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Eram 22h e alguns minutos quando alguém batia na porta. Susie usava um vestido longo de cetim preto e enrolou seus longos e negros cabelos em um perfeito coque. Ela descia as escadas enquanto puxava seu longo vestido para cima impedindo-o de encostar-se ao chão. A campainha soava alto e ruídos vinham atrás da porta. Susie ajeitou seu cabelo e limpou os poros que escorria envolta de seus olhos. Ela segurou a maçaneta e respirou fundo antes de girá-la. 
      Ian trajava uma camisa preta e uma blusa de frio azul com capuz. Parecia um perfeito cavalheiro com aquele sorriso nos lábios e nos olhos também. Seus olhos brilhavam, pareciam dois raios de luzes perfeitamente redondos.
      Susie abriu mais a porta para Ian entrar e ele caminhou até o centro da sala enquanto ela fechava a porta.
- Eu tenho noticias boas e ruins para você. – Disse Ian
- Espero que não seja o que eu estou pensando. – Susie sorriu de volta para Ian – Bom, vamos até o meu quarto, tenho uma coisa para lhe mostrar.
       Eles subiram a escadas juntos. Susie entrou no quarto e pegou o livro dentro do guarda-roupa. A expressão de Ian era de espanto agora.
- Como você fez isso? – Perguntou Ian.
- Eu o encontrei entre minhas flores, mas está em branco, não serve para nada mais.
- Como assim? – Susie colocou o livro em cima da cama e abriu uma das páginas para Ian visualiza-lo. – Tem certeza de que esse é o mesmo livro? – Disse Ian
- Infelizmente sim. – Ian olhou as páginas, incrédulo do que Susie disse – Mas, o que você encontrou? 
- Não encontrei muita coisa a respeito, parece que o que aconteceu por aqui era algo, digamos assim, por de baixo dos panos. A mídia não tinha muito acesso sobre assuntos desse tipo, são coisas muito delicadas de se dizer. – Ian dizia.
- Me diz logo o que você tem que dizer. – Susie já estava se sentindo impaciente enquanto Ian tentava explicar.
- Olha, aconteceu que... – Ian parou assim que percebeu a presença de Lori.
- Mamãe, você ainda não me colocou na cama, estou esperando há muito tempo. – Lori estava usando um pijama de bichinhos e carregava uma boneca de pano apertando-a contra o peito.
- Lori, queria. – Susie disse um pouco sem jeito, percebendo que novamente Ian não pode falar – Eu vou chamar sua irmã e ela vai coloca-la para dormir.
- Não, mas eu quero que você faça isso! – disse Lori.
- Lori não vamos discutir isso aqui na frente da visita, olha a falta de respeito você veio e não cumprimentou-o. – Lori olhou para o Ian e deixou cair sua boneca de pano no chão.
- Eu não vou cumprimenta-lo mamãe. – Susie estranhou a reação da filha e se levantou e foi em direção a ela.
- O que houve meu amor? – Perguntou Susie se abaixando na altura da filha
- Me leva pra cama mamãe, por favor. – Lori dizia 
- Ok. Ian, eu já volto, você pode olhar melhor o livro se quiser. – Ian balançou a cabeça e Susie levou a filha ate o quarto ao lado. Susie colocou-a na cama e amassou o edredom fazendo-o se juntar melhor ao corpo de Lori.
- Mamãe, o homem mau já se foi? – Perguntou Lori.
- Qual homem mau? 
- Aquele que estava no seu quarto, que você disse que era a visita. Ele é o homem mau, mamãe, você precisa manda-lo embora, mas tem que ser do jeito que você mandou o monstro que estava embaixo da minha cama. – Lori dizia agarrando seu ursinho de pelúcia.
- Por que você disse que ele é mau, ele já te fez alguma coisa? – Lori balançou a cabeça negativamente e virou-se para o canto dando as costas para sua mãe. Susie apagou a abajur que estava ao lado da cama e saiu deixando a filha dormir. 
     Ian estava em pé em frente a um criado mudo observando uma foto de Susie e Josh, ele tocava na foto e analisava-a delicadamente. Quando viu que Susie o observava, se virou e colocou o quadro no lugar de volta.
- Me perdoe pela minha curiosidade – disse Ian.
- Você estava vendo Josh meu falecido marido? Ou estava olhando para mim? – Perguntou Susie.
- Estava analisando os dois. Vocês eram muito felizes, não é mesmo?
- Nós éramos uma família muito unida, não havia briga entre nós dois e nos amávamos muito, ainda o amo muito, ele ficara para sempre em meu coração.
- Entendo. Sinto muito pela sua perda, seu como é doloroso. Perdi minha mulher em um acidente de carro há muitos anos. Nós também éramos muito felizes. Mas, não vamos fugir do assunto e nem do que viemos fazer aqui.
- Sim, vamos logo ao que interessa. – Disse Susie.
- Bom, eu fiz algumas pesquisas – Ian parou e retirou do bolso algumas folhas de papeis amaçados - talvez possa ajudar em alguma coisa.
- Deixe-me ver – Susie pegou um dos papeis e começou a ler – Em 1964, uma família vivia numa casa distante do centro da cidade de Nortevelly, quando o um dos empregados da casa se acidentou, os vizinhos diziam terem ouvido gritos e fumaça saindo da casa, ao que tudo indica, ouve um incêndio e infelizmente a vitima acabou falecendo. – Susie lia em voz alta e tentando entender o que significava tudo aquilo.
- Taylor me disse que você estava tendo pesadelos e sensações ruins a respeito dessa casa, então resolvi puxar bem fundo no passado dessa cidade, onde tudo começou. Essa casa foi construída pela família Hamlet, não está escrito, mas pelo que pude deduzir o acidentado era parente da família, se chamava Antony Hamlet.
- Mas, como ele morreu? – Perguntou Susie
- Ele teve noventa e cinco por cento do seu corpo queimado, principalmente o rosto, dizem que ele ficou irreconhecível depois do acidente. A família se lamentou muito, tanto que venderam a casa para outra família que eu não consegui encontrar, mas certamente também morreram. Não sei como vocês se mudaram para cá e nunca ficaram sabendo de nada parecido com isso. E sinceramente, Susie. Não sei como vocês ainda estão vivos. – Ian fez uma pausa observando a expressão de espanto e tristeza no rosto de Susie – Pelo que pude perceber, todos que vivem nessa casa acabam morrendo também, depois da morte de Antony Hamlet. A morte dele também é um pouco de mistério, pois nenhum site soube explicar como exatamente ele morreu. Acho que nossas respostas não estão em site nenhum e sim na família Hamlet, precisamos saber se existe alguém filho do filho do antigo dono dessa casa.
- Nós nunca vamos descobrir isso, ele pode estar em qualquer lugar do mundo. – Disse Susie 
- Bom, eu acho que se procurarmos mais um pouco iremos encontrar. Eu procurei no site de busca sobre a família Hamlet e descobri que há um deles vivendo em Kansas City nos Estados Unidos. Se quisermos saber melhor sobre isso teríamos que ir ate lá conferir.
- Eu não posso simplesmente sair daqui e ir para os Estados Unidos conferir uma história que pode até mesmo ser somente boatos, histórias para assustar as crianças, eu tenho uma situação financeira não muito boa depois da morte de meu marido. Vamos ter que nos contentar com essas histórias ai mesmo.
- Você tem certeza de que não quer ir fundo nessa história, Susie? – Perguntou Ian.
- Olha, tenho medo de estar perdendo todo o meu tempo nisso, eu não vou deixar meus filhos e minha vida aqui em Nortevelly para ir para Kansas, não sei oque vou encontrar lá exatamente e estamos indo atrás de alguém que não conhecemos e não sabemos nem ao menos o endereço dessa pessoa.
- É verdade, você tem toda a razão, isso é loucura. – Ian desamassou outro papel – Mas, não era só isso, em um site eles disseram que sabem ate mesmo onde Antony está enterrado. Eles disseram que não foi um acidente o que aconteceu com ele. Um vizinho da época deu um depoimento para um jornal em 1964 um pouco depois do ocorrido, ele disse que a família Hamlet eram os piores vizinhos que alguém podia ter. Sempre havia brigas ali, o casal sempre andava gritando e se batendo, os filhos não combinavam e gritavam também, era um inferno o dia todo. Ás vezes alguém chamava a policia, mas sempre se acertavam e diziam que estava tudo bem, e que era uma família muito feliz. Todos sabiam que não e que havia coisas muito estranhas acontecendo ali. Mas, naquela época ninguém cuidava da vida de ninguém e tudo era normal e tranquilo.
     “Antony Hamlet era sempre muito prestativo e ninguém conseguia entender o que exatamente ele fazia na casa, ele dizia que cuidava da situação financeira da família, era como um cooperador. Não trabalhava na cozinha, mas sempre estava a par do cardápio. Não trabalhava como motorista, mas sempre sabia aonde a família ia. Era sempre muito prestativo, mas fazia parte da família e ele não tinha razões para trabalhar ali. Em minha opinião, ele só precisava de um emprego e acabou que sua família rica o ajudou. O que não se consegue explicar é como e porque ele morreu desse jeito.” 

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