15

0 0 0
                                    

Susie chegou a sua casa e já passava das duas da manhã, não pensava em outra coisa a não ser sua cama.
    O sono e o cansaço tomou conta de todo o corpo dela, agora ela subia as escadas quase se arrastando. Certamente estão todos dormindo. Susie abriu a porta do quarto e foi direto para sua cama, caiu em cima das cobertas jogando a mochila no chão, em menos de minutos Susie já havia apagado em um sono profundo.
    Susie acordou na madrugada, suada e cansada novamente, mas dessa vez não por causa de seus pesadelos e sim por uma forte dor que começava nas costas e iam descendo até a cintura. Era uma dor insuportável que a fez se encolher em suas cobertas e apertar a barriga com força para aliviar a dor. Inútil. Susie mordeu os lábios e fechou os olhos bem forte já não aguentando mais de tanta dor.
    Ela tentou se levantar, mas a dor era muito forte e então caiu no chão se encolhendo. Susie gemia no chão cravando as unhas nas mãos. O homem de seus pesadelos passou pela sua cabeça, a imagem dele veio imediatamente em sua mente que a fez sentir muita raiva e ao mesmo tempo medo.
    Susie tentou gritar por ajuda, mas as pontadas conseguia deixa-la muda. A dor estava muito forte, ela sentia todo seu corpo adormecido e formigando, já não sentia nada mais abaixo da cintura. Imóvel e incapaz de gritar, Susie começou a perceber tudo ao seu redor apagando, o pouco de luz da lua que clareava o quarto escuro agora estavam escurecendo ainda mais.
    
                                                                   
      Ela estava acompanhada em uma festa de época, mulheres com vestidos longos e corpetes e homens muito bem vestidos dentro de um terno. 
     Havia várias mulheres com vários vestidos diferentes, alguns mais elegantes do que os outros. Susie notou que também usava um vestido no mesmo estilo, cor de rosa com branco. Seu corpete estava a sufocando, mas mesmo assim, estava mais bonita do que quando estava casando.
    Susie não conseguiu visualizar ou memorizar quem estava ao seu lado com os braços enlaçados aos seus. Estou em mais um de meus sonhos. Constatou Susie olhando para todos os lados do salão enorme e confortante.
   Havia uma música tocando enquanto alguns dançavam uma dança muito lenta. Ela estava um pouco confusa até que a pessoa ao seu lado segurou sua mão direita enluvada e a puxou para o meio do salão em uma tentativa de convidá-la para dançar e que ela aceite. Susie por alguma razão não conseguia evitar, acompanhou-o até o centro e eles começaram a dançar no ritmo da dança. Era mais ou menos um passo para lá e outro para cá. Olhando bem para o rosto dele, percebeu que era Josh. Ele sorria para ela, e ela sorria de volta quando o reconheceu. Ele a rodou fora de seu corpo dando várias voltas segurando-a somente por uma de suas mãos. Voltou-a para seu corpo em um impacto fazendo com que Susie parasse de dançar e olhasse bem nos olhos dele.
   Não era Josh que a conduzia dessa vez. E sim uma pessoa desconhecida, um homem alto e magro. Tinha olhos negros e medidas de um modelo, era um rapaz muito bonito, não muito mais jovem do que Susie. Ele sorriu e Susie arrepiou-se. 
    Nunca tinha sentido nada por ninguém desse jeito a não ser pelo Josh, era uma atração estranha, física, e ao mesmo tempo parecia que já o conhecia.
- Madame? – disse o homem com uma delicadeza única. Ele olhava desconfiado e duvidoso para Susie que não conseguia dizer nada. – Algum problema, senhorita? – O rapaz a soltou de seus braços um pouco sem jeito.
- Hum, eu... – Susie gaguejava perdida em seus olhos, envolvida com sua doce delicadeza e educação que a deixava surpresa. Nunca conhecera alguém como ele, com aqueles olhos e aqueles lábios rosados sorridentes. – Eu só...
- Está tudo bem – disse ele interrompendo-a – Eu devo ter pisado em seu delicado pé enquanto dançávamos, eu sinto muito por isso, eu sou um bobo desajeitado. O que posso fazer para compensa-la, minha cara? – Seu sotaque era muito sedutor, que fez com que Susie estremecesse.
    Susie se sentiu tonta por um instante e a imagem do rapaz bonito e delicado desapareceu de sua frente em um instante. 
    Ela agora sentia seu rosto gelado e um vento frio corria pelos seus ombros descobertos. Abriu os olhos e enxergou uma escrivaninha alguns centímetros, encostada na parede. Ela estava deitada no chão agarrada a seu próprio corpo, a dor insuportável havia passado e Susie estava em dúvidas se sua dor era real ou simplesmente algo de sua mente. 
   Confusa, levantou-se e deitou na cama novamente, adormecendo.
   
   
    O dia amanheceu com sons de pássaros cantando, mesmo sendo um dia cansativo para ela, parecia ser ótimo para um passeio. 
    Susie tentou se levantar, mas seus olhos se recusavam a abrir e suas pernas não se moviam por causa do cansaço. Foi uma noite longa, pensou Susie, e uma ótima dança também! Ela então abriu os olhos em um sorriso se lembrando da noite anterior, do homem com quem dançava. Um sonho, foi apenas um sonho, lembrou-se. Seu sorriso se transformou em uma careta de desaprovação, como poderia ser apenas um sonho algo tão real como aqueles olhos? 
   Não. Droga!
   Susie desceu as escadas em direção à cozinha. Foi em direção à geladeira e pegou uma garrafa de leite quase vazia.
   Enquanto tomava seu café da manhã, começou a sentir novamente uma forte dor da barriga. Meu bebê pensou Susie. A dor começou fraca e então foi ficando mais forte, sentiu suas pernas ficarem bambas e conseguiu alcançar a cadeira mais próxima. 
   Martha apareceu e logo percebeu sua mãe em seu estado.
- O que aconteceu? – perguntou Martha preocupada.
- Nada... – Susie quase não conseguia responder a pergunta da filha – Eu estou bem... É só um mal estar, vai passar logo.
- Não, mãe. A senhora precisa se deitar, eu vou ligar para o médico. – Mesmo com a situação financeira da família um pouco comprometida, Susie ainda havia um convenio médico agora pago pelo governo, assim quando precisavam de alguma emergência como agora sempre ligara para a doutora. – Venha, vamos até o quarto.
   Susie se repousou na cama ainda sentindo muita dor. Percebeu que a cama ficara um pouco úmida demais e seu jeans agora estava molhado. Olhos por baixo do lençol e percebeu um sangramento.
- Meu Deus! – exclamou Susie arrependida de ter dito em voz alta.
- O que? – disse Martha puxando o lençol da mão de sua mãe, percebendo seu espanto. Martha olhou incrédula e soltou um grito de espanto. – Deus! Preciso ligar para sua médica agora mesmo – Martha pegou o telefone e começou a discar, enquanto Susie não conseguia pensar em outra coisa a não ser seu filho.


    A médica era muito velha e tinha um cabelo acinzentado, olhos enrugados e uma aparência nada boa. A doutora examinava Susie, que agora já chorava de medo e de dor. 
- Então Susie – a médica era muito baixa para sua idade já avançada e tinha um sorriso que parecia estar sempre ali em qualquer ocasião, o que deixava Susie um pouco mais calma – Você quer a boa ou a má notícia? – Susie olhou para ela e estava com muito medo da resposta das duas perguntas. Se perdesse o bebê, mais um membro da família, agora, tudo iria voltar como alguns meses atrás. A depressão. Os remédios controladores. E toda aquela pressão que ela sofria vindo de todos os lados, o que não ajudava em nada. Nada e nem ninguém podia amenizar sua dor pela perda de seu marido. 
    Susie não sabia o que responder, o seu medo era maior do que qualquer coisa ali naquele quarto.
   Não podia perder o bebê. Não queria. Estava ligada a ele, de alguma maneira. Ele fazia parte dela era como se eles fossem apenas um.
   A doutora percebeu o estado de Susie e então respondeu sua própria pergunta.
- Bom, eu analisei seu bebê e está tudo bem com ele – Susie sentiu um alívio muito grande quando ouviu a palavra bem – parece que tudo não se passou de um susto muito grande. Mas... – ela fez uma pausa, fazendo Susie se preocupar ainda mais. – você irá tomar muito cuidado Susie, seu bebê corre riscos...
- Riscos? – disse Susie finalmente – Que tipo de riscos? 
- Eu não posso dar-lhe o diagnóstico completo sobre isso, mas eu vou pedir para você ir ao meu consultório amanhã e eu vou lhe passar uma série de exames.
- Mas, o que irá acontecer com ele? – disse Susie.
- Eu saberei quando tiver os exames em mãos detalhados, por enquanto não posso dar nenhum detalhe sobre isso, sinto muito. – Ela parecia feliz com seu sorriso largo. 
   A doutora deixou um comprimido para Susie tomar antes de dormir para não sentir dores novamente durante a noite. Quando bateu a porta, Susie foi imediatamente olhar que tipo de remédios ela estava ingerindo. 
   Procurou pelo nome e a validade. Nada estranho ou diferente. Guardou-o na gaveta e foi se repousar em sua cama.


   Finalmente o dia amanheceu depois de uma longa noite de insônia e de pesadelos. Susie acordou cedo e se vestiu para ir ao consultório. Pediu para Martha tomar conta de Lori e saiu em seguida.
   O consultório ficava em Lockood mesmo, alguns minutos dali. 
   Andar pelas ruas de Nortevelly sozinha às vezes parecia muito difícil, Susie sempre se sente distante de tudo quando sai de casa assim.
   Ela entrou no prédio e subiu até o quinto andar. Em alguns minutos a doutora Valkirya chamou Susie para sua consulta particular.
- Como está? Sentiu dores de novo? – disse Valkirya 
- Não. – Susie se sentou, nem um pouco confortável. 
- Então vamos ver o que está acontecendo aqui. – A doutora pegou uma longa ficha e passou alguns minutos observando-a, o que só aumentava o medo e a angústia de Susie. – Bom Susie.Vou começar pelos seus exames, preciso que você vá até o banheiro e faça um exame de urina para mim. Aqui está um potinho para seu uso. – A doutora entregou a ela um copo bem pequeno embalado em um saco plástico. Susie pegou o potinho e se dirigiu ao banheiro.
- Eu preciso enchê-lo? – Perguntou Susie antes de entrar ao banheiro.
- Não exatamente, só preciso de um pouco de amostra desse exame.
   Susie entrou ao banheiro e minutos depois entregou a doutora Valkirya o potinho com a amostra. Ela pegou e levou até uma sala ao lado, enquanto Susie esperava.
    Quando voltou disse que precisa de mais um exame, agora era de sangue. Susie fez todos os exames pedidos, alguns mais desconfortáveis do que o outro.
- Deite-se aqui, vamos fazer um ultrassom – Susie se deitou e logo sentiu um gel gelado em sua barriga. Com pequenas massagens, a doutora analisou o bebe. No visor Susie conseguiu ver somente riscos negros. – Quantos meses você está? – Perguntou Valkirya a Susie sem tirar os olhos do visor.
- Três. – Susie pensou mais um pouco e mudou sua resposta – Dois.
- Hum! – Respondeu Valkirya pensando em sua resposta. Ela retirou o liquido de Susie e pediu para que ela se cobrisse. – Olhe Susie – começou ela um pouco preocupada – eu não consigo entender o motivo – fez uma pausa – mas eu não vejo absolutamente nada... De errado com seu bebe. – terminou a frase sorrindo para o alívio de Susie. – Mas, temos que ver o resultado do seu exame de sangue apenas, agora só o restou.
Mas, eu acredito que não haverá problemas algum. – Susie sorriu de volta, despreocupada.
    Susie voltou para a casa para esperar os resultados do ultimo exame. Em todas as suas gravidezes, ela sempre tinha a sensação de que realmente estava grávida, sentia um carinho enorme pelo seu filho que ainda nem tinha nascido, mas dessa vez está acontecendo diferente. Ás vezes esquecia que estava grávida e não sentia absolutamente nada por aquele feto, a não ser seus enjoos e outros sintomas como toda grávida sente, e isso a deixava muito mais preocupada.

Segredos Da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora