MÃE!

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Se aproximam de sua velha e humilde casa. Alamoju grita por Idá e ele não acredita no que vê. Era ela, Alamoju o amor de sua vida. E... Oya, aquela que estragou e destruiu tudo o que tinha, sua mãe.

- ALAMOJU! Você não faz ideia do quanto eu senti sua falta. Você não faz ideia de quanto eu ouvia sua voz e pensava em você e no nosso filho. - diz Idá eufórico logo se aproximando da barriga de Alamoju. Ele se espanta.

Ela não estava mais grávida.

- Eu posso expli... - Alamoju tenta dizer, mas começa a chorar.

- Calma! Entra, deita, te faço um chá. Você precisa descansar. - ele pede

- Prazer, acho que não fomos apresentados. - diz Oya para Idá

- Na verdade, ainda bem. Lembro de você enfiando aqueles chifres podres na minha mãe. Lembro dela caindo e o sangue dela jorrando nesse barro dessa aldeia suja como você. Lembro da sua pele, lembro do seu rosto, lembro da sua voz e do seu cheiro, seu cheiro de bicho! Não temos o que conversar - diz Idá e entra para cuidar de Alamojú

Oya com seu temperamento forte se estressa logo de cara. Seu sangue ferve e suas carnes tremem. Por ela, ela avançava em Idá ali mesmo, mas pensou duas vezes, só por causa de Alamoju.

Ela entra e lá estão: seus outros 7 filhos que ficaram. A aldeia estava em silêncio, só se escutavam as crianças de dentro da casa de Oyá pulando, gritando e indo abraçar a mãe.

Oya não desperdiça nenhum segundo.

- Amor, você não sabe o quanto pedi pra Yemonjá cuidar do meu ori para que eu não tivesse pensamentos ruins sobre o que poderia ter acontecido com você. Eu só queria acreditar que você estava bem. A força dos Orisás realmente nos renova. - disse Idá

- Falando em Orisá! Eu bem conheci um pessoalmente, cara-a-cara. Carne e osso. - Disse Alamoju animada para Idá

- QUEM? - ele pergunta ainda mais animado

- ESÚ! Ele é amigo de minha mãe - Alamoju começa a contar todas suas histórias para Idá

Passam-se alguns 20 dias. Idá e Oya aprendem a conviver e não se odiar tanto assim.

Oya aproveita cada segundo com seus filhos e retoma seu espaço de aldeã. Os outros moradores passam a entender que as pessoas tem seus motivos para tomarem certas atitudes. Ainda não estão satisfeitos na presença de Oya, mas acreditam que ela possa viver tranquilamente com eles.

Dentro de casa, Alamoju afia suas facas como de costume, Idá mostra novos movimentos que aprendeu, e Oya está contando histórias para seus filhos, quando de repente, na entrada...

- Ora, ora... que família feliz. Vocês não acham que falta alguém? Cadê o pai da família? Está bem aqui!- ele ri -Sentiu minha falta meu amor? -

OGUN!

OYA - A mãe dos nove filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora