quando iam embora.
      Ela se virou e olhou todos aqueles vidros espalhados pela sala inteira e percebeu que felizmente os vidros somente estavam na sala de estar terminavam antes no corredor para cozinha. Susie correu até a despensa e pegou todos os materiais necessários para limpar a sala. Ela começou a limpar torcendo para que ninguém aparecesse por ali e perguntasse o que aconteceu, pois o difícil seria explicar tudo aquilo para alguém.
      Por muita sorte, em meia hora Susie tinha conseguido limpar a todo o cômodo sem que ninguém visse. Pegou a sacola com os vidros e levou até o lado de fora. Subiu um degrau e viu algo diferente jogado no meio de suas flores perto das janelas quebradas, caminhou lentamente tentando identificar o que estava escondido no meio das folhas, arregaçou as mangas e enfiou as mãos e puxou um livro. O livro. Susie quase não conseguia acreditar, jogou o livro no chão e começou a folheá-lo rapidamente, mas outra surpresa transformou sua feição em desanimo. Não tinha nada escrito ali, como que se alguém tivesse apagado tudo com uma borracha, ela olhou novamente conferindo se era o mesmo livro que tinha sumido. 
      Ele estava mais leve e um pouco novo agora, mas continuava sendo o mesmo livro Secrets of The Dark, que Susie tanto queria. Imaginando que talvez pudesse ser útil, ela o levou de volta pra dentro da casa, no meio do caminho encontrou Martha.
- O que é isso mãe? – Martha vinha em direção a Susie enquanto estranhava o grosso e pesado livro que Susie carregava.
- É só um livro, nada de mais. – Susie continuava andando procurando não dar ideia para o que sua filha dizia, para não ter que dar explicações claras.
       Susie entrou em seu quarto e guardou o livro em seu guarda-roupa.