14

0 0 0
                                    

Faltam vinte minutos para à meia-noite, Susie estava dirigindo seu carro pelas ruas de Woodstond. 
     Havia um homem na entrada do bar, ele era bem grande e não parecia nada amigável, a entrada era somente uma porta de aço onde não havia ninguém entrando ou saindo. Por que alguém viria aqui? Pensou Susie enquanto estacionava seu carro do outro lado da rua sem chamar a atenção. Ela olhou para o livro ao seu lado, ele estava dentro de uma mochila grande e parecia que havia mais coisas dentro daquela mochila além de um livro. A mochila estava muito pesada e qualquer um poderia suspeitar de Susie. O que eu estou fazendo aqui? Espero não encontrar ninguém que eu conheça, vai parecer ridículo e será impossível dar uma explicação. Taylor ainda vai me pagar.
     Susie desceu do carro colocando somente uma alça da mochila nas costas, tentado esconder o peso. Ela usava saltos um pouco alto, mas o suficiente para fazer barulhos enquanto caminhava chamando a atenção do guarda na porta do bar, que avistou Susie se aproximando do outro lado da rua. Belo disfarce! Pensou Susie ironicamente.
     O homem a encarou da cabeça aos pés enquanto Susie diminuía seus passos na medida em que se aproximava.
- Pare. – o homem disse para Susie estendendo a mão como se falasse com um motorista de um carro em movimento. Susie congelou. Ótimo! Vim até esse fim de mundo para não me deixarem entrar. O homem deu um passo em sua direção estendendo a mão:
- Identidade. – o homem disse enquanto olhava para o estranho tamanho da mochila em que Susie carregava. Susie retirou do bolço sua carteira de motorista e lhe entregou. Ele o pegou e olhou por um bom tempo.
- Eu vim me encontrar com uma amiga. – Susie disse muito nervosa, tentando parecer o mais normal possível. Tentou sorrir para não parecer que estava com medo, mas o seu sorriso somente mostrou que seu medo era maior do que ela mesma podia imaginar. Não muito convencido, o homem continuou olhando para a mochila enorme que Susie carregava.
- O que tem ai? – Susie estava tão nervosa que não sabia o que responder para o homem. Um livro de dez quilos que pode conter um segredo escondido por muitos anos, com certeza não era exatamente o que ele gostaria de ouvir. Susie demorou muito para responder, seu medo só aumentava a cada segundo do lado de fora daquele bar, imagine só dentro dele. O homem estava ficando impaciente enquanto Susie abria e fichava a boca na tentativa de responder alguma coisa inteligente. Outro homem chegou por trás do guarda cumprimentando-o como se fosse um membro da família. Na mesma hora o guarda virou-se reconhecendo a voz do amigo e os dois trocaram apertos de mãos e sorrisos. Era o que Susie precisava para conseguir sair dali antes que o homem perguntasse novamente o que havia na mochila. Ela passou por trás dos dois em passos largos até conseguir passar a porta.  Depois de alguns passos, olhou para trás vendo se não estava sendo seguida. Ninguém. Pelo visto ele não percebeu minha fuga! 
     Logo a frente havia uma porta. As paredes eram vermelhas, um vermelho sangue e a porta era de um tom muito escuro, o corredor era iluminado somente por algumas luminárias presas a parede. Susie abriu a porta. Havia pessoas por toda a parte. Homens bebendo e jogando sinuca. Apostas por toda a parte. Enquanto caminhava até o balcão, ela atravessou o bar - do qual era uma sala muito grande – muitos homens passaram encarando-a da cabeça aos pés, alguns diziam algumas palavras de elogios, mas muitos olhavam imaginando o que ela podia estar fazendo ali.
     Susie se sentou em uma mesa afastada dos jogos e bêbados, onde ninguém poderia olhar ou encara-la. Alguns minutos se passaram e Susie olhou para o relógio. Já era meia-noite e meia, Taylor estava atrasada. Por um instante Susie imaginou que poderia estra no lugar errado do encontro marcado. Aquele bar não se parecia com Taylor, não dava para imagina-la bebendo com alguns homens ou jogando sinuca apostando dinheiro.
     Uma voz baixa soou por trás de Susie. Parecia um sussurro, mas Susie não queria se atrever a olhar e ver que poderia ser um bêbado querendo alguma maldade. Alguém sussurrou novamente atrás dela. Susie virou somente o olho discretamente e avistou Taylor entre uma porta dos fundos que ela não havia notado que estaria ali.
