One Mississipi

Dear No One

-O que aconteceu? - Shawn e eu nos afastamos depressa, cada um pulou para um lado quando ouvimos o barulho e as luzes se apagaram.

-Ellie, você tá bem? - estiquei o braço e peguei sua mão, mostrando que estava perto.

-Estou! O que será que aconteceu? - perguntei ligando a lanterna do celular e apontando para seu rosto.

-O vento deve ter derrubado alguma árvore e ela caiu no poste, derrubando a energia da escola.

-Vem, vamos sair daqui. - puxei-o pela mão em direção a porta.

-Não dá! A biblioteca tem um mecanismo de segurança, tem que ser alguém de fora para abrir a porta.

-Puta merda!- reclamei enquanto puxava uma das cadeiras.

-Fica aqui, vou procurar a luz de emergência e o número do vigia. - Shawn foi em direção a nossa sala enquanto eu fiquei sentada, torcendo para que lembrassem dos dois pobres coitados da biblioteca.

-Pra que serve uma luz de emergência se ela não funciona em um momento como esse? - pensei alto enquanto batia com as unhas no tampo da mesa, o som ecoando por toda a biblioteca.

-Para com essa merda!!! Não consigo me concentrar. - Shawn gritou da nossa sala me fazendo rir.

Eu continuei batendo as unhas devagar, quando percebi estava cantarolando uma música minha: Dear no One.

I like being independent

Not so much of an investment

No one to tell me what to do

I like being by myself

Don't gotta entertain anybody else

No one to answer to

But sometimes, I just want somebody to hold

Someone to give me their jacket when it's cold

Got that young love even when we're old

Yeah sometimes, I want someone to grab my hand

Pick me up, pull me close, be my man

I will love you till the end

Um barulho muito alto me assusta e paro de cantar, levantei correndo e fui até a sala onde Shawn estava, assim que cheguei a porta vejo-o mancando e indo sentar-se no sofá.

-O que aconteceu, Mendes? - sentei ao seu lado, vendo o massagear a canela.

-Eu me distrai e bati na mesa. - pela cara que ele fez a pancada foi forte.

-Não tem nada aqui para você se distrair Shawn! Você que é tapado mesmo. - dei um soquinho em seu braço.

-Você me distraiu! - ele olhou fundo nos meus olhos. A sala estava iluminada por duas pequenas lanternas mais os nossos celulares, eu conseguia ver o seu rosto na penumbra e ele parecia tão mais leve, relaxado. - Você é.... Você!

-É mesmo? Jurava que eu era outra pessoa! - revirei os olhos

-Deixa eu explicar: há umas três semanas atrás, eu tive que voltar aqui na escola para buscar um caderno...

-Essa história é para me fazer dormir? Porque ta funcionando! - me espreguicei

-Me escuta, é sério! Eu voltei aqui e quando cheguei perto da sala de música ouvi alguém cantando essa música—Shawn cantou um pedacinho do meu refrão. Deus, como eu amo a voz desse menino!