O Búfalo

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[...]

- Você sabe onde minha mãe está?- pergunta Alamoju muito animada

- Ah, Alamoju... Ela andou tanto que conseguiu ir até o enorme Reino de  Oyó e voltar e ele é bem longe... - Osùn foi rapidamente interrompida

- Voltar? ELA ESTÁ AQUI?- pergunta Alamoju completamente alterada, mas de uma forma boa

- Não, Alamoju, não sei bem onde ela está com toda certeza, mas sei que longe ela não está, aliás, ela pode estar bem perto. Ela nunca está muito tempo no mesmo lugar. Acho que você deveria ir logo atrás dela, quanto mais rápido melhor. Ande, pegue água aqui no rio e vá.- mandou Osùn

Alamoju encheu suas garrafas e se ajoelhou aos pés de Osùn agradecendo-lhe pela ajuda.

- Cuide dessa criança, não se esqueça dos brincos... muita sorte em sua caminhada, e muito cuidado. Aprenda com sua mãe, não confie em ninguém- Disse Osún acariciando a barriga de Alamoju e beijando sua testa.

- Obrigada, mãe Osùn. Sei que estará olhando pela minha criança. Até mais ver.- Alamoju disse e continuou sua caminhada.

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| Narrado Por Alamoju |

Fiquei feliz por ter conhecido Osùn. Ela é linda e me ajudou tanto. Depois de tudo o que ela me falou, sinto que estou bem perto da minha mãe. Não sei qual será minha reação quando encontra-la. Não sei se ela vai me reconhecer ou me amar... sinto medo dela não querer voltar. Será que ela ainda é a mulher de antes?

Eu ainda prosseguia beirando sempre o rio para saber como voltar. A minha comid já estava ficando totalmente escassa, eu só tinha duas frutas, até que uma apodreceu e eu precisava poupar a outra para algum momento de muita fome.

Deitei de baixo de alguns arbustos para poder descansar e no alto da madrugada sinto fortes pingos a me acordar... estava chovendo.

Me enrolei naquele grande pano que levei, amarrei minha trouxa e sai correndo em busca de algum lugar que me protegesse melhor da chuva que a cada passo parecia que estava mais forte.

Eu estava com muito medo de correr, afinal, acho que isso não deve fazer muito bem ao bebê. Encontrei uma arvore com um buraco, era um tronco totalmente oco e resolvi passar o resto da minha noite ali.

Quando ao nascer do sol eu acordei, vi que atrás de alguns matos um homem estava a me observar. Assim que ele percebeu que eu acordei e vi que ele estava me observando, sumiu num instante para dentro da floresta.

Eu só tinha uma fruta e mais algumas poucas nozes. Eu precisava me alimentar, ou colocaria minha saúde e a de meu filho em risco.

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| Narrador |

Mais dois dias se passaram e Alamoju já não tinha nenhuma comida. A chuva que lhe atrapalhou todos esses dias, a impedira de sair do tronco da árvore para pegar água no rio, fazendo-lhe ter que beber água da chuva mesmo.

A chuva lhe impedia de andar, e de ir atrás de comida. Alamoju tinha que comer insetos que passavam por ela. Ela já estava muito cansada e completamente sem esperanças de encontrar Oya. Chegou a pensar que passaria o resto de sua vida procurando por sua mãe sem sucesso.

Alamoju estava completamente fraca por sua falta de comida, ela só sabia chorar e pedir a Olorun que cessasse a chuva, até que depois de muito pedir, a chuva finalmente parou. O chão encharcado e as folhas que ao se balançarem jorravam finos pingos, revelavam que o clima já não estava tão quente como antes.

Alamoju continuou andando (quase se arrastando) e comendo insetos até que anoiteceu e ela já não aguentava mais andar sem sucesso.

Ela caminhava em direção ao rio ao encontro de água para banhar-se até que escutou um forte e veloz barulho atrás de si. Parecia que algo corria de um lado pro outro.

Alamoju parou e tentou virar-se, mas desistiu assim que ouviu uma respiração muito profunda de um grande animal. Ela não conseguia mexer-se. Fechou os seus olhos e sentiu a respiração do animal bem mais perto. Quando abriu seus olhos, viu na direção do rio um animal a observar-te....

um enorme bufálo.


OYA - A mãe dos nove filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora