Após andar por horas, Oya, Alamoju e Egungun se cansam e resolvem sentar debaixo de uma larga árvore para descansar um pouco.
- O que tem em sua trouxa?- pergunta Oya para Alamoju
- Bem, umas nozes e um presente de Osùn para meu filho. - ela responde
- Divida essas nozes conosco, por mais que seja pouco, precisamos de pelo menos um pouco de força para continuar nosso trajeto. - pede Oya
- Claro - diz Alamoju abrindo e fuçando sua trouxa, percebendo que já não havia nada dentro dela.
- AH NÃO! - grita Alamoju com muito desespero
- O que foi? - Pergunta sua mãe preocupada
- NÃO TEM MAIS NADA AQUI DENTRO, NADA! EU PRECISO ENCONTRAR TUDO -
Alamoju então resolve ir atrás das nozes e principalmente do brincos perdidos pelo caminho.
- Fiquem aqui, eu já volto. - diz Alamoju
Alamoju sai correndo, deixando sua mãe e irmão pra trás. Seus passos são largos e fortes. Ela nunca correu tão rápido assim em toda sua vida.
Agora a senhora está sentindo? O cheiro ... - pergunta Egungun
- Estou! É ikú, a própria morte- responde Oya
Conheço bem.
Um pouco ainda na vista de sua mãe e irmão, Alamoju tropeça caindo no chão e rolando até bater em uma árvore. Oya consegue ver a cena e sai correndo atrás de Alamoju. Chegando lá, vê em pé, próximo à sua filha um esqueleto com restos de carne podre espalhadas pelo seu corpo, usando uma espécie de manto preto arroxeado para lhe cobrir, era Ikú.
As pernas de Alamoju estavam ensanguentadas, todo o chão também. Ela sabia o que era isso.
Alamoju perdeu seu filho.
Alamoju desacordada por conta de todo o sangue que perdeu, ainda não fazia ideia do que estava acontecendo.
De repente Ikú desaparece levando consigo uma pequena alma de um corpo quase não formado em seu colo. Era o filho de Alamoju, agora um pequeno Egun sendo encaminhado ao mundo dos mortos.
- OBALUAYE! OBALUAYE! - gritava Oya desesperada e repetidamente
O chão começou a tremer e voava punhados de terra para todo os lados, era o rei, era o dono da terra e das doenças, era Obaluaye.
- Me chamou, Oya? - pergunta Obaluaye
Obaluaye até pouco tempo atrás era uma simples pessoa, como Oya, Alamoju e os outros, até se tornar um Orisá por conta de todas as coisas pela qual ele passou em vida. Agora ele é um deus, um ser imortal que vive no orun e vêm ao aiyè cuidar de seus filhos.
Ele cuida das doenças e lepra, isso por ter nascido muito doente. Por conta disso, foi abandonado por sua mãe - Nanà, a mais velha dos Orisás - e recebeu todos os cuidados por Yemonja, a rainha das águas salgadas, agora também um Orisá.
- Chamei! Minha filha está sangrando, preciso de sua ajuda, Obaluaye - pediu Oya chorando
- Ora, não posso lhe ajudar com isso, isso não é uma doença, chamarei meu irmão, ele cuidará disso. - falou Obaluaye
Obaluaye começou a esfregar umas folhas verdes que encontrava no chão e então começou a assobiar. Essa era a forma que ele usava para chamar seu irmão Ossayn.
- Kolofé Sakpata. - falou Ossayn, surgindo de um arbusto
- Ora, meu irmão, chama-me de Obaluaye, estamos em terras Ketu - disse Obaluaye sorridente - Ou prefere que eu lhe chame de Agé por aqui também? -
- Ah, perdão Obaluaye, deixemos pra te chamar de Sakpata em nossas terras Fon, certo? Chama-me de Ossayn mesmo. O que precisa? - perguntou
- Olorun Kolofé Ossayn - respondeu Obaluaye, abençoando Ossayn - Eu e Oya precisamos que você cure essa pobre menina desfalecida e ensanguentada aqui no chão - pediu
- Não há problema algum... - disse Ossayn
Ossayn preparou um banho e um chá com diferente ervas para banhar e dar de beber à Alamoju, ele garantia que aquilo iria lhe ajudar, afinal, era quem comandava e cuidava de todas as plantas, ervas e tudo de verde que podemos encontrar.
Alamoju acorda, ainda um pouco zonza. Oya fica feliz com o digno trabalho de Ossayn
- Não sei como agradecer à vocês dois. -
- Ah Oya, sabe que pode contar sempre comigo. - disse Obaluaye
- Até mais ver. - Se despediu Ossayn
<continua>
KOSI EWÈ, KOSI ORISÁ - NÃO TEM FOLHA, NÃO TEM ORISÁ
PRESERVE A NATUREZA! Olorún Modupè
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OYA - A mãe dos nove filhos
SpirituellesAlamoju, filha mais velha dos nove filhos de Oyá, encarregada de cuidar de seus irmãos, conta a história de sua mãe, de como a encontrou e de como conseguiu reunir tudo isso com a ajuda de muitas pessoas que esbarraram pelo caminho de Oyá. Tudo isso...