- Aqui! – disse Taylor balançando os braços tentando chamar a atenção. Susie levantou-se imediatamente e foi em direção à porta. Do outro lado havia uma sala grande e vazia. Elas foram em direção à outra porta, que levava a um quarto pequeno. Havia um cheiro forte irreconhecível, que fez Susie sentir náusea. Uma cama redonda ocupava metade do quarto, champanhes e taças estavam em uma mesa ao lado, pétalas de rosas cobriam a cama impecavelmente arrumada. 
- Que lugar é esse que você me trouxe? Está maluca? Eu tenho filhos para cuidar, não posso ser vista em hipóteses alguma em um local como este! – disse Susie irritada e olhando para todos os cantos do quarto a procura de algo.
- Esse é o lugar mais seguro do bairro que conheço – disse Taylor
- Verdade? Um bar, onde certamente há prostitutas? Poderíamos ter nos encontrados na minha casa, era bem mais seguro. 
- Não podemos deixar que ninguém saiba do livro... E por falar em livro. Como que você conseguiu entrar aqui com essa mochila? – Taylor parecia achar pouco engraçado a situação, deixando Susie ainda mais irritada.
- Eu tive que fugi para que ele não me barrasse, esse livro deve ter uns dez quilos, você queria o que? Não posso sair por ai carregando isso, tinha que o esconder de alguma maneira e essa foi a única que encontrei. Desculpe-me se contrariei a nossa expert em lacais escondidos aqui, da próxima vez, eu trago o livro em partes, se é que me entende. – disse Susie
- Ok. Isso não vem ao caso – Taylor se sentou – Deixe-me ver esse livro. – Susie sentouse na cama e retirou o livro da mochila colocando na mesa a frente. Elas abriram-no na metade e Taylor observou-o atentamente. Alguns segundos depois ela o fechou.
- Sim, sei quem pode traduzi-lo para nós sem nem um problema.
- Nós? Eu preciso dessa tradução, não me lembro de você estar incluída nisso. – disse Susie
- Eu estou correndo atrás disso para você então tenho todo o direito de saber o que a ai também. E eu já ouvi falar nesse livro, acho que pode nos dizer o motivo daquela casa ter um passado tão sangrento.
- Bom, se não tem outro jeito... Como você vai traduzi-lo? – disse Susie
- Vou procurar por um amigo, mas não tenho certeza quando vou conseguir contato com ele, pois eu não o vejo há muito tempo. Perdemos o contato depois que ele aceitou uma proposta de emprego em outro país. 
- Tudo bem, quando conseguir falar com ele me ligue imediatamente, se eu puder fazer algo para ajudar, me avise. Não posso ficar aqui mais, ao contrário de você tenho uma reputação a zelar e ela não vai durar muito tempo se continuar aqui. – Susie colocou o livro dentro da mochila e se levantou – Você vem?
- Sim, afinal você não vai muito longe com essa camuflagem. – disse Taylor – Vamos por outro caminho, se você conseguiu entrar sem ser vista, certamente não conseguirá sair assim tão fácil.
      Taylor levou Susie até uma porta aos fundos do bar, que dava a um local escuro.
Taylor disse para ela tomar cuidado ao voltar para o carro.
      Susie andou em passos largos fazendo a volta ao redor do muro. Ainda não entendo o motivo disso tudo, não precisava vir até aqui somente para ouvir Taylor dizer a mesma coisa que ela havia me dito. 
      Chegando a uma esquina, Susie avistou seu carro do outro lado, olhou para a porta de entrada e o guarda ainda estava parado ali, no mesmo lugar, mas agora olhando para o carro e para todos os lados procurando por alguém. Susie, certamente.
      Ela esperou alguns minutos na esperança de alguém aparecer salvando-a, mas sorte era algo que não estava com Susie. 
      Depois de um tempo, Susie decidiu arriscar. Ela caminhou em direção ao seu carro, seus saltos estavam dentro da mochila e seus passos iam aumentando a cada metro.
- Ei! – disse o homem a alguns metros atrás de Susie avistando-a indo em direção ao carro. Susie ficou muito assustada e começou a correr. – Pare ai! – o homem gritou para Susie que desobedeceu e correu ainda mais rápido. Ela finalmente chegou até o carro. Desesperada tentou enfiara a chave na porta, mas estava tão nervosa que a chave caiu.
     Susie olhou para trás e o homem estava vindo em direção a ela em passos largos. Ela pegou desesperadamente a chave do chão que caiu por baixo do carro. O livro foi lançando no chão ao mesmo tempo em que se abaixou, pegou a chave, enfiou-a na porta e abriu. Pegou a mochila do chão e pulou para dentro do carro fechando a porta e trancando ao mesmo tempo. O homem chegou junto a Susie no carro e bateu no vidro dizendo várias palavras que de nervosa Susie não entendeu. Arrancou o carro e saiu arrastando os pneus pelo chão em alta velocidade. 

Segredos Da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